Curso encontro das religiões- Casa do do Saber Rio - Novembro 2011






















DIÁLOGO ENTRE RELIGIÕES 



DESAFIO PARA A PAZ mUNDIAL 
FAUSTINO TEIXEIRA, MARCELO BARROS, JOÃO BATISTA LIBÂNIO E MARCO LUCCHESI 
4 AuLAS • 
O diálogo inter-religioso está entre os mais importantes desafios do século 
XXI. Em tempos marcados pela globalização e afirmação do pluralismo 
religioso, mas também pelos acirramentos identitários e pelas ameaças 
fundamentalistas, o diálogo reveste-se de uma urgência única. Não pode 
haver paz no mundo sem entendimento entre as religiões. O curso explora 
esse universo, destacando, em particular, o significado e a dimensão do 
encontro verdadeiro com o outro em tempos de diversidade religiosa. 
1 17 NOV > O DESAFIO DO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO 
FAuSTINO TEIxEIRA 
2 24 NOV >  A ESPIRITUALIDADE DO DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO 
MARCELO BARROS 
3 01 DEZ > A EXPERIÊNCIA DO ENCONTRO COM A ALTERIDADE 
JOÃO BATISTA LIBÂNIO 
4 08 DEZ > A POESIA MÍSTICA COMO FORMA DE DIÁLOGO 
MARCO LuCChESI 
FAUSTINO TEIXEIRA. Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade 
Gregoriana de Roma. Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência da 
Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), pesquisador  
do CNPq e consultor do ISER Assessoria (RJ). 
MARCELO BARROS. Monge beneditino, teólogo e escritor. É membro  
da Comissão Latino-Americana de Teologia da Associação Ecumênica 
de Teólogos/as do Terceiro Mundo (ASETT) e assessor das Comunidades 
Eclesiais de Base e de movimentos populares. 
JOÃO BATISTA LIBÂNIO. Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade 
Gregoriana de Roma. Foi professor de Teologia na PUC-Rio e atua no mesmo 
âmbito, como professor emérito, na Faculdade Jesuíta de Teologia e Filosofia 
(FAJE), em Belo Horizonte. É também pesquisador do CNPq. 
MARCO LUCCHESI. Escritor, professor da UFRJ, membro da Academia 
Brasileira de Letras (ABL). Publicou, dentre outros, o romance O dom do 
crime, o livro de poemas Meridiano celeste e bestiário e o de viagem Os olhos 
do deserto, obtendo o prêmio Jabuti, além de outros fora do país. 
QUINTAS-FEIRAS, ÀS 20H 
R$ 160,00 NA INSCRIÇÃO + 1 PARCELA DE R$ 200,00



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UM JEITO ‘PIANO-BAR’ DE SE AMAR

Olivia e Francis Hime transformam Café Pequeno em cabaré sentimental



FRANCIS E OLIVIA: no palco, o repertório do CD “Almamúsica


Almamúsica
Teatro Café Pequeno

Arnaldo Bloch


O que há de precioso no disco “Almamúsica” (Biscoito Fino) — no qual Francis e Olivia Hime se unem pela primeira vez num álbum só deles, agora lançado em show — é oclimão de piano-bar: dois apaixonados em bodas heterodoxas (46 anos de começo de namoro) a relembrar canções que tocaram o coração de um e de outro (separadamente) ou de ambos. Reproduzir no estúdio, em meio a takes e mais takes, taças imaginárias de champanhe a tilintar entre compassos de Vinicius, Tom, Chaplin, emanações de chansonnettesLyras ao vento, à flor da pele — é tarefa difícil: só possível quando a alma se põe a serviço da memória, e a memória a serviço do amor e da música, sem freios.

No palco, porém, de um pós-mambembe e capenga cabaré (no melhor sentido das palavras), no claustro cambaio do Teatro Café Pequeno, o carrossel sentimental de Francis e Olivia — manejado pelo realejo de Flavio Marinho, na direção — encontra, em sua estreia, paradoxalmente, um pouco mais de dificuldade de deslanchar com o vagar sereno e o moto de fantasia imagética que o disco transmite.

Nada que diminua as virtudes do espetáculo. Os tropeços em progresso vão construir, nos fins de semana em que durar essa temporada (até o fim de junho), uma “peça” cada vez mais delicada e harmoniosa, quando o casal, em seu boudoir decorado com rendas, acostumar-se à presença dos convivas que, já no sábado passado (a despeito de tudo o que se diz aqui), deliciaram-se com o medley de canções escolhidas a dedo para inflar corações.



“Coração” é a palavra-chave, repetida quase ad infinitum no verso inicial de “Minas Geraes” (Novelli/Ronaldo Bastos), que abre o disco e o show, qual um leitmotiv. Asequência, aliás, é recheada de vinhetas que se evocam umas às outras, numa matriz contínua, circular, em que a “Valsa de Eurídice” nos lança a Michel Legrand, ou a “lágrima clara sobre a pele escura” em “Desde que o samba é samba” (de Caetano e Gil, um dos últimos clássicos brasileiros do século XX) deságuam num“Smile” de Chaplin, pelas vias daquele poder que transforma dor em prazer, do qual o samba é o grande catalisador, selon la chanson.

Samba a que Francis alude na abertura do show quando cita todas as gerações, não importando quando o samba é samba ou é choro, baião, valsa ou balada quase pop (há um tocante “momento Lenine”): estão ali, Francis e Olivia, a homenagear aquilo que a música fez à alma deles, para muito além do virtuosismo (muitas vezes óbvio no piano navegante, oscilante, escorreito, guiado pelas arritmias da emoção de Hime) ou de todo o cuidado e carinho que Olivia pôs na voz ao preparar-se para essa festa intimista com que o Rio nos brinda.

Jornal: O GLOBO          Autor: 
Editoria: Segundo Caderno     Tamanho: 506 palavras
Edição: 1         Página: 3
Coluna:            Seção:
Caderno: Segundo Caderno   
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Habemus Papam, A indagação política de Nanni Moretti
É curioso como num grande festival as imagens vão dialogando entre si. Diferentes filmes revelam suas conexões. Michel Petrucciani, belo documentário de Michael Radford que ressuscita o gigante do jazz morto em 1999 - ele era anão, tinha problemas nos ossos e isso não o impediu nem de ser um grande artista nem um grande amante -, toca para o papa no Vaticano. A expressão de João Paulo II é de beatitude. Mas João Paulo morre na abertura de Habemus Papam, o novo Nanni Moretti, também exibido pela manhã, em Cannes.
A reportagem é  de Luiz Carlos Merten e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 14-05-2011.
O conclave reúne-se para eleger o novo pontífice. Dois ou três escrutínios vão eliminando os favoritos e aí se impõe a improvável candidatura desse prelado interpretado por Michel Piccoli. Do nada, ele ganha o primeiro plano, é eleito e, na hora de assomar à janela para fazer-se conhecer ao mundo, tem uma crise. O papa não quer assumir seu posto. A burocracia do Vaticano entra em pânico, um psicanalista é chamado para tratar do caso - e é interpretado pelo próprio diretorMoretti.
Homem - e artista - de esquerda, Moretti, naturalmente, não crê em Deus, mas isso não o impede de se aproximar com respeito do Santo Padre. Logo de cara, suas discussões com a Cúria são provocativas - a alma e o inconsciente são coisas diferentes, adverte um cardeal. A multidão, face à Praça de São Pedro, faz vigília, e suspense. O papa foge, perambula por Roma, invade uma trupe de teatro que representa Chekhov.
Seu sonho, ele revela, era ser ator. A religião, o papado, como o próprio Estado no mundo contemporâneo das imagens, são todos espetáculos. E o grande espetáculo de Habemus Papam é o seu elenco, com um Piccoli em estado de graça e um Jerzy Stuhr não menos admirável. Você sabem quem é. Esse ator e diretor polonês esteve em São Paulo há alguns anos, homenageado pela Mostra. Faz o assessor de imprensa que vela justamente pela imagem do Vaticano.
O papa, vagando anonimamente pelas ruas de Roma, evoca um antigo clássico deWilliam WylerA Princesa e o Plebeu, com a diferença que Moretti não filma um romance e sim uma indagação política e existencial. Seu filme, tão rico, desconcerta no desfecho. Haveria outro final possível? Habemus Papam exige reflexão, mas é certamente um dos acertos deste festival que recém está começando. Piccoli e Stuhr, magníficos - como Tilda Swinton, igualmente notável em We Need To Talk About Kevin, de Lynne Ramsay, como a mãe que não suporta o filho e ele se revela um "monstro". O festival desenha-se. Fora de concurso, Radford revive a arte de Petrucciani. Ele morreu cedo, aos 36 anos. Seu sonho irrealizado, conta uma das mulheres, era ter pernas para passear com ela na praia. Faltaram as pernas a Petrucciani, mas as mãos eram mágicas e, com elas, ele foi um grande da música.
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=43273
(Publicado no IHU  Notícias - 14/05/2011)




SHOW 

José Miguel Wisnik toca repertório com inéditas

O músico paulista José Miguel Wisnik se apresenta hoje à frente do piano, na Casa de Francisca (rua José Maria Lisboa, 190; tel 0/xx/11/3052-0547; R$ 53; livre), às 21h. Marina Wisnik, o baterista Sérgio Reze e o cantor Celso Sim fazem participações especiais.
O repertório inclui faixas inéditas do álbum "Indivisível", que será lançado ainda este ano. "Noturno do mangue", "Primavera, Verão, Comida e Bebida", "Cacilda" e "Tristeza do Zé" estão incluídas na apresentação.



http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq3001201116.htm
(Publicado na FSP de 30/01/2011)









HADEWIJCH

Direção: Bruno Dumont

Drama - 1h45 - 2009
(Faixa etária 14 anos)

Presença de Bruno Dumont e Julie Sokolowski em São Paulo e no Rio de Janeiro

Marcada pela fé extática e cega, Hadewijch, uma noviça, é mandada para fora do convento pela madre superior. Hadewijch torna-se Celine, uma jovem parisiense filha de um diplomata. O seu amor apaixonado por Deus, a sua raiva e o seu encontro com Yassin e Nassir a levam, entre a graça e a loucura, em caminhos perigosos.


"Impressiona ao contrário, pela serenidade, a tranquilidade, o equilíbrio de uma direção segura sem ser peremptória, de deslizamentos ficcionais improvisados que marcam o estranho trajeto do personagem." – Cahiers du Cinéma























  









"Des hommes et des dieux" : la montée vers le martyre des moines de Tibéhirine

Le 26 mars 1996, durant le conflit qui oppose l'Etat algérien à la guérilla islamiste, sept moines français installés dans le monastère de Tibéhirine, dans les montagnes de l'Atlas, sont enlevés par un groupe armé. Deux mois plus tard, le Groupe islamique armé (GIA), après d'infructueuses négociations avec l'Etat français, annonce leur assassinat. On retrouvera leurs têtes, le 30 mai 1996. Pas leurs corps.

L'affaire eut un énorme retentissement. En 2003, à la faveur d'une instruction de la justice française, des doutes sont émis sur la véracité de la thèse officielle. En 2009, à la suite de l'enquête du journaliste américain John Kiser et des révélations de l'ancien attaché de la défense français à Alger, l'hypothèse d'une implication de l'armée algérienne est avancée.
On en est là, aujourd'hui, du fait divers atroce qui inspire un film au réalisateur français Xavier Beauvois, troisième et dernier cinéaste français à entrer en lice après Mathieu Amalric (Tournée) et Bertrand Tavernier (La Princesse de Montpensier).
Très attendu pour toutes ces raisons, le film surprend, au sens où il défie les attentes. On pouvait imaginer un état des lieux du post-colonialisme, une évocation de la montée des intégrismes, une charge politique sur les dessous de la guerre. Or Xavier Beauvois nous emmène ailleurs, et signe un film en tous points admirable.
Cinquième long métrage, en dix-huit ans, du réalisateur de Nord (1991) et de N'oublie pas que tu vas mourir (qui reçut le Prix du jury à Cannes en 1995), Des hommes et des dieux est d'abord un film sur une communauté humaine mise au défi de son idéal par la réalité.
Le film est tourné de leur point de vue, et partant, de celui d'un ordre cistercien qui privilégie le silence et la contemplation, mais aussi le travail de la terre, la communion par le chant, l'aide aux démunis, les soins prodigués aux malades, la fraternité avec les hommes. C'est de cette exigence spirituelle que le film veut rendre compte, de ce sentiment pascalien de la finitude de l'homme, de l'ouverture à autrui qu'il implique.
Sa lenteur, son dépouillement, sa fidélité au rituel de la communauté, la connivence partagée avec leurs frères musulmans, la beauté déconcertante du paysage (le monastère a été reconstitué au Maroc), sont pour beaucoup dans la réussite de cette ambition. La troupe d'acteurs, d'une remarquable justesse (parmi lesquels Lambert Wilson et Michael Lonsdale), donne corps à ces antihéros refusant de se rendre à la raison du monde tel qu'il est.
Lors de la conférence de presse qui a suivi la projection du film, mardi 18 mai, Lambert Wilson a livré une information sur sa préparation qui permet d'expliquer cette justesse: "Curieusement, cette fusion qu'ont ressentie les moines, nous l'avons aussi vécue. Nous avons fusionné dans les retraites et fait des chants liturgiques. Le chant a un pouvoir fédérateur."
Puis vient l'heure de la crise, de la mise à l'épreuve. Le hideux visage de la terreur se rapproche, des ouvriers croates sont égorgés non loin de là. Elle finit par frapper à la porte du monastère, une nuit de Noël. Les terroristes sont à la recherche d'un médecin et de médicaments pour leurs blessés. Les moines refusent de se déplacer mais accepteront de soigner les blessés dans l'enceinte du monastère. Une scène capitale a lieu ici : la poignée de main entre le prieur de la communauté (Wilson) et le chef des terroristes.
Ce geste opère un rapprochement entre deux extrêmes irréconciliables de la conviction mystique : la conquête des esprits par la violence et le sacrifice de soi-même pour l'exemplarité de l'amour. C'est au cheminement héroïque des moines vers ce second terme qu'est consacrée la majeure partie du film. Refusant l'aide de l'armée, préservant la fraternité avec la population locale, surmontant leur peur et leurs divisions internes, les moines prendront à l'unisson, comme dans le chant qui les rassemble, la décision de rester.
Quelques scènes magnifiquement inspirées ponctuent cette lente montée vers le martyre. La lutte visuelle et sonore entre l'hélicoptère vrombissant de l'armée et le chant des frères rassemblés. Ou encore cette bouleversante série de travellings sur les visages des moines, à l'issue de la décision qui engage leur vie, accompagnée par le déchaînement lyrique du Lac des cygnes de Tchaïkovski. Il fallait oser ce plan digne de Dreyer et de Pasolini, au risque de la boursouflure, du credo béni-oui-oui.
Beauvois a osé, et il a bien fait. C'est bien le diable si ce très beau film produit par Pascal Caucheteux (déjà bienheureux en 2009 avec Un prophète) ne remporte pas à Cannes quelque chose de grand à l'heure du jugement suprême.

Film français de Xavier Beauvois avec Lambert Wilson, Michael Lonsdale, Olivier RabourdinPhilippe LaudenbachJacques Herlin. (2 h 00.) Sortie le 8 septembre.
Jacques Mandelbaum














23/05/2010 - 16h19

Filme tailandês sobre fábula budista vence a Palma de Ouro

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  •  Cineastas premiados da noite se cumprimentam em frente ao grande vencedor da Palma de Ouro, o tailandês Apichatpong Weerasethakul (23/05/2010)








    Cineastas premiados da noite se cumprimentam em frente ao grande vencedor da Palma de Ouro, o tailandês Apichatpong Weerasethakul (23/05/2010)
Foi uma escolha ousada, surpreendente e muito justa. O júri presidido por Tim Burton concedeu a Palma de Ouro ao filme tailandês “Uncle Boonmee who can recall his past lives” (Tio Boonmee que se lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerashetakul, um filme difícil mas encantador sobre um homem doente na floresta da Tailândia que lembra de suas antigas reencarnações, como peixe e outros animais.
Tim Burton foi honesto com aquilo que mais lhe atrai nos seus próprios filmes: a magia e a fantasia. “O mundo está mais ocidentalizado, e esse é um filme de outro país que usa elementos de fantasia de uma outra maneira. É um sonho estranho e bonito como não costumamos ver”, declarou após a premiação.
“Obrigado ao público por me dar uma chance de compartilhar meu mundo com vocês. Agradeço todos os espíritos e fantasmas da Tailândia que me permitiram estar aqui”, agradeceu Apichatpong.
A Palma de Ouro veio coroar outras premiações de Apichatpong em Cannes. “Blissfully Yours” (2002) venceu a mostra Um Certo Olhar e “Tropical Malady” (2004) venceu o Prêmio do Júri. Em outubro, São Paulo terá uma retrospectiva de seus filmes e uma instalação do multiartista será vista na Bienal de São Paulo.









  • EFE
    Juliette Binoche vence prêmio de Melhor Atriz em Cannes
Juliette Binoche e Javier Bardem confirmaram seu favoritismo como melhor ator e atriz do festival. Mas houve uma surpresa: Bardem dividiu o prêmio com o italiano Elio Germano de “La Nostra Vita”, que fez um belo discurso atacando o premiê Silvio Berlusconi: “Nosso presidente nos critica dizendo que fazemos filmes que falam mal da Itália; quero apenas dizer que a Itália é um país maravilhoso, apesar da nossa classe dirigente”.
O Grande Prêmio do Júri, espécie de segundo colocado, foi o francês “Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), filme sensível sobre o caso real de oito monges que viviam num monastério na Argélia e foram assassinados por uma milícia rebelde.
O britânico “Another Year”, de Mike Leigh, o filme mais bem avaliado pela crítica internacional presente no festival, acabou saindo sem nenhum prêmio.
Antes da cerimônia, a apresentadora Kristin Scott-Thomas fez mais um protesto contra a prisão do iraniano Jafar Panahi: “O festival termina hoje e a cadeira do jurado Panahi continua vazia. Este é o nono dia de sua greve de fome. Steven Spielberg nos ligou e lembrou que o Festival de Cannes é uma fortaleza que protege o cinema, uma porta para a liberdade. Esperamos que ele esteja aqui no próximo ano”.
A lista de apresentadores digna de Oscar contou com atores como Emmanuelle Béart, Kirsten Dunst, Guillaume Canet, Diane Kruger, Salma Hayek e Charlotte Gainsbourg.
Premiados:
Palma de Ouro
“Uncle Boonmee Who Can Recall His Past Lives” (Tio Boonmee que lembra de suas vidas passadas), de Apichatpong Weerasethakul (Tailândia)

Grande Prêmio do Júri
“Des Hommes et des Dieux” (de homens e deuses), de Xavier Beauvois (França)

Melhor Ator
Javier Bardem, por “Biutiful”, de Alejandro González Iñárritu (México/Espanha)
Elio Germano, por “La Nostra Vita”, de Daniele Luchetti (Itália)

Melhor Atriz
Juliette Binoche por “Copie Conforme”, de Abbas Kiarostami (França/Itália/Bélgica)

Melhor Diretor
Mathieu Amalric, por “Tournée” (França)

Melhor Roteiro
Lee Chang-dong, por “Poetry” (Coreia)

Prêmio do Júri
“A Screaming Man”, de Mahamat-Saleh Haroun (Chade)

Caméra d’Or – melhor primeiro longa-metragem
“Año Bisiesto”, de Michael Rowe (México) – Quinzena dos Realizadores

Palma de Ouro - melhor curta-metragem
“Chienne d’Histoire”, de Serge Avedikian (França)

Prêmio do Júri – curta-metragem
“Micky Bader”, de Frieda Kempf (Dinamarca)


Tailandês concorre à Palma com filme sobre reencarnação e macacos-fantasmas

THIAGO STIVALETTI
Colaboração para o UOL, de Cannes
  • O diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul participa de coletiva do filme Uncle Boonmee Who Can Recall his Past Lives









    O diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul participa de coletiva do filme "Uncle Boonmee Who Can Recall his Past Lives"
Com um nome quase impronunciável, o tailandês Apichatpong Weerasethakul é adorado pelos cinéfilos e um dos cineastas mais cultuados pela revista “Cahiers du Cinéma”. Seus filmes guardam uma relação profunda e misteriosa com a natureza. Depois de “Blissfully Yours” (2002) e “Tropical Malady” (2004), que venceu o Prêmio da Crítica na Mostra de São Paulo, ele apresentou ontem o filme “Ovni” da competição, o fascinante “Uncle Boonmee Who Can Recall his Past Lives” (Tio Boonmee que pode se lembrar de suas vidas passadas).
O tio Boomme vive nas profundezas da floresta tailandesa com a cunhada. Ele sofre de crise renal e deve morrer em breve. Um dia, o fantasma da mulher falecida aparece, e seu sobrinho morto retorna na forma de um macaco-fantasma negro de olhos vermelhos reluzentes. Logo, Boomme começa a recordar suas vidas passadas – não necessariamente como homem, mas como peixe e outras formas da floresta. O filme é livremente inspirado no relato de um homem que viveu em um monastério no nordeste da Tailândia. Com esse enredo, o filme poderia ser ridículo, mas não é: o som que mistura ruídos estranhos e barulhos da natureza, como as folhas ao vento e a água da cachoeira, criam um encantamento único.
“Uncle Boonmee”, o filme, é uma extensão de um projeto maior de Apichatpong, que envolve também uma série de fotografias e uma instalação que será exibida na Bienal de São Paulo em outubro, em paralelo a uma retrospectiva de seus filmes.
“Herdamos uma influência forte da cultura do Camboja sobre a transmigração das almas, a ideia que os humanos trocam de lugar com os animais ao longo da existência”, contou o diretor. “Muitos tailandeses acreditam em fantasmas, e eu também. Uma vez, em Paris, uma mulher apareceu para mim ao lado da minha cama e depois desapareceu. Mas não tenho nenhum medo deles.”
Por pouco Apichatpong não conseguiu vir a Cannes para apresentar seu filme. No momento, Bangkok está tomada por uma guerra civil, com protestos violentos contra o governo no centro da cidade. “Eu precisava retirar meu passaporte na região mais violenta da cidade e não consegui, tive que apelar para várias embaixadas para estar aqui. O país é controlado por um grupo de máfias, e há uma multidão enfurecida destruindo e queimando a cidade. Temos um grande fosso separando os ricos dos pobres, e isso está explodindo agora. É uma situação política violenta, um momento importante da história tailandesa, e creio que tudo isso vai unir o país no longo prazo”.

Tavito lança novo CD em show com participação de Marina Machado

Foto: Roberto Soares Santos















Show de lançamento do CDTudo, de Tavito 
Participação especial: Marina Machado

13 DE MAIO
QUINTA-FEIRA, ÀS 21H

CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA:LIVRE
DURAÇÃO: 100 MINUTOS
INGRESSOS: 
À venda na bilheteria do Teatro Alterosa, que funciona de terça-feira a domingo, de 12h às 19h30
R$ 30,00 - Preço Efetivo
R$ 15,00 - Meia-entrada para estudantes, menores de 21 anos, maiores de 60 anos categorias devidamente identificadas


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Histórias de música, de músicos e de afeto, canções para namorar e dançar, memórias de velhos sucessos, algumas estranhas e boas curiosidades, poderosos rocks de atitude, saborosas novidades e a garantia muita diversão.

Tavito é um dos compositores mais queridos em sua terra. É de sua autoria a Trilha Sonora Oficial de Belo Horizonte - a cançãoRua Ramalhete, escolhida em votação popular promovida pelo Estado de Minas. Além disso, Tavito é um dos participantes do Clube da Esquina, movimento musical liderado por Milton Nascimento que revolucionou a forma de ouvir e fazer música de um Brasil inteiro. Seu currículo inclui composições que estão gravadas no imaginário popular, como "Casa no Campo", "Começo, Meio & Fim", "Aquele Beijo", "Pé de Vento" e tantas outras. Publicitário de carreira compôs os jingles que estão na nossa memória afetiva, trilhas para cinema, televisão, esportes, teatro.

Foi integrante do lendário "Som Imaginário", juntamente com Wagner Tiso, Fredera, Zé Rodrix, Robertinho Silva e Luiz Alves. Compositor ativo no grupo deixou sua marca nos três discos gravados pela banda. Mais tarde gravou seus três álbuns solo, cantando coisas de Minas e as emoções universais que fazem do amor sua referência fundamental. Músico refinado esculpiu os contornos de seu estilo com o cinzel das grandes serestas mineiras, do bom rock beatle dos anos sessenta e da irresistível onda bossanovista que surgia, com Tom, Lyra, Menescal e tantos mais. Começou sua carreira acompanhando Vinícius de Moraes em shows na capital mineira; o poeta o levaria para o Rio de Janeiro em 1968.

O show de Tavito é uma mostra bem-humorada de seu último CD, "TUDO" - e o lança oficialmente em Belo Horizonte. Como o nome indica, o repertório é formado por um resumo de TUDO o que Tavito viveu nos últimos trinta anos, o que não foi pouco, nem corriqueiro e muito menos banal. O espetáculo nos dá a medida exata do ecletismo desenfreado do compositor, que se confessa escravo de todos os gêneros - apesar de gostar da denominação de roqueiro que sua carreira lhe impôs.

Tavito tem uma convidada especialíssima em seu show em BH: a extraordinária cantora mineira Marina Machado interpretará com sua costumeira elegância duas canções "feitas para a voz feminina", segundo explica o autor.

No mais, sua promessa a seus admiradores é de astral lá nos píncaros, histórias de música, de músicos e de afeto, canções para namorar e dançar, memórias de sucessos velhos e semivelhos, algumas estranhas e boas curiosidades, poderosos rocks de atitude, saborosas novidades e a garantia irrestrita de que todos, sem exceção, saiam do show mais felizes do que quando entraram. Para isso, além de seu ótimo violão, Tavito conta com uma banda de quatro músicos-cantores de fina cepa (Nando Lee - Guitarra & voz / Paulinho Faria - Baixo / Fábio Schmidt - Bateria, percussões & voz / Abraham Lincoln - Teclados & Trumpete), além do apoio nos backing vocals de sua filha, Julia Carvalho. A duração do show é de aproximadamente uma hora e quarenta minutos, e contém de 18 a 20 canções. Nos lançamentos do Rio e de São Paulo chegou-se a duas horas de espetáculo - por franca exigência do público.

Repertório:
TUDO (Tavito / Alexandre Lemos)
CASA NO CAMPO (Tavito / Z. Rodrix)
SENSUAL (Tavito / Aldir Blanc)
AQUELE BEIJO (Tavito / Ney Azambuja)
UM CERTO FILME (Tavito / Rocknaldo)
EMBORA (Tavito / Alexandre Lemos)
1969 - O BEIJO DO TEMPO (Tavito / Gilvandro Filho)
O PRIMEIRO SINAL (Tavito / Ney Azambuja)
GOSTOSA (Tavito)
MINAS DE ENCANTO (Tavito) - Canta Marina Machado PRIVAÇÃO DE SENTIDOS (Tavito / Aldir Blanc) - Canta Marina Machado
CORAÇÃO VERDE-AMARELO (Tavito / Aldir Blanc)
A GRANDE SORTE (Tavito / L. Carlos Sá)
O DIA EM QUE NASCEU NOSSO AMOR (Tavito / L. Carlos Sá) / COWBOY (Eduardo Souto Neto / Paulo Sérgio Valle) SÁBADO (Fredera) / UMA BANDA EM SAMPA (Tavito / Rocknaldo)
HOJE AINDA É DIA DE ROCK (Z. Rodrix)
COMEÇO, MEIO E FIM (Tavito / Ney Azambuja)
NAQUELE TEMPO (Mariozinho Rocha / Renato Correa)
RUA RAMALHETE (Tavito / Ney Azambuja)




Paulo José, em cena ao lado da filha e também atriz Ana Kutner. Foto: Walter Carvalho/Divulgação
Ubiratan Brasil - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Paulo José ficava incomodado cada vez que recebia um papel assinado com as iniciais A.C.C. - naquele ano de 1982, ele recebera a missão da Rede Globo de criar uma atração que enfrentasse o sucesso do popularesco O Povo na TV, exibido pela já extinta TV Tupi durante toda a tarde. "Como corria o risco de ter a concessão cassada, a Tupi mantinha o programa no ar o maior tempo possível, a única alternativa para continuar trabalhando", relembra Paulo, que criou Caso Verdade, minissérie que, ao longo da semana, dramatizava histórias verídicas enviadas pelos telespectadores.
Integrante do Departamento de Análise de Textos da Globo, A.C.C. (que Paulo nem sabia se era homem ou mulher) criticava impiedosamente os roteiros do programa, tachando-os de superficiais, simplórios, folhetinescos e até de inverossímeis. "De fato, havia um certo exagero, pois contávamos histórias como a da mulher que tentou o suicídio pulando de um prédio e se salvou porque a alça do cinto de sua calça jeans prendeu na janela do apartamento de baixo", lembra Paulo, ressaltando que o salto mortal era mostrado na segunda-feira, mas o resgate só acontecia no capítulo de sexta.
Anos depois, o ator e diretor descobriu a identidade por trás daquelas iniciais: eram da poeta Ana Cristina César que, depois de uma temporada de estudos na Inglaterra, assumira aquela função na emissora. "Pena que foi tarde demais saber que aquelas avaliações foram feitas por uma poeta inovadora, vigorosa, original." Sim, tarde demais - Ana C., como gostava de ser chamada, suicidou-se em 1983, atirando-se do oitavo andar pela janela do apartamento dos pais, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. "Foi premeditado: como estava vigiada por conta de outras tentativas, ela foi ao banheiro e, nua, ensaboou-se toda para então correr em direção à janela, sem que ninguém conseguisse segurá-la", lembra Paulo. A mulher que estilhaçou a janela, criando cacos indecifráveis, estava com 31 anos.
Expoente. O diálogo que ficou entalado, a conversa que não teve com a poeta inspirou o ator a criar um espetáculo, Um Navio no Espaço ou Ana Cristina César, que estreia sábado, 8, no Sesc Santana. Paulo José divide a cena com sua filha, Ana Kutner, e, juntos, relembram poemas, observações, trechos de cartas, comentários que marcaram a vida de Ana C. - considerada uma das expoentes da geração dos anos 1970, ela não fazia concessões. Tanto escrevia palavras ríspidas como surpreendentes, que apontavam para uma descrença na vida mundana, mas uma esperança na eternidade. A existência, para Ana C., despontava como um estágio intermediário, marcado por feridas, mas que antecipava um conforto reservado no porvir.
"Ao ler sua poesia, é possível entender seu desespero", conta Paulo, que criou um interessante jogo lúdico para apresentar a vida e a obra da poeta. Em cena, Ana Kutner abre uma mala de onde tira cartões-postais e mostra para a plateia. "São lembranças de momentos importantes, marcantes", explica o ator, também encarregado da direção. Aos poucos, a atriz abre novas gavetas, de onde retira lembranças da infância, quando ditava poemas para a mãe transcrever; da juventude, marcada pela paixão por poetas como Charles Baudelaire e Manuel Bandeira; e finalmente da fase adulta, quando a urgência em viver se traduzia em versos viscerais como:
"Pergunto aqui se sou louca
Quem saberá dizer
Pergunto mais, se sou são
E ainda mais, se sou eu"
São muitos os enigmas apresentados pelo espetáculo, que desponta como um quebra-cabeça em que nem todas as peças são oferecidas ao público. Paulo conta que teve a ideia de encenar a poesia de Ana C. há cinco anos, quando lhe foi entregue uma peça de um ato, que tratava do epílogo da vida da poeta. Em seguida, o projeto cresceu e logo ele foi apresentado a um trabalho escrito por Maria Helena Kühner, em 1996. Finalmente, Um Navio no Espaço ganhou uma nova feição dramatúrgica a partir das alterações promovidas por Walter Daguerre, que criou um papel a ser vivido pelo ator.
"Eu interpreto a mim mesmo, a partir do curto e distante relacionamento que mantive com Ana C.", conta Paulo. Assim, quando o público entra no teatro, encontra o ator já posicionado em uma mesa, colocada no nível da plateia e abarrotada de livros, cadernos de anotações, revistas. Ele divaga sobre fases da curta trajetória da poeta. "Seria uma inserção no mundo real, uma vez que, no palco, está o nível imaginário, ficcional, lúdico." Uma tentativa, segundo ele, de tentar entender a mulher que vivia atrás do mito.
Vazio. Não há, aliás, quase nenhum cenário: um palco branco e limpo recebe a personagem que passeia pelo espaço preenchido por palavras e ações. O ato de escrever também é reproduzido em cena, com videografismos e animações criados por Rico e Renato Vilarouca, que recriam a forma como Ana C. desenhava, datilografava e até rascunhava à mão, valendo-se de uma letra miúda mas determinada. É a "presença viva" de uma escrita produzida por uma natureza febril.
Durante a temporada no Rio, Um Navio no Espaço foi visto por diversos amigos da poeta, que, emocionados, apresentavam cartas ou bilhetes deixadas por ela. "Eram momentos muito fortes, que traziam Ana de volta ao nosso meio", conta Paulo, lamentando apenas uma ausência: a da escritora e editora Heloisa Buarque de Holanda. "Eram muito amigas e acho que Heloisa não suportaria a emoção."