“Ele vos dará um outro defensor” (Jo 14,16)
O evangelho de ontem, 14/05/2023, lido nas comunidades católicas, narra a descrição de João (14,15-21), e é um tema muito caro aos que trabalham o tema do diálogo inter-religioso.
Ele fala de algo extremamente revolucionário: de Jesus Cristo que sai de cena para que o Espírito entre agora como protagonista.
O grande teólogo dominicano, Christian Ducquoc, que para mim é um dos mais audazes, escreveu um maravilhoso livro chamado: “Um Deus diverso”, que infelizmente não foi publicado no Brasil. É um livro de 1977.
Num dos capítulo ele aborda o tema: Deixar Deus livre. Como ele diz de forma exemplar, Deus “é aquele que suscita ´diferenças`, não porque tenha em si a insuficiência, mas porque é ´comunhão`”.
Ele diz ainda que Deus “revelando-se em Jesus não absolutizou uma particularidade; significa, ao contrário, que nenhuma particularidade histórica é absoluta, e que em virtude desta relatividade, Deus pode ser encontrado na nossa história real”.
Uma reflexão que a meu ver é esplêndida, com um conteúdo altamente revolucionário para o diálogo entre as religiões e o diálogo inter-convicções.
A verdade concreta é a figura de Cristo nos orienta ao outro, “cujo nome é indizível". O que faz de Jesus particular e singular, é o fato dele não abolir as outras singularidades, mas “as aponta como fragmentos potenciais de um todo inacabado”.
No evangelho assinalado, o que vemos é um salutar “retraimento” do ressuscitado, que permite a livre ação do Espírito, que agora passa a reger o ritmo da história.
Trata-se de um “retraimento” “Que suscita a providencial ação do Espírito” e que nos previne salutarmente contra uma “integração prematura à instituição que o confessa”.
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