O PARADIGMA DE ASSIS
Faustino Teixeira
PPCIR-UFJF
A Jornada Mundial de Oração pela Paz, realizada em 1986 na cidade de Assis (Itália), constitui um marco fundamental no campo do diálogo inter-religioso. Pela primeira vez na história, inúmeras lideranças religiosas mundiais encontram-se para juntos rezar e testemunhar a natureza transcendente da paz. Os que participaram da experiência são unânimes em afirmar o seu caráter extraordinário. Na opinião do Dalai Lama, o encontro de Assis resultou extremamente benéfico, pois “simbolizava a solidariedade e um compromisso com a paz demonstrado por todos os que participaram”. Ao mencionar o evento, João Paulo II afirmou que a sintonia de sentimentos que ali ocorreu provocou a vibração das “cordas mais profundas do espírito humano”. Ali estavam, lado a lado, os cristãos das várias Igrejas e comunidades eclesiais e representantes de outras tradições religiosas, como companheiros no caminho comum, em atitude de oração, jejum e peregrinação.
O paradigma de Assis, revelador de uma nova perspectiva dialogal para as religiões, retoma sua atualidade neste momento particular da conjuntura eclesial, marcado pelos complexos desdobramentos da Declaração Dominus Iesus, publicada pela Congregação para a Doutrina da Fé em setembro de 2000. Esta Declaração harmoniza-se com uma tendência muito presente no atual campo religioso católico, marcado pela afirmação da identidade com ênfase na centralidade do anúncio explícito. O novo “entrincheiramento identitário” revela um temor polifônico: do relativismo, do indiferentismo, da desubstancialização da fé, de uma nova reforma na Igreja. Mas também o medo das conseqüências e implicações teológicas de uma maior aproximação com outras comunidades de fé. De modo particular, o receio de descobrir que Deus possa falar de formas diversificadas, enquanto dom de gratuidade e surpresa permanente.
I - A singularidade do evento
A importância e novidade do evento de Assis foi expressa de forma significativa tanto pelos participantes como pelos observadores e analistas. Representou, de fato, uma novidade e uma iniciativa histórica de grande alcance. Superando a intenção de seus protagonistas e ultrapassando o seu invólucro empírico, o evento de Assis representa um “gesto sem precedente” , um acontecimento extraordinário e único, que carrega consigo um explosivo poder simbólico. Para o cardeal Willebrands, então presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos, a jornada de Assis significou “o evento ecumênico mais marcante depois do Concílio Vaticano II”. No convite feito pelo papa aos líderes das diversas Igrejas e das diversas tradições religiosas, estava implicado um “ato”, um “gesto” que, para além das palavras, marcava uma mudança de perspectiva nas relações ecumênicas e com as outras religiões mundiais. Inaugurava-se um “ecumenismo planetário”, expressão cunhada pelo teólogo dominicano Marie-Dominique Chenu, em sua reflexão sobre o encontro.
A iniciativa de Assis favoreceu não apenas uma recepção criativa do Concílio Vaticano II, mas também o reconhecimento do valor das religiões para o mundo e um efetivo estímulo para a reflexão sobre o tema do diálogo inter-religioso. De forma novidadeira, homens e mulheres de tradições religiosas distintas se reuniram para testemunhar diante do mundo a “qualidade transcendente da paz”. O dado da convocação para o evento, traduzia já um significado simbólico único, um reconhecimento e aceitação da legitimidade das outras tradições religiosas no plano salvífico de Deus: um “reconhecimento dessas religiões e da oração em particular, um reconhecimento de que as religiões e a oração não apenas têm papel social, mas são eficazes perante Deus”. Não se restringindo a um fato isolado, a experiência de Assis guardava uma “força espiritual explosiva”, da qual brotaram “novas energias de paz”, com repercussões inéditas e provocadoras de novos caminhos dialogais.
1. Os passos do evento
A Jornada Mundial de Oração pela Paz foi preparada com antecedência, sendo o seu primeiro anúncio oficial realizado por João Paulo II, na homilia de fechamento da semana da unidade, em 25 de janeiro de 1986. Nesta ocasião, o papa manifestou o seu desejo de contribuir no movimento mundial de oração pela paz, e anunciou a idéia de um encontro de oração em favor da paz na cidade símbolo de Assis. Nos trabalhos de preparação do evento, teve um papel importante o cardeal Roger Etchegaray, presidente da comissão Justitia et Pax, que coordenou os comitês para o encaminhamento das tarefas. Vale destacar que num primeiro momento, o desdobramento dos trabalhos esteve a cargo de organismos “menores” da cúria romana, em diálogo com o papa. Dos 124 participantes oficiais, que responderam ao convite de Roma, estavam representados 62 cristãos e 62 membros de outras tradições religiosas. Dentre os cristãos, 12 eram de confissão católico romana, e os não católicos representavam 13 Igrejas de tradição ortodoxa e outras 13 de famílias reformadas. As religiões tradicionais da Ásia marcaram sua presença de forma significativa, sendo os budistas os mais numerosos. A representação do islã foi mais discreta, bem como a do judaísmo, restrita a alguns membros da comunidade israelita de Roma. Representando as religiões tradicionais da África e da América estiveram presentes cinco membros.
O grande objetivo da jornada vem destacado por João Paulo II na mensagem de acolhida em Santa Maria dos Anjos, no dia 27 de outubro de 1986. Trata-se sobretudo de um “sinal eloqüente do compromisso de todos em favor da paz”. A presença de tantos líderes religiosos do mundo inteiro, que se reúnem para rezar em favor da paz, constitui por si mesmo um convite a uma nova consciência mundial, uma expressão de atenção das religiões ao bem da humanidade. O papa sublinha que a iniciativa proposta não significa a busca de um consenso religioso, concessão ao relativismo ou negociação das convicções de fé singulares, mas trata-se de uma busca comum, mesmo na diversidade, das motivações espirituais mais profundas para a realização de uma paz verdadeira. O evento vem definido como uma jornada de oração, acompanhada pelo silêncio, a peregrinação e o jejum.
A dinâmica da jornada dividiu-se em três momentos específicos, introduzidos ou concluídos com um discurso papal. O momento inicial foi marcado pela acolhida do papa aos participantes do evento na Basílica de Santa Maria dos Anjos. Em seguida, as diversas delegações seguiram em silêncio para os diversos locais da cidade medieval destacados para as orações particulares de cada tradição religiosa. Ao momento de oração particular seguiu-se o tempo da peregrinação, quando os participantes partiram em cortejo, dos diversos lugares de oração, para o ponto de encontro de todos. Diante da Basílica de São Francisco se deu o terceiro e conclusivo ato da jornada. Depois de uma breve introdução feita pelo cardeal Etchegaray, as diversas tradições religiosas presentes se sucederam, uma após outra, apresentando a sua própria oração. A jornada vem concluída com um discurso do papa.
2. A unidade na oração
Um dos traços mais significativos que marcaram o evento de Assis foi o alcance macro-ecumênico da oração. Como bem salientou Claude Geffré, a oração, enquanto atitude fundamental do homem religioso “é mais universal que a fé explícita num Deus personalizado. Há uma linguagem universal da oração que transcende a diversidade das religiões do mundo”. Mediante a oração, os participantes do encontro puderam expressar de forma diversificada a presença viva de uma realidade última que a todos ultrapassa. Através da linguagem universal da oração, todos puderam fazer uma experiência de gratuidade e desapossamento. É verdade que houve uma preocupação permanente dos idealizadores de evitar qualquer forma de sincretismo religioso, e isto estava manifesto na fórmula escolhida para o encontro de Assis: “juntos para rezar” e não “rezar juntos”. Evitou-se fazer qualquer tipo de oração comum. No momento mais delicado do evento, quando todos estavam juntos diante da Basílica de São Francisco, cada grupo particular destacou-se do círculo comum para expressar sua oração em espaço reservado. As orações de cada grupo foram realizadas, uma após outra, enquanto os demais mantinham-se em atitude silenciosa de respeito.
A verdade, porém, é que para além das intenções dos idealizadores, o cenário que reunia as diversas lideranças religiosas das várias tradições indicava um novo sinal dos tempos. A nova imagem rompia com o peso histórico de séculos de intolerância, de lutas religiosas e antagonismos étnicos. A unidade estava sendo agora construída em torno da oração em favor da paz, uma unidade pontuada pelo horizonte do invisível, do mistério da alteridade partilhado por cada um dos presentes. Manifesta-se de forma patente a complexidade e a tensão entre a unidade indivisível do Ser e a multiplicidade de suas representações. O evento sinaliza um marco decisivo de respeito à alteridade. Cada tradição pôde se expressar com liberdade, e todos puderam estar presentes para compartilhar as experiências de oração, e os caminhos distintos mas nobres de se entrar em relação com o Ser Absoluto. Num dos momentos simbolicamente significativos, uma das lideranças religiosas hindus conclama a bendição do Grande Espírito sobre o papa, por sua iniciativa em reunir a todos nesta experiência de oração em Assis. Como ressaltou o teólogo Ernesto Balducci, “a Superstição ousava abençoar a Verdade e a Verdade permanecia humildemente em silêncio! Como na origem do mundo, o Espírito dos mil nomes vagava sobre o abismo”.
O simples fato de se encontrar com uma pessoa no momento de sua experiência de oração em atitude de respeito já indica uma consideração positiva de sua religiosidade, uma abertura para o reconhecimento da singularidade de sua relação cm Deus. O encontro de Assis significou um avanço ainda maior do que aquele expresso no Vaticano II, no Decreto sobre a liberdade religiosa. A novidade de Assis emergiu na dinâmica de encontro com o outro no momento mesmo de sua experiência religiosa. Neste encontro tornou-se visível o dado da unidade que subjaz na diversidade das experiências, como o próprio papa salientou posteriormente: “naquela jornada, e na oração que a motivou e foi seu único conteúdo, parecia que por um momento se expressava também visivelmente a unidade escondida e radical que o Verbo divino (...) estabeleceu entre os homens e mulheres deste mundo”. Assim como o reconhecimento de que “toda oração autêntica encontra-se sob o influxo do Espírito Santo”.
Um dos mais importantes documentos do magistério da Igreja católica sobre o diálogo inter-religioso, sinaliza a partilha das experiências de oração e contemplação como o nível mais profundo das formas de diálogo. Trata-se de um tipo de diálogo que propicia um “enriquecimento recíproco e cooperação fecunda na promoção e preservação dos valores e dos ideais espirituais mais altos do homem”. Mas mesmo neste nível de profundidade, há que ressaltar a permanência das diferenças. O que ocorre no nível da experiência mística é a consciência de uma “intensa confraternidade”, o que não significa esgotamento da possibilidade de partilha de novas e inusitadas riquezas espirituais. É o mesmo Deus que se vivencia, mas através de uma experiência diversificada. Apesar de todas as precauções tomadas, não se pode negar a presença de uma comunicação recíproca neste nível de profundidade na jornada de Assis. Não houve apenas um contato tangencial, mas o evento propiciou de fato uma proximidade existencial e espiritual que marcou os seus protagonistas.
3. O desafio da paz
Uma das contribuições fundamentais do encontro de Assis foi sinalizar a importância de uma ação comum das várias tradições religiosas na defesa e promoção dos valores humanos e espirituais. Destacou-se sobretudo o imperativo da luta em favor da paz. Neste campo ético transparece de forma precisa o encontro das religiões, suscitando, assim, uma nova “comunhão criatural”. O desafio da paz provoca para as religiões o imperativo de lutar em favor da sobrevivência da humanidade, por uma melhor qualidade de vida para todos. A luta em favor da paz constitui um desafio não apenas para núcleos restritos de especialistas o estrategistas, mas é uma “responsabilidade universal”. As religiões têm aí uma de suas contribuições singulares. Para além de suas diferenças, neste testemunho pela paz afirma-se um “fundamento comum” de responsabilidade na solução do desafio mais dramático de nossa época: “verdadeira paz ou guerra catastrófica”. A grande finalidade do evento, já sublinhada desde o início, foi de rezar pela paz, de acentuar o valor transcendente da paz, de conjugar todas as vozes para implorar a Deus este dom essencial.
II – Os temores e reações ao evento
O caráter pioneiro da jornada mundial de oração em Assis não aconteceu sem dificuldades e resistências bem precisas. Não é de se admirar que experiência assim novidadeira causasse perplexidade em setores diversificados. No antigo Código de Direito Canônico (1917) estava vedado aos católicos qualquer tipo de assistência ou participação ativa nos cultos sagrados não católicos (can. 1.258). Com o Concílio Vaticano II uma nova sensibilidade ecumênica e inter-religiosa foi aos poucos se firmando, mas as dificuldades com o diálogo e com a liberdade religiosa foram sempre notas dominantes na tradição católica, obstruindo uma recepção mais aberta para os novos sinais dos tempos. Não foi diferente com o encontro de Assis. Certos autores analisam as ambigüidades presentes no evento como expressão das aporias e contradições que sempre marcaram a relação entre o cristianismo e as religiões, inclusive no período do pontificado de João Paulo II.
O maior temor que envolveu a preparação e realização da jornada de Assis esteve relacionado ao sincretismo. Para fugir da crítica de sincretismo, evitou-se qualquer iniciativa que desse margem a uma oração inter-religiosa. As oposições mais decisivas, como salientou Marcelo Zago, apontavam justamente o temor do sincretismo, da mistura entre o cristianismo e as outras religiões e do risco de confusão entre a verdade e o erro. Daí o extremo cuidado dos organizadores em todas as etapas do evento, particularmente no terceiro momento, evitando qualquer traço ou forma que propiciasse uma interpretação equivocada.
Apesar de todas as precauções tomadas, as reações logo se manifestaram. Para o bispo conservador Marcel Lefebvre, que desde 1983 denunciava as iniciativas mais abertas de João Paulo II no campo do ecumenismo e do diálogo inter-religioso, o encontro de Assis significava uma “blasfêmia pública” e um escândalo: uma expressão viva da degeneração herética do catolicismo conciliar romano. Outras críticas, mais sutis, vieram de setores da cúria romana, igualmente insatisfeitos com o significado e as repercussões do evento. Em linha de continuidade com sua visão missiológica, expressa de forma viva no seu livro Rapporto sulla fede (1985), o cardeal Joseph Ratzinger não manifestou maior entusiasmo pela experiência: prefere manter uma “reserva mais que morna”. No campo mais especificamente teológico vieram outras vozes críticas, como é o caso do teólogo Henry van Straelen, para o qual o evento significou um evento marginal na Igreja.
As resistências que acompanharam e se seguiram ao evento, provocaram duas intervenções explícitas do papa, uma delas dirigida à cúria romana, em dezembro de 1986 e outra ao corpo diplomático reconhecido junto à Santa Sé, em janeiro de 1987. Na primeira alocução, João Paulo II lembrou aos seus colaboradores que o evento de Assis foi o acontecimento religioso mais seguido no mundo inteiro no ano de 1986. Assinalou que o encontro teve como único conteúdo a oração, considerada como um valor essencial para a paz. Sublinhou o caráter extraordinário do acontecimento, uma “ilustração visível” de todo o “empenho ecumênico para o diálogo inter-religioso recomendado e promovido pelo Vaticano II”. Para o analista mais atento, torna-se evidente que estes discursos do papa buscam justificar e “defender um princípio e uma experiência”, mas o clima da conjuntura eclesiástica vigente no período não favorecia uma recepção mais favorável ao evento nem uma garantia de sua continuidade histórica.
III. O evento de Assis: um paradigma e um sinal dos tempos
O encontro de Assis é paradigmático na medida em que traduz de fato uma ruptura profunda no posicionamento tradicional da Igreja católica no campo do diálogo inter-religioso. Apesar dos contornos estratégicos definidos para evitar embaraços, a experência em si traduz uma novidade única. E é esta novidade que causou e ainda causa a relutância de todos os integralistas, para os quais o mistério de Deus está aprisionado numa única experiência religiosa. Em sintonia com toda uma reflexão teológica contemporânea, o evento de Assis aponta para uma nova sensibilidade, bem como uma nova inteligência da radicalidade cristã, desafiada pelo pluralismo religioso. A diversidade religiosa deixa de ser vista como uma ameaça para a fé cristã, mas a expressão viva da riqueza multiforme do mistério de Deus.
Em linha de continuidade com o espírito e a dinâmica ecumênica e inter-religiosa do Vaticano II, o encontro de Assis serviu como marco para a afirmação de uma nova atitude de respeito para com as outras tradições religiosas. Nos discursos de João Paulo II este traço ficou bem evidenciado: o respeito pela busca diversificada do mistério de Deus, o reconhecimento do valor da obediência à consciência e da oração autêntica. E também a consciência profunda de uma unidade que subjaz na diversidade, uma unidade que é radical e determinante, mas que não apaga a consciência da presença de riquezas espirituais concedidas por Deus aos povos. O que ficou destacado no encontro de Assis foi a unidade profunda que anima todos aqueles que buscam na religião e nos valores espirituais a resposta aos grandes desafios e interrogações do coração humano, bem como uma comum aspiração pela paz como convocação universal. Os tempos e modos do diálogo entre as religiões são pontuados pelo mistério da “ paciência de Deus” e pela ação silenciosa e imponderável do Espírito, que vai abrindo corações e mentes no sentido da superação dos antagonismos para o enriquecimento recíproco. O encontro de Assis foi um pequeno mas significativo sinal de uma comunhão maior, “uma antecipação do que Deus quereria que fosse o curso da história da humanidade: uma viagem fraterna na qual nos acompanhamos uns aos outros rumo à meta transcendente que ele estabelece para nós”
A recente publicação da Declaração Dominus Iesus significou um abalo neste espírito de Assis. Com respeito aos documentos emitidos anteriormente pela Congregação para a Doutrina da Fé, não traz maiores novidades. Insere-se bem na dinâmica de “restauração”, animada pelo mesmo ímpeto identitário de cartas ou declarações anteriores deste mesmo dicastério romano. O impacto causado pela Dominus Iesus nos âmbitos seculares e religiosos expressa a dureza do tom que animou a sua redação. Mas reflete igualmente um temor polifônico: do relativismo, do indiferentismo, da desubstancialização da fé, de uma nova reforma na Igreja. Mas também o medo das conseqüências e implicações teológicas de uma maior aproximação com outras comunidades de fé. De modo particular, o receio de descobrir que Deus possa falar de formas diversificadas, enquanto Dom de gratuidade e surpresa permanente. Há uma nítida colisão da Declaração com espírito que animou o encontro de Assis e com os gestos dialogais de João Paulo II.
As dificuldades, resistências e empecilhos dificultam o avanço do diálogo inter-religioso, mas não impedem a sua afirmação na história. Trata-se de um dos traços mais importantes e essenciais para o nosso tempo. O diálogo não sufoca as convicções religiosas, mas desvela novas e inusitadas dimensões do mistério de Deus. Como afirmou João Paulo II, depois da publicação da Dominus Iesus, o espírito de Assis não pode se extinguir, mas deve “se expandir pelo mundo suscitando em toda parte novos testemunhos de paz e de diálogo”. É de paz e de diálogo que o mundo mais necessita neste tempo de acirramentos dos conflitos étnicos e religiosos, de uma relação mais autêntica com o Absoluto, propiciadora de mais vida e humanidade para todos. O espírito de Assis é um “dom providencial para o nosso tempo”, e deve servir de inspiração para uma maior audácia nos caminhos dialogais, “pois os homens e mulheres deste mundo, pertencentes a qualquer povo ou crença, podem descobrir-se filhos do único Deus e irmãos e irmãs entre si”
(Publicado na revista Concilium 3/2001 – em sete linguas)
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