domingo, 18 de julho de 2021

Papa Francisco, repouso e compaixão

 

Papa Francisco: repouso e compaixão

Faustino Teixeira

 

Amanheci hoje encantado com as palavras de Francisco do Angelus, nessa manhã de 18 de julho de 2021.

Francisco tocou em pontos essenciais da reflexão mística e também de passos importantes trabalhados pela Teologia da Libertação.
Assinalou a importância de dois passos essenciais para o desenvolvimento da vida cristã: o REPOUSO e a COMPAIXÃO.
Com base no evangelho de Marcos de hoje, Francisco cita a passagem onde Jesus convoca os discípulos a viverem a experiência do recolhimento e descanso:
"Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco" Mc 6, 31
Lembrei-me de passagem do Grande Sertão Veredas, onde Riobaldo busca esse momento solitário, em momentos fundamentais de sua travessia, e diz: "A aguinha tem que gruguejar sozinha"
Autores importantes da teologia contemporânea, como Jurgen Moltmann, têm insistido na importância do "repouso" para o exercício essencial da atividade pastoral.
Francisco, retomando Marcos, fala da importância de dois aspectos fundamentais da vida.
O primeiro é o REPOUSO. Trata-se de uma perspectiva essencial para todo militante: o cuidado com o mundo interior. Sublinha Francisco que estamos diante de um perigo que sempre nos acompanha, em nossa sede frenética de ativismo. É o risco do frenesi do fazer, caindo na armadilha do ativismo.
Sublinha a importância essencial para todos do "repouso do coração": É o caminho de "retornar ao coração das coisas". Parar um pouco e cultivar o silêncio e o oração.
O segundo aspecto que ele enfatiza é a COMPAIXÃO. Aqui se toca, diz Francisco, no "estilo de Deus", que é proximidade, compaixão e ternura. A compaixão é uma marca essencial da vida cristã, sublinha Francisco.
Mas reitera que somente "um coração que não se deixa dominar pela pressa é capaz de comover-se".
Há que viver com intensidade esse aprendizado essencial: uma vez descansados nos tornamos capazes de verdadeira compaixão: "se cultivamos um olhar contemplativo poderemos avançar em nossas atividades", sem nos deixarmos tomar pela tentação de tudo possuir e tudo consumir.
Tudo isso me fez lembrar Teresa de Ávila em suas Moradas, quando sublinha a importância essencial da compaixão e amor pelos outros. Mas esta ação deve brotar do fundo da alma:
"O amor ao próximo nunca desabrochará perfeitamente em nós se não brotar da raiz do amor de Deus" (VM 3, 9)

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