MEMORIAL[1]
Prof. Faustino Luiz Couto Teixeira
Departamento de Ciência da Religião
Universidade Federal de Juiz de Fora
Novembro 2014[2]
Memorial
Faustino
Luiz Couto Teixeira
PPCIR-UFJF
Coisa mais desafiadora é escrever sobre a
própria vida. Como sublinha Suely Rolnik, “escrever é traçar um devir. Escrever
é esculpir com palavras a matéria prima do tempo”[3].
Na vida estamos de tal forma engolfados que fica difícil destacar-se para
deixar a criança falar. Digo criança, pois esse é o sentimento que vivo. Guardo
ela dentro de mim, procuro mantê-la viva e acesa, com as cores da alegria e da
esperança. E gostaria de começar citando um poeta querido, Mário Quintana:
A vida é uns deveres que nós
trouxemos para
Fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas:
há tempo...
Quando se vê, já é sexta
feira...
Quando se vê, passaram 60
anos!
Agora, é tarde demais para ser
reprovado...
E se me dessem – um dia – uma
outra
Oportunidade,
Eu nem olhava o relógio
Seguia sempre em frente...
No limiar
dos 60 anos passo a escrever sobre as cores de minha vida, toda uma história
tecida com o ritmo da acolhida e da alegria. Um repertório singular que se
inicia numa casa mineira, na cidade de Juiz de Fora, no bairro do Alto dos Passos.
Os pais vinham de outro lugar, de Bom Despacho e Belo Horizonte, mas firmaram
morada nesta cidade, conhecida como a Manchester Mineira. Na casa que ainda
existe começaram com muita luta, mas muito amor. Como frutos da união, quinze
filhos, dos quais dez eram homens. Eu, o nono daquela cadeia, nascido numa
madrugada de 2 de julho de 1954. Fomos todos educados com muito carinho,
embalados por forte tradição católica. Os pais, Mozart e Célia, vinham de
movimentos tradicionais da igreja e reverberavam nos filhos os valores mais
sólidos dessa atmosfera cristã. O clima humanístico refletia-se por toda parte.
O traço humanista estava também na ampla biblioteca da casa, que ocupava dois
cômodos, com grande maioria dos livros vinda das áreas de filosofia, teologia e
literatura. Naqueles espaços resguardados foram sendo gestados os meus
primeiros amores na área das humanidades.
Dá para
imaginar que não foi fácil educar tantos filhos com os parcos recursos da renda
familiar. A vida era dura para o meu pai, médico que começava sua carreira
nesta tradicional cidade mineira. Desdobrava-se como podia para dar conta de
todos os atendimentos, seja na Fábrica São Vicente – uma fábrica de cobertores
-, seja na Santa Casa de Misericórdia, onde inaugurava um serviço cardiológico.
Mas era mesmo um médico de família, com um carinho sempre muito especial para
com seus clientes, tratados – como se dizia – com “fé, esperança e cafuné”.
Minha mãe também era muito especial, e tinha o dom das artes. O atributo para
declamar poesias vinha de sua experiência na Escola Normal de Belo Horizonte,
onde nasceu, reconhecida e acolhida ali por todos como alguém muito especial.
O traço
religioso sempre esteve muito presente na vida familiar, mas era também um
componente vivo na cidade de Juiz de Fora, que vinha brindada pela presença de
alguns importantes marcos referenciais. Na época em que era menino, ali pelos
idos dos anos de 1950 e 1960, algumas importantes congregações e ordens
religiosas marcavam sua presença na cidade. No alto de uma das colinas, a
referência viva dos dominicanos, com sua escola apostólica e o coral de vozes
cristalinas. Minha infância veio marcada pelos encontros e celebrações que ali
aconteciam, junto aos frades tão queridos, entre os quais Frei Alano Porto de
Menezes. Muita festa e alegria, passeios e diversão na chácara que os
dominicanos mantinham lá no alto, bem junto ao Cristo da cidade. Ali perto dos
dominicanos, a casa das irmãs carmelitas e também das beneditinas. Com as
carmelitas, em especial, pude encontrar abrigo tantas vezes, e já na
adolescência participar ativamente de celebrações que não escapam da memória.
Foi naquela casa de hospitalidade que pude conhecer algumas santas, como a irmã
Maria Amada e também a irmã Terezinha, que apontavam para nós um rosto tão
diferente do catolicismo, tecido por delicadeza, alegria, profetismo e
santidade. Na abadia das beneditinas, também no alto de uma colina, o
aprendizado da prática litúrgica. Desde cedo, como coroinha, adentrava-me,
ainda meio estupefato, nos mistérios do sagrado, entre os aromas do incenso e a
beleza do cantochão. A presença de uma tia paterna entre as beneditinas, com
seu sorriso solar e sua acolhida singular, traziam um colorido todo especial a
esta inaugural experiência de fé. Recordo-me também que nos momentos mais
sombrios, das crises existenciais da adolescência, foi junto a ela, a tia e
madre Eugênia, que encontrei a mais profunda hospitalidade. Junto à Igreja da
Glória, estavam também os padres redentoristas, que igualmente marcaram minha
trajetória. Meu pai era médico de muitas comunidades religiosas da cidade,
entre os quais os redentoristas. Clássicas eram as viagens para a visita médica
nos seminários menor e médio dos redentoristas na cidade de Congonhas do Campo.
Meu pai, acompanhado por pe. Jaime Snoek na direção, seguia naquela velha rural
para o atendimento dos meninos seminaristas naquela histórica cidade mineira.
Levava sempre consigo alguns dos filhos. Eu não perdia oportunidade de viajar
com eles. Isso acontecia, em geral, durante a semana santa. Um dos seminários
ficava ali na praça central, bem pertinho dos profetas de Aleijadinho. Guardo
com carinho tantas imagens desta época, em particular aqueles enormes
dormitórios, regidos por legislação rígida. Era também período de muita festa,
com a banda dos seminaristas, os jogos de futebol, além de muita reza. Dos
redentoristas também, aquele lindo seminário no bairro da Floresta, já na saída
da cidade para Bicas. Quantas recordações daquele espaço especial de gestação
acadêmica dos religiosos de Santo Afonso: seu seminário maior. Ainda criança,
tive a oportunidade de estar ali muitas vezes, entretido com a alegria daquela
comunidade em processo de formação. A imagem daqueles religiosos de batina
escura, contidos na oração comum durante as refeições ou nos horários de
estudo, naquelas mesas antigas, que guardavam os pesados livros e cadernos de
formação teológica e filosófica. Tudo isso levo comigo e vibra na memória. Com
a crise religiosa que acompanhou o Concílio Vaticano II, no final da década de
1960, muitos desses religiosos vieram compor o Departamento de Filosofia e de
Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, dentre os quais
alguns que estiveram na base de minha formação, como pe. Jaime Snoek, Raimundo
Evangelista e Vitorino Duarte, além de outros que se tornaram amigos queridos,
como o pe. Wilson Cadete.
Durante todo
o meu processo de formação acadêmica estive com os jesuítas. Depois da
pré-escolarização no colégio da Santíssima Trindade, ingressei no Colégio dos
Jesuítas, sempre em Juiz de Fora. Isso aconteceu na primeira série primária.
Daí em diante, até o pós-doutorado, todo o meu crescimento acadêmico se
deu junto aos padres da Companhia de
Jesus. Durante os dois primeiros anos do estudo secundário, tinha intenção de
fazer medicina, seguindo os rumos da família, onde o pai e dois irmãos já se
encaminhavam para esta inserção. Mas no final do segundo científico, aconteceu
uma mudança de rumo, com a decisão de fazer história. Isso implicou uma mudança
para o terceiro clássico, num redimensionamento dos estudos. Foi uma verdadeira
descoberta, encontrando ali um espaço de identificação imediata. Tudo muito
favorecido pela riqueza do corpo docente, com alguns professores que marcaram
minha vida: Gilvan Procópio (Português e Literatura), José Paulo Neto
(Literatura); Maria José Feres e Maria Inês (História). Recordo-me também a
presença de alguns colegas com excelente perfil intelectual, que depois
ganharam expressão pública, como Luiz Dulci, que atuou no ministério do
presidente Lula. Minha intenção era fazer o vestibular para História, mas tinha
também muito carinho pela Filosofia. Resolvi então durante o terceiro ano,
junto com o cursinho pré-vestibular, fazer parte do curso de Filosofia no
Seminário Arquidiocesano de Juiz de Fora. Consegui conciliar as duas
atividades, sem problemas. No Seminário fui aluno de alguns clássicos
professores da cidade, como Henrique Simões (História da Filosofia), Henrique
Hargreaves (Sociologia) e meu pai, Mozart Teixeira (Ética). Entre os colegas de
curso, alguns nomes que se destacaram na vida pastoral, como o atual arcebispo
metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor de Oliveira.
Ao longo do
terceiro ano clássico acabei decidindo prestar vestibular para Filosofia na
Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Entrei na Universidade no início
de 1974, num momento muito difícil da vida nacional. O país vivia tempos sombrios,
e as mínimas manifestações públicas eram vistas como ameaça à ordem pública. As
reuniões ou articulações da juventude eram sempre motivo de desconfiança ou
temor. Nada porém que impedisse caminhos alternativos de reflexão e artimanhas
para driblar o cerco repressivo. Foram tempos de rico debate acadêmico,
encontrando apoio importante em vários professores do curso, com os quais
estabeleci laços duradouros. Faço aqui menção a alguns nomes: Joel Neves,
Raimundo do Carmo, José Eustáquio Romão, Rubem Barboza Filho e Jaime Snoek. Com
esse último professor, amigo da família, as ligações foram ainda mais
aprofundadas. Fui seu monitor, nas cadeiras de ética geral e ética sexual,
durante alguns anos, tendo ajudado na confecção da primeira edição de seu clássico
livro: Ensaio de Ética Sexual (com posterior publicação pela editora Paulinas,
em 1981).
O curso de
filosofia funcionava no período da manhã. Ocorre que nesta mesma época começava
a funcionar o curso de Ciência das Religiões, no período noturno. Eu e outros
companheiros de filosofia, acabamos sendo favorecidos por essa coincidência,
tendo a possibilidade de cursar as duas graduações simultaneamente. O meu
compromisso com a Ciência das Religiões[4]
foi se aprofundando a ponto de decidir, de certa forma, os rumos de minha opção
de vida. Ali encontrei professores generosos, acolhedores e especiais, entre os
quais Wolfgang Gruen, Henrique Oswaldo Fraga de Azevedo, Vitorino Duarte e
Henrique Guglielmi. Foi também um momento propício para o aprofundamento da teologia
da libertação, que na época estava nascendo, e que encontrou no prof. Jaime
Snoek, que também lecionava na Ciência das Religiões, um de seus importantes
incentivadores. Foram muito ricas as suas aulas sobre o livro “Teologia da
Libertação”, de Gustavo Gutiérrez, que acabava de ser publicado no Brasil. Isso
em 1975. Exerci também por anos a tarefa de representante discente deste novo
curso nas reuniões departamentais.
Durante o
período de meus estudos superiores, tive também o privilégio de participar de
um grupo de universitários, em âmbito nacional, que se reunia sob a orientação
do teólogo e padre jesuíta, João Batista Libânio. O grupo ganhou um nome
curioso, “Tropa Maldita”, em razão de sua dissonância com os grupos juvenis de
igreja atuantes na ocasião. Durante vários anos, em encontros periódicos aqui
em Juiz de Fora, Belo Horizonte ou outras cidades vizinhas, nos reuníamos para
discutir temas de várias áreas de conhecimento: filosofia, teologia, ciências
sociais, artes etc. Mesmo no clima adverso da política nacional, esses
encontros serviram de campo privilegiado de formação acadêmica, intelectual e
espiritual. Criaram-se laços essenciais de amizade e um impulso para uma
atuação importante, de valores assegurados, nos campos de atuação profissional
e pastoral. Foi nesse grupo que encontrei minha companheira de vida, Teita, com
a qual partilho com alegria minha experiência há mais de 36 anos, numa família
que cresceu com a presença de quatro filhos homens.
Quando estava no segundo ano de Filosofia,
em 1976, veio o convite para lecionar
num colégio tradicional da cidade de Juiz de Fora, a Academia de Comércio, sob
responsabilidade dos padres verbitas (SVD). Foi uma experiência muito rica:
dois anos de ensino numa cadeira de Formação Humana e Cristã. Na ocasião, o
reitor, pe. Benito Falqueto, liberou nossa função em sala de aula, inaugurando
um caminho diferente de atuação junto aos discentes, com a formação espontânea
de grupos de reflexão e práticas artísticas. Foi assim que nasceram grupos
singulares, envolvendo os alunos interessados no debate sobre a realidade
brasileira, com equipes distribuídas para as discussões nesse campo, ou em
outros mais ligados à pastoral como os círculos bíblicos e demais temas de
interesse dos discentes. Como expressão do trabalho, envolvendo agora o teatro,
algumas peças foram apresentadas, algumas com grande sucesso, como Morte e Vida
Severina, com os arranjos musicais originais elaborados por Chico Buarque de
Holanda. Foi a minha estreia em direção de teatro. Como traço novidadeiro, nos
debates que aconteceram em torno do grupo de teatro (GTA), a introdução de
técnicas corporais e reflexões associadas ao tema do teatro do oprimido, de
Augusto Boal.
Ainda no período dos estudos
universitários, participei de outro fórum de vivência, partilha e debates,
ligado aos padres dominicanos, em vários encontros realizados em Juiz de Fora,
São Paulo e Rio de Janeiro. O momento era muito simbólico para a ordem
dominicana, depois da saída da prisão dos três frades, Betto, Ivo e Fernando.
Foi a oportunidade de conhecer e aprofundar novas relações e tecer horizontes
de vida. Lembro-me da presença amiga de alguns frades, como Sérgio Lobo, Paulo
Cesar Botas, Márcio Couto, Betto e Ivo Lesbaupin. O tempo da Universidade foi
também ocasião de muita participação e criação cultural. Foi a época em que
atuei por anos num grupo musical, denominado “A Pá”, que fez um relativo
sucesso em Juiz de Fora, com apresentação em festivais importantes, divulgando
nomes singulares da Música Popular Brasileira, entre os quais, Edu Lobo,
Geraldo Vandré, Chico Buarque de Hollanda e Sérgio Ricardo.
Uma vez
concluído os cursos de filosofia e ciência da religião, em 1977, surgiu a possibilidade de dar continuidade aos
estudos de pós-graduação na PUC-RJ, agora na área de teologia. O estímulo mais
decisivo para esse encaminhamento veio do amigo querido, João Batista Libânio,
que na época lecionava na mesma instituição no Rio. Com ele nasceu o estímulo
para dar continuidade aos estudos. O processo de transferência para o Rio não
foi tão fácil, encontrando resistência em setores da igreja local de Juiz de
Fora, que atritavam com o curso de Ciência das Religiões da UFJF. Na ocasião, o
Departamento de Teologia da PUC-RJ solicitava a todo candidato leigo ao
mestrado de teologia uma carta da Diocese de origem, com a indicação precisa do
trabalho exercido na igreja. O bispo de Juiz de Fora, dom Geraldo Maria de
Moraes Penido, recusou-se a fornecer a carta por razões ideológicas. Por sorte,
o então diretor do Departamento de Teologia da PUC-RJ, pe. Álvaro Barreiro,
aceitou como comprovação de minha atuação na pastoral da cidade, cartas de
outros religiosos da cidade, como a dos dominicanos frei Domingos Maia Leite e
Alano Porto de Menezes, sinalizando o meu trabalho de assessoria junto ao
jornal Evangelizar, da mesma diocese. Vencido este obstáculo, parti para o Rio
de Janeiro no início de 1978, logo depois da cerimônia de meu casamento,
ocorrido em fevereiro do mesmo ano.
No Rio de
Janeiro conjuguei duas atividades distintas: o curso de mestrado em teologia na
PUC-RJ e a atividade de magistério, tanto na PUC-RJ como na Universidade Santa
Úrsula. Fui contratado para lecionar no setor de Cultura Religiosa da PUC-RJ –
vinculado ao Departamento de Teologia, e também no curso de teologia da
Universidade Santa Úrsula. Minha entrada no Departamento de Teologia da PUC-RJ
ocorreu em março de 1978, que na ocasião vinha dirigido pelo jesuíta, pe.
Álvaro Barreiro, também responsável pela disciplina de eclesiologia. Depois de
aprovado no exame complexivo tive que fazer várias cadeiras da graduação em
teologia para complementar a formação teológica. Isso se deu simultaneamente
com a presença nas aulas do mestrado em teologia sistemática. Levava-se uma
média de quatro anos para a conclusão do mestrado naquele tempo. E tudo deu
muito certo, facultado também pela presença de um excelente orientador de
trabalho que foi o jesuíta João Batista Libânio. O tema de minha dissertação
expressava a atenção teológica do tempo: “Comunidade Eclesial de Base:
elementos explicativos de sua gênese”, e a defesa aconteceu em fevereiro de
1982, tendo como membros da banca os professores: João Batista Libânio (PUC-RJ
- orientador), Antônio da Silva Pereira (PUC-RJ) e Jaime Snoek (UFJF).
A imagem que
tenho da formação teológica recebida nesse período é das mais impactantes.
Mesmo numa conjuntura eclesiástica local sombreada, o Departamento de Teologia
da PUC-RJ favoreceu uma formação acadêmica arejada e ousada, em profunda
sintonia com a teologia da libertação. O corpo docente do período era muito
aberto e de grande competência tanto no âmbito da teologia bíblica como da
teologia sistemática, que eram as duas áreas de concentração disponibilizadas
para a formação discente. No meu caso, escolhi a formação na área de teologia
sistemática e ali encontrei excelentes professores: João Batista Libânio,
Clodovis Boff, Felix Pastor, Alfonso Garcia Rúbio, Ulpiano Vazquez, Carlos
Palácio, Mário França de Miranda, Antônio Moser e outros. Para o enriquecimento
da reflexão bíblica veio também o importante aporte das disciplinas oferecidas
por Gabriel Selong. E nas cadeiras eletivas tive a presença de outros docentes,
entre os quais Pedro Ribeiro de Oliveira e Francisco Cartaxo Rolim. Ou seja, um
corpo docente de primeira grandeza, de presença nacional e significativa
produção intelectual.
O processo
de interlocução acadêmica foi também favorecido pela presença de um corpo
discente muito singular. Foi um período que propiciou, talvez de forma original
no Brasil, um grupo de teólogos leigos que se firmaram no campo teológico
nacional: Maria Clara Bingemer, Tereza Cavalcanti, Ana Maria Tepedino, Paulo
Fernando Carneiro de Andrade, Margarida Brandão e eu também, junto com essa
turma. Registro ainda a presença de outros alunos, que estavam entre nós, como
os jesuítas Marcelo Perini e Inácio Neutzling – que hoje dirige o Instituto
Humanitas da Unisinos[5].
Curiosamente, num circuito eclesial mais reticente, brota um ramo teológico
leigo, de formação acadêmica aperfeiçoada, com sensibilidade social aguçada e
viva atuação pastoral.
Os temas
relacionados com a teologia da libertação e a práxis pastoral na América Latina
estavam presentes como luz nas disciplinas em curso naquele dinâmico período,
do final dos anos 1970 e inícios de 1980. Se voltamos nosso olhar para a
publicação dos docentes da PUC-RJ naquele período vislumbramos esse influxo:
João Batista Libânio. Discernimento e
política. Petrópolis: Vozes, 1977; Alfonso Garcia Rubio. Teologia da libertação: política ou
profetismo? São Paulo: Loyola, 1977; Álvaro Barreiro. Comunidades eclesiais de base e evangelização dos pobres. São
Paulo: Loyola, 1977; Clodovis Boff. Teologia
e prática. Teologia do político e suas mediações. Petrópolis: Vozes, 1978;
Mário de França Miranda. Libertados para
a práxis da justiça. A teologia da graça no atual contexto
latino-americano. São Paulo: Loyola, 1980; Félix Alexandre Pastor. O reino e a história. Problemas teóricos
e práticos de uma teologia da práxis. São Paulo: Loyola, 1982; João Batista
Libânio. Teologia da libertação. São
Paulo: Loyola, 1987. Na própria nomenclatura de disciplinas oferecidas no
mestrado estava presente essa preocupação de sintonia com o tempo, de escuta
aos sinais da história: A fé e a práxis do cristão de hoje; Comunidade eclesial
de base; Igreja e mundo; Religiosidade popular etc. E uma reflexão teológica
que se colocava à escuta da mediação das análises sociais, entendida como
exigência fundamental para a práxis da fé. A título de exemplo, sublinho a
presença de Clodovis Boff e de sua instigante reflexão naquele período. Ele
acabava de voltar de seu doutorado em Louvain (Bélgica), sob a orientação de
Adolphe Gesché, e partilhava com seus alunos o rico resultado de seu trabalho,
em torno da metodologia da teologia da libertação. O seu livro sobre o tema, Teologia e prática[6],
virou objeto dos cursos, mas também de grupos de estudos entre os alunos da
pós-graduação em teologia naquele período. As aulas fervilhavam esse entusiasmo
pastoral, essa preocupação com a práxis e o desafio de um compromisso cada vez
mais efetivo com o futuro da Igreja na América Latina. Tempos muito
interessantes.
Registro
também naquele novo momento de trabalho, exclusivamente na docência teológica,
a riqueza e o entusiasmo do corpo discente. Além de seminaristas de dioceses do
estado do Rio, como Volta Redonda, Duque de Caxias e Nova Iguaçu, um número
importante de leigos atuantes em pastorais sociais e nas comunidades eclesiais
de base. Tudo dava um calor muito especial às aulas e aos debates realizados.
Com o tempo, o departamento também abriu suas portas para os alunos
evangélicos, ampliando o campo da pluralidade nos debates e reflexões em curso.
Lembro-me que foi num dos últimos cursos ministrados no departamento, no final
da década de 1980, com essa riqueza plural entre os discentes, que se deu minha
inscrição na reflexão sobre teologia das religiões, inaugurando uma linha de
pesquisa que jamais abandonei.
Gostaria
ainda de falar de minha rica experiência com as disciplinas de cultura
religiosa, que eram oferecidas para toda a comunidade da PUC-RJ. Atuei em
várias dessas disciplinas: Ciência e Fé, Cristianismo, Ética Cristã e O Homem e
o Fenômeno Religioso. Fui coordenador de área dessa última disciplina em dois
períodos: de 1980 a 1981 e em 1987. Estava no grupo que trabalhou na elaboração
temática dessa nova disciplina, que substituiu a anterior, Ciência e Fé. O
acento antropológico e a abertura multidisciplinar davam o toque para a nova
reflexão. O grupo de docentes que atuavam nessas disciplinas está guardado com
muito carinho na memória: Fernando Soares Moreira (uma das pessoas mais
generosas que conheci, e que teve um papel muito importante na minha acolhida
na PUC-RJ), Teresa Cavalcanti, Juan Guervos, Rafael del Pozo, Luiz César
Monnerat Tardin, Margarida Brandão e outros. Um grupo muito amigo e solidário,
com uma visão teológica e pastoral muito aberta e engajada.
Tivemos
momentos difíceis nesses anos, quando alguns de nossos docentes se viram
impedidos de continuar seu trabalho na PUC-Rj, em razão de procedimentos
doutrinais-disciplinares. Sentimos duramente esse golpe com a saída dos
professores: Clodovis Boff, Antonio Moser e Pedro Ribeiro de Oliveira. Apesar
de toda reação da comunidade acadêmica e da associação de docentes (ADPUC), não
houve forma de conseguir a reintegração desses professores que tanto
abrilhantavam o nosso departamento. Foi talvez o lado mais sombrio do período
em que atuei na instituição. Já se insinuavam no ar os primeiros efeitos da restauração
romana, que a partir de então ganhará mais força por todo canto, e ela tinha
fortes tentáculos na diocese do Rio de Janeiro. Graças à atuação do então chefe
de departamento de teologia, o jesuíta Jesus Hortal – importante canonista -,
as perdas não foram ainda maiores. Soube defender os docentes do departamento
com muita garra e honestidade, garantindo a manutenção de um clima mínimo para
poder se trabalhar teologicamente com dignidade. Mas aos poucos, e
infelizmente, traços de controle, de auto-censura, de temor ou cuidado
excessivo foram se implantando sorrateiramente na dinâmica do departamento,
impedindo a continuidade daquela rica experiência primaveril vivida pelo
departamento nos anos de 1970 e na década de 1980.
Durante o
período em que cursava o mestrado de teologia, com tema envolvendo as
comunidades eclesiais de base (CEBs), tive também a oportunidade de atuar
pastoralmente na Diocese de Volta Redonda, acolhido com carinho pelo então
bispo local, Dom Waldir Calheiros. Foram anos de acompanhamento das comunidades
de base locais, sobretudo aquelas localizadas num bairro popular, denominado
Jardim Belmonte. A oportunidade viva de conjugar o trabalho teórico com a
experiência de vida. Sem dúvida, anos de grande aprendizado, tendo sido
acolhido com grande carinho pelas comunidades populares, agentes de pastoral,
religiosos (as) e clero diocesano.
Além das
atividades vinculadas ao campo da teologia e da pastoral, os primeiros anos no
Rio de Janeiro foram também de inserção multidisciplinar, com o acompanhamento
das atividades do Instituto de Estudos da Religião (ISER). Foi um momento de
contato com grandes estudiosos das religiões no Brasil: Pierre Sanchis, Rubem
Cesar Fernandes, Patrícia Birman, Carlos Rodrigues Brandão e outros. Da
inserção inicial no ISER, ao trabalho no ISER-Assessoria, compondo uma equipe
de trabalho, em fases distintas, com outros pesquisadores: Pedro Ribeiro de
Oliveira, Clodovis Boff, Ivo Lesbaupin, Carlos Steil, Paulo Fernando Carneiro
de Andrade, Névio Fiorin, Solange Rodrigues, Rogério Valle e Francisco Orofino.
Tive ainda participação em alguns trabalhos do ISER-Vídeo, ajudando na
elaboração de roteiros e assessorando vídeos sobre alguns Encontros
Intereclesiais de CEBs e sobre a Teologia da Libertação.
Depois de
concluído o mestrado, em fevereiro de 1982, alguns projetos para o doutorado se
apresentavam como possibilidades. O caminho inicial estava previsto para a
Alemanha, tendo inclusive passado nos exames seletivos realizados no Brasil
para a aquisição de bolsa da Konrad Adenauer. A ideia era fazer o doutorado na
Universidade de Münster, e os primeiros contatos com o possível orientador já estavam
em curso. Ocorre que o tema da tese doutoral, sobre as comunidades eclesiais de
base no Brasil, encontrou dificuldades na avaliação feita pelo núcleo da
instituição fornecedora da bolsa na Alemanha. Declinado esse projeto, veio a
hipótese do doutorado na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, cujo acesso
vinha facilitado pela relação já existente com a PUC-RJ, também sob orientação
dos jesuítas. Para viabilizar a ida a Roma, consegui um grande apoio da
comunidade jesuíta (província jesuíta Brasil Centro-Leste), que facultou uma
parte de minha bolsa de estudos doutorais, bem como a ajuda financeira para a
viagem com a família para Roma. Além dos jesuítas, o importante apoio da
Universidade Santa Úrsula, que também contribuiu com uma ajuda mensal. Assinalo
ainda a ajuda que tive das irmãs médicas missionárias, que também contribuíram
através de meu então orientador, João Batista Libânio, com recursos para a
primeira instalação em Roma.
Os contatos
para a orientação já foram sendo tecidos no Brasil, uma vez que o professor
Felix Pastor, da Pontifícia Universidade Gregoriana, também lecionava na
PUC-RJ, tendo iniciado suas atividades no Rio sob o impulso de nossa turma do
mestrado. Tudo ficava mais fácil. As conversas com o decano da Gregoriana, René
Latourelle, foram intermediadas pelo amigo Marcelo Perini, que também estava em
Roma para seu doutorado em filosofia. Todo o processo de inserção na nova
universidade foi favorecido pela presença de amigos jesuítas queridos. Lembro
também aqui a presença de alguém especial, Marcelo Aquino – hoje reitor da
Unisinos -, que me ajudou no momento decisivo dos projetos para a aprovação e
registro final de meu argumento no doutorado.
Viajei para
Roma no final de agosto de 1982, um pouco antes do início das aulas,
acompanhado de outro amigo querido, Inácio Neutzling, que também seguia para o
seu doutorado na Gregoriana. Ali defendeu uma importante tese doutoral sobre o
tema do Reino de Deus e os pobres. Com essa ida para Roma quebrava um bloqueio
com as viagens. E não era nada fácil deixar o Brasil naquele momento, com dois
filhos muito pequenos e um horizonte ainda tão indefinido. Mas parti com
alegria, e lágrimas nos olhos. No primeiro mês fiquei hospedado no Colégio Pio
Brasileiro, onde residem os religiosos brasileiros que realizam seus estudos de
pós-graduação em Roma, sobretudo em filosofia e teologia. Fui acolhido com
muito carinho seja pela direção como pelos estudantes. Foi muito importante ter
encontrado esta base existencial no início de minha jornada romana, dando um
impulso singular para o meu voo. Minha esposa, Teita, e os dois filhos pequeninos,
Pedro e João, chegaram no mês seguinte. Não tinha ainda conseguido um
apartamento. Fomos então acolhidos pelas irmãs dominicanas de Via Cassia, onde
passamos mais um mês. Presenças também fundamentais em nosso início de estadia
em Roma foram os amigos Luiz Alberto Gómez de Souza e Lúcia Ribeiro, que
residiam na cidade e nos deram um bom suporte no começo, firmando uma linda
convivência naquele período[7].
Depois de muita luta conseguimos, finalmente, um apartamento em Ladispoli, na
região Tirrena, a 37 quilômetros de Roma, na sequência da Via Aurélia. Ali
passamos os nossos quatro anos de “exílio” acadêmico.
Durante o
mestrado no Rio fiz um número de disciplinas bem superior ao exigido pelo curso
de teologia, o que favoreceu uma menor exigência de creditação em Roma. O então
decano na teologia, René Latourelle, foi bem flexível nessa questão. Pude fazer
alguns cursos mais relacionados com o meu tema de pesquisa, ou então
importantes para o meu embasamento teológico. Recordo-me dos cursos de Juan Alfaro,
talvez um dos maiores teólogos atuantes na Gregoriana naquele período. Sua
paixão pela América Latina, pela teologia da libertação e as comunidades de
base irradiava para os alunos. Lembro-me em especial de um seminário que
ofereceu sobre o Documento de Puebla, que marcou aquela turma diversificada de
alunos, vindos de tantas partes do mundo. Com o meu orientador de tese, o
jesuíta Felix Alejandro Pastor, fiz dois cursos memoráveis: o primeiro, em
torno da obra de Karl Rahner: Curso Fundamental da Fé. Essa obra nuclear do
grande teólogo alemão tinha sido traduzida para o italiano e publicada em 1977,
um ano após a edição original alemã. Foi também uma experiência inaugural para
mim. O segundo curso, ministrado também por Felix Pastor, foi sobre metodologia
teológica, com base na obra de Bernard Lonergan: Il metodo in teologia
(Brescia: Queriniana, 1975).
Mesmo
trabalhando um tema latino-americano na tese, a experiência em Roma foi muito
importante para a pesquisa. Sublinho sobretudo o clima cultural e político do
período. Aqueles anos 80 em Roma eram ricos e inflamados. Era o período da
presença de Enrico Berlinguer e do Eurocomunismo. A cidade irradiava sentimento
crítico e vida cultural explosiva. Para quem estava trabalhando o tema das
comunidades de base e a teologia da libertação o ambiente era muito favorável:
poder beber daquele clima, participar da vida política, disponibilizar-se para
aquele novo campo reflexivo, tudo isso foi de fundamental importância. Em
contraponto, a conjuntura eclesial do período não era muito favorável. Vivi em
Roma os anos mais sombrios da vida da igreja católica, com a presença austera
do cardeal Ratzinger na direção da Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), o
ex-Santo Ofício. Foram anos duros para a teologia da libertação, com as duas
instruções críticas da CDF sobre a teologia latino-americana (agosto de 1984 e
março de 1986). Foi também o período da punição ao teológo brasileiro, Leonardo
Boff, com a notificação crítica de seu livro Igreja: carisma e poder (março de 1985).
O trabalho
doutoral foi muito favorecido pela facilidade de acesso ao rico material
temático disponibilizado tanto pela impressionante biblioteca da Gregoriana,
como da biblioteca do Pio Brasileiro, onde pude contar com a preciosa ajuda de
um grande amigo, o bibliotecário Juarez Dutra, que ainda atua naquela saudosa
casa romana. O resultado desses quatro anos de presença em Roma foi uma tese
doutoral de 1055 páginas, aprovada com Summa
cum Laude”: A fé na vida: um estudo teológico-pastoral sobre a experiência
das Comunidades Eclesiais de Base no Brasil. O tema vinha subdividido em três
partes: 1) Elementos explicativos da gênese das Comunidades Eclesiais de Base
no Brasil; 2) Elementos de compreensão da dinâmica fé e vida na experiência das
Comunidades Eclesiais de Base; 3) Questões teológicas conexas com a realidade
das Comunidades Eclesiais de Base.
A defesa
doutoral aconteceu em Roma no início de dezembro de 1985, com a presença de
vários amigos na Pontifícia Universidade Gregoriana, entre os quais o meu
dileto orientador de mestrado, pe. João Batista Libânio. Para conseguir o
diploma tive que publicar ainda em Roma uma parte da tese (Excerpta), uma
exigência da Universidade. O livro veio publicado ainda em 1985, com 268
páginas. Na publicação veio incluída a bibliografia da tese, que somou 55
páginas[8]. O
material da tese veio depois publicado no Brasil em três livros, publicados em
editoras distintas, seguindo a ordem das partes do trabalho: A gênese das CEBs no Brasil. Elementos
explicativos. São Paulo: Paulinas, 1988; A
fé na vida. Um estudo teológico-pastoral sobre a experiência das
Comunidades Eclesiais de Base no Brasil. São Paulo: Loyola, 1987; Comunidades eclesiais de base. Bases
teológicas. Petrópolis: Vozes, 1988.
Permaneci em
Roma até inícios de 1986. Antes do retorno ao Brasil tive que resolver algumas
pendências relacionadas à minha missio
canônica, ou seja, sobre a minha licença canônica para o exercício de
ensino. Havia ruídos quanto à renovação de minha autorização eclesiástica para
lecionar na PUC-RJ. Fui convocado, ainda em Roma, para uma “sabatina” com o
então bispo auxiliar do Rio de Janeiro, Karl Josef Romer, que contou também com
a presença de meu orientador, Felix Pastor. Foi uma reunião de esclarecimento
sobre algumas questões teológicas. Soube depois que as negociações para a minha
volta à PUC do Rio não foram assim tão simples, envolvendo inclusive a
necessidade de cartas de recomendação tanto do meu orientador de doutorado como
de Juan Alfaro – da Gregoriana, dirigidas ao então cardeal do Rio de Janeiro,
Eugênio Sales, confirmando minha ortodoxia.
O período de
pós-graduação é sempre marcado por crises. São raras as situações de exceção. É
um tempo que carregamos uma “nuvem” sobre a cabeça, e que nos acompanha por toda
parte. A preocupação com as questões envolvidas no trabalho, o tempo requerido
para sua execução, a pressão da academia e do orientador, tudo isso vai
aumentando a tensão. São em geral raros os momentos de relaxamento. E aquela
dificuldade de escrever... Há dias que a redação flui com facilidade, outros
que a inspiração recua, e o vazio toma conta de todo o corpo. Isso no exterior
ainda é mais difícil. Quando você tem todo o dia para lidar com a questão, e a
inspiração fica do lado de fora. Mais difíceis ainda os dias em que a redação
empaca, e nenhuma gestação acontece. Tudo muito duro! Os bons orientadores
estão sempre atentos para esta questão, como é o caso de João Batista Libânio.
Em sua obra, Introdução à vida
intelectual (Loyola, 2001), trata com pertinência esse dado das condições
requeridas para um bom trabalho intelectual, sobretudo os canais necessários
para a saúde física e psíquica dos estudantes. Também os caminhos para driblar
o risco do perfeccionismo, talvez um dos inimigos mais contumazes na vida
intelectual. O estudante, repleto de expectativas, em sua busca de perfeição,
quando encontra obstáculos ou falha no rendimento esperado, vem tomado pela
insatisfação, tensão ou mesmo depressão. Não são poucos os casos de crises
psicológicas durante esse processo, radicalizadas hoje pelas pressões da academia
ou agências de fomento. No meu caso particular, não tive crises mais complexas
durante o processo do doutorado, mas sim ao seu final. Assim que recebi o
diploma, baixou toda aquela tensão que estava até então fragilmente sob
controle. Foram alguns meses para voltar às condições normais de temperatura e
pressão. Em conversa com o meu orientador de doutorado, marcado por grande
experiência na psicanálise, ele sublinhou algo que ficou gravado na memória.
Assinalou que nós, estudantes, nos preparamos para ir, mas descuidamos do
voltar. Queria dizer que nos preparamos para viver a experiência do doutorado
no exterior, que é mais impactante, mas descuidamos de lidar com os sentimentos
psicológicos que envolvem o nosso retorno ao cotidiano, no país onde vamos exercer
o nosso trabalho rotineiro e ferial. O doutorado é o momento “festivo”, de
liberação do trabalho profissional. Retornar ao dia a dia, ferial, é algo que
envolve um investimento psicológico. E nem sempre nos damos conta disso. No meu
caso, foi um aprendizado importante, que partilho atentamente com meus
orientandos.
Retornei à PUC-RJ para o primeiro semestre
letivo de 1986, assumindo também então a docência de disciplinas nos cursos de
graduação e pós-graduação em teologia. Tive, por sorte, dois meses para minha
adaptação psicológica. Dentre as disciplinas que fui assumindo: Eclesiologia,
Antropologia Teológica II (Teologia da graça), Teologia Moral, Teologia do laicato, Teologia Pastoral, Comunidades
eclesiais de base, Religiosidade popular, Diálogo Inter-religioso, Questões de
teologia pastoral e outras. Os contatos
também foram retomados na Universidade Santa Úrsula, onde continuei lecionando
no curso de teologia[9].
Nesse período, o campo de interesse temático foi sofrendo transformações.
Tive também uma passagem na administração
da pós-graduação em teologia da PUC-RJ, quando assumi a coordenação do mestrado
e doutorado a partir de julho de 1988, ficando no cargo por quase dois anos. Em
parte da década de 1990, até meados de 2001, participei como consultor da Capes
na comissão da sub-área de teologia e ciências da religião, não só na avaliação
dos cursos de pós-graduação da sub-área, como em visitas de avaliação aos
programas existentes: Centro de Estudos Superiores da Companhia de Jesus -
Teologia (1995); Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro - Teologia
(1997); Escola Superior de Teologia - Teologia (1997); Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo – Ciências da Religião (1997). Atuei ainda, nos anos de
2001 e 2003, como consultor do MEC-SESU, na avaliação de cursos de teologia
(bacharelado) e ciências religiosas, que visavam seu credenciamento. Dentre as instituições
visitadas e avaliadas: Faculdade Filadélfia, em Maceió (2000); Faculdade
Teológica Sul Americana, em Londrina (2000); Instituto de Estudos Superiores do
Maranhão, em São Luís (2000 e 2002); Faculdade de Filosofia, Teologia e
Ciências Humanas, no Amapá (2001); Instituto Filosófico-Teológico Nossa Senhora
Imaculada Rainha do Sertão, em Quixadá (2001); Faculdade Evangélica do Paraná
(2001); Faculdade Kurios, em Maranguape (2002) e Faculdade João Paulo II –
FAJOPA, em Marília-SP (2003).
O foco inicial de minha atenção acadêmica,
desde o doutorado, tinha sido a eclesiologia. Com o tempo, houve uma abertura
para a temática da antropologia teológica, em particular a questão da graça, e
daí para a teologia das religiões. O meu primeiro curso envolvendo essa questão
da teologia das religiões ou teologia do pluralismo religioso ocorreu no final
da década de 1980, na PUC-RJ, coincidindo com o momento em que o departamento
de teologia abria a possibilidade para estudantes da tradição evangélica se
inscreverem no curso. Lembro-me com alegria desse primeiro curso, com a
presença enriquecedora de alunos de diversas tradições cristãs. Foi um impulso
significativo na decisão de firmar o meu trabalho teológico nessa desafiante
área de reflexão.
Em 1989 surgiu a possibilidade de fazer um
concurso em Juiz de Fora (MG) para uma vaga aberta no Departamento de Ciência
da Religião, e justamente para a cadeira de eclesiologia sistemática. Não tive
nenhuma dúvida para acolher essa oportunidade que surgia. Lembro-me que ainda
no exterior, durante o doutorado, em conversa com o prof. Pedro Ribeiro de
Oliveira, que é também nascido em Juiz de Fora, tínhamos aventado essa hipótese
de retornar à cidade e pensar na possibilidade de implantação de uma
pós-graduação na área de ciência da religião. Era um sonho que começava a
ganhar impulso com essa abertura que estava sendo facultada. A seu favor, o
trabalho incansável do professor Antônio Guglielmi, então diretor do
departamento de ciência da religião em Juiz de Fora, que se desdobrava para dar
um perfil mais leigo e acadêmico ao quadro docente. Era também uma tentativa de
dar nova oxigenação ao departamento de ciência da religião, que na década de
1980 passou por momentos difíceis, com um quadro docente reduzido e motivação
em baixa depois de tantas tentativas mal sucedidas de fazer erguer o curso de
graduação tão almejado.
Fiz o concurso em Juiz de Fora, em
novembro de 1989, com a alegria de ter como um dos membros da banca de seleção
o teólogo Leonardo Boff. A nomeação como professor adjunto efetivo ocorreu no
final de dezembro de 1989, com regime de 20 horas de trabalho semanal. Preferi,
naquele momento, manter ainda o vínculo com a PUC-RJ e a Universidade Santa
Úrsula. Mantive essa situação até o ano de 1992, quando assumi a condição de
dedicação exclusiva na UFJF. Na sequência, vieram também, como concursados, os
professores Pedro Ribeiro de Oliveira (sociólogo) e Luiz Bernardo Leite Araújo
(filósofo). Com essa nova presença leiga o departamento de ciência da religião
ganhou um novo viço, surgindo a possibilidade de um projeto de pós-graduação.
A estratégia seguida pelo departamento de
ciência da religião em seu projeto de instauração de um programa de
pós-graduação na área foi firme e segura, seguindo passos graduais de
afirmação. Primeiro nasceu o curso de especialização em ciência da religião, em
1991, um curso gratuito, e que se mantem em formato semelhante até o presente
momento. Nunca houve interrupção no oferecimento de vagas para esse curso, que
se mantém como um dos mais fecundos e duradouros projetos, mantendo esse traço
de gratuidade que inexiste nos cursos lato-sensu
oferecidos pela UFJF no presente. Dois anos depois do início da especialização
nasceu o programa de mestrado, em 1993, num momento em que a UFJF começava
lentamente a investir na pós-graduação. Na visão de um dos consultores da Capes
– prof. Antonio Gouvêa Mendonça -, responsável pela avaliação do projeto
apresentado, o curso de Juiz de Fora compunha junto com o curso da PUC-SP o
perfil desejado para um curso de ciência (s) da religião. O projeto do mestrado
foi aprovado pela Capes com nota 4, e as atividades se iniciaram em 1993.
Assumi a tarefa de primeiro coordenador do programa, permanecendo nesta função
por dez anos.
Com o processo exitoso do mestrado, e
seguindo uma dinâmica estrategicamente planejada de aperfeiçoamento do corpo
docente, com a entrada de inúmeros novos professores doutores no programa
(Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião – PPCIR), nasceu o doutorado
no ano de 2000, também avaliado inicialmente com a nota 4 pela Capes. Foi o
primeiro doutorado da Universidade Federal de Juiz de Fora.
A avaliação que faço desse meu período de
presença no departamento de ciência da religião e no seu programa de
pós-graduação é muito rica. São mais de 24 anos trabalhando num campo de muitos
desafios e interrogações. O fato de ser um teólogo, ainda que adaptado para
esse exercício multidisciplinar, não significou em momento algum um empecilho
para a inserção nesse campo novo e em permanente redefinição epistemológica. Sublinho
ainda que não me senti, em momento algum, como um corpo estranho na dinâmica e
nos debates que marcaram até então a configuração dessa área acadêmica. Na
verdade, observo hoje que o meu trabalho teológico firma-se de modo muito mais
livre, leve e despojado aqui em Juiz de Fora. Naquele período da PUC-RJ, num
tempo de inverno eclesial acentuado, o clima instaurado nem sempre favorecia o
trabalho teológico autônomo e ousado. Acrescenta-se o dado da auto-censura que
acabava penetrando de forma inconsciente na dinâmica da produção teológica.
Constato hoje, com muita serenidade, a importância essencial de um trabalho
teológico que tenha uma função livre e pública, o que nem sempre pode ocorrer
nos espaços universitários sob controle eclesiástico. Daí ver com imensa
alegria a irradiação de uma discussão que ganha espaço nas várias instâncias de
presença acadêmica da teologia, desta urgente questão de uma teologia pública.
O meu trabalho acadêmico no PPCIR da UFJF
foi ganhando novas malhas com o tempo de inserção no magistério. Se no início o
grande campo de minha reflexão em Juiz de Fora era a teologia das religiões,
com os anos fui ampliando minha área de interesse para o tema do diálogo
inter-religioso e a mística comparada das religiões. Mantive acesos esses três
grande amores: a teologia do pluralismo religioso, o diálogo inter-religioso e
a mística comparada das religiões. Em torno a tais temas fui firmando minhas
linhas de pesquisa e projetos conexos. Esse interesse foi contagiando muitos de
meus alunos, que acabaram definindo seus projetos de monografia, dissertação ou
tese em temas correlatos. E a questão foi ganhando uma dimensão maior,
incidindo inclusive na definição temática de áreas de interesse em outros
programas de pós-graduação em ciências da religião cujo corpo docente veio
marcado por ex-alunos do PPCIR de Juiz de Fora.
Como fruto de meu trabalho na área de
ciência (s) da religião, publiquei em 1995 o livro sobre teologia das religiões[10].
Na ocasião, senti necessidade de ampliar o aprofundamento nesta temática.
Sabendo da presença de um excelente professor e pesquisador que atuava em Roma
no período, trabalhando especificamente este tema, resolvi estabelecer um
contato e pensar na possibilidade de um estágio pós-doutoral. Viajei para Roma
e pude conhecer o professor Jacques Dupuis, um jesuíta belga que atuou 36 anos
na Índia (entre os anos de 1948 a 1984) que na ocasião lecionava cristologia e
teologia das religiões na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Ele
aceitou com alegria minha proposta e indicou a data de 1997 como favorável para
o início do estágio pós-doutoral, quando estaria sendo lançado o seu clássico
livro sobre o tema: Rumo a uma teologia
cristã do pluralismo religioso (Queriniana, 1997). Favorecido com uma bolsa
da Capes, iniciei o estágio pós-doutoral em 1997, com pesquisa sobre a obra de
Jacques Dupuis. Foi também uma rica oportunidade para seguir dois de seus
cursos, além de outros na seção de ciências religiosas da Gregoriana, entre os
quais o de Arij Roest Crollius sobre teologia cristã do judaísmo. Permaneci em
Roma, com toda a família, até 1998, quando finalizei o trabalho proposto por
Jacques Dupuis, e que ganhou publicação em dois números na revista dos jesuítas
brasileiros, Perspectiva Teológica: Panorâmica da abordagem cristã sobre as
religiões – a propósito de um livro I (PT nº 80 – jan/abr 1998) e Para uma teologia cristã do pluralismo
religioso – a propósito de um livro II (PT nº 81 – maio/ago 1998).
Minha
pesquisa no pós-doutorado envolvia um tema controvertido, sendo objeto de
muitas resistências e críticas em segmentos do Vaticano. Vale lembrar que o meu
orientador, Jacques Dupuis, ainda quando eu estava em Roma, começou a sofrer
sérias advertências em razão da obra que acabara de lançar sobre o tema. Já no
final de 1998 teve que responder a uma
série de indagações feitas pela Congregação para a Doutrina da Fé (CdF), sendo
também impedido de dar continuidade a seus cursos na Gregoriana. Os documentos
enviados por Dupuis em defesa de suas teses não foram aceitas pela CdF que
acabou notificando sua obra em fevereiro de 2001, com publicação no jornal L´Osservatore Romano. Um processo de
muito sofrimento para Dupuis, que acabou falecendo em dezembro de 2004[11].
Ao retornar
ao Brasil, em 1998, dei continuidade aos meus trabalhos de pesquisa. A
propósito do tema da teologia das religiões, publiquei um novo trabalho, em
2012, pela editora Nhanduti de São Bernardo do Campo. Era uma forma de retomar os
temas clássicos de minha pesquisa e acrescentar passos de novas intuições e
outros autores que foram sendo abordados em minha reflexão, como Paul Tillich,
Roger Haight e Christian Duquoc. O livro teve como título: Teologia e pluralismo religioso.
Com respeito à questão do diálogo
inter-religioso, resolvi dar um passo distinto na forma de trabalhar o tema,
saindo um pouco da perspectiva mais teórica e abstrata para voltar-me para a
análise mais dedicada aos sujeitos ou buscadores ligados ao cristianismo e que
viveram uma experiência de diálogo com outras tradições religiosas. Nascia
assim o meu projeto dos “buscadores de diálogo”, que pontuou minhas pesquisas a
partir do início do novo milênio. Sintonizei meus cursos sobre diálogo
inter-religioso na pós-graduação com esta nova perspectiva e elaborei um
projeto de produtividade em pesquisa para o CNPQ, que foi implementado em março
de 2005. Esse projeto acabou resultando num livro, publicado em 2012 pela
editora Paulinas (São Paulo): Buscadores
do diálogo. Itinerários inter-religiosos. No livro abordei o itinerário de
cinco buscadores: Thomas Merton, Henri le Saux, Raimon Panikkar, Louis
Massignon e Simone Weil. O trabalho de pesquisa acabou se enveredando para o
campo mais específico dos buscadores cristãos no diálogo com o islã, que foi
também apresentado ao CNPQ, como continuidade da pesquisa anterior, sendo
aprovado pela instância de fomento em março de 2011, e renovado por mais três
anos em março de 2014. Os autores agora trabalhados são outros: Abd-el-Jalil,
Louis Gardet, Georges Anawati, Serge de Beaurecueil, Christian de Chergé e
Paolo dall´Oglio. Parte da pesquisa também resultou em livro, que se encontra
no prelo das edições Paulus, com previsão de publicação para o final de 2014.
No âmbito da
mística comparada, meu outro campo de inserção, as reflexões e pesquisas foram
ganhando vulto nestes últimos quatorze anos, com impacto tanto nas disciplinas
ministradas na pós-graduação do PPCIR como nos eventos que fui organizando e
nas publicações que se seguiram. Pude dedicar-me à criação das disciplinas de
mística comparada, voltadas ao aprofundamento não só da mística cristã, mas
também das místicas islâmica e zen budista. Os projetos de orientação nessa
área foram sendo articulados num dos grupos de pesquisa do CNPQ, criado por
minha iniciativa em 2006: Núcleo de Estudos de Mística Comparada. O passo mais
significativo nesse campo foi o lançamento de uma iniciativa que teve
irradiação nacional: a criação dos seminários de mística comparada, realizados
anualmente na cidade de Juiz de Fora, no seminário da Floresta. A iniciativa
nasceu como um estímulo para dar continuidade aos trabalhos de orientação e
pesquisa que já estavam em curso em alguns programas de ciência (s) da religião
e teologia do Brasil, em particular na UFJF, PUC-SP e PUC-RJ, envolvendo também
outros pesquisadores de universidades federais, como a UFRJ, UFF e UFMG. Pude
contar com a colaboração de pesquisadores de ponta no incentivo e incremento
desta iniciativa que teve seu passo inicial em setembro de 2001. Entre eles:
Luis Felipe Pondé, Maria Clara Bingemer e Marco Lucchesi. Nasceram assim, em
2001, os já clássicos seminários de mística, que já contaram com 12 edições e
uma repercussão viva nos vários espaços de presença da teologia e ciência (s) da
religião no Brasil. Os seminários inspiraram grupos de trabalho ou núcleos de
pesquisa que vão se firmando por todo canto, quebrando aquela tradicional
barreira contra a mística presente no mundo acadêmico. Como resultado dos
seminários, três publicações que pude organizar pela editora Paulinas: No limiar do mistério. Mística e
religião (2004); Nas teias da delicadeza.
Itinerários místicos (2006); Caminhos da
mística (2012). E outro volume está sendo preparado, em torno da temática
da mística e literatura, com previsão de publicação para 2015.
Na tentativa
de dar uma sistematização à minha produção acadêmica ao longo de meu percurso
de vida, posso buscar inscrever essa produção em dois blocos específicos,
desdobrados em seis campos de reflexão. Num primeiro bloco, um campo de
produção mais ampliada: eclesiologia e missão, teologia do pluralismo religioso,
diálogo inter-religioso, espiritualidade e mística comparada das religiões. Num
segundo bloco, outros campos também trilhados, ainda que em menor escala:
teologia e mundo acadêmico e sociologia da religião[12].
Tomando por base o meu currículo lattes, buscarei apontar os dados de minha
produção geral e inscrever as produções que considero mais significativas.
Os dados
mais amplos, envolvendo todos os âmbitos de minha pesquisa, traduzem os
seguintes números:
Livros Publicados: 18
Livros Organizados: 13
Capítulos de Livros: 90
Artigos em Periódicos: 151
Artigos em Revistas (Magazines): 53
Artigos em Jornais: 92
Demais produções bibliográficas: 45
Abrindo o
primeiro bloco, destacam-se os seguintes artigos referentes ao campo da eclesiologia e da missão, destaco as seguintes produções:
Livros:
. A fé na vida. Excerpta ex Dissertatione ad Doctoratum in
Facultate Theologiae Pontificiae Universitatis Gregorianae (Romae, 1985)[13]
. A fé na vida. Um estudo teológico pastoral sobre a
experiência das comunidades eclesiais de base no Brasil (Loyola, 1987)
. Comunidades Eclesiais de Base: bases teológicas (Vozes, 1988)
. A gênese das CEBs no Brasil (Paulinas, 1988)
. CEBs: cidadania e modernidade (em co-autoria, Paulinas,
1983)
. Os encontros intereclesiais de CEBs no Brasil (Paulinas,
1996)
Capítulos de Livros:
. Le comunità ecclesiali di base in Brasile (Citadella, 1992)
. As comunidades eclesiais de base: traços explicativos de
sua gênese (Vozes, 1992)
. Basisgemendein in Lateinamerika – RGG (Morth Siebeck, 1998)
. Os 25 anos de pontificado de João Paulo II – Barsa
(Melhoramentos, 2004)
. Comunidades eclesiales de base – Diccionario de Pastoral
Vocacional (Sigueme, 2005)
. Eclesiologia en tiempos de pluralismo religioso (Abya Yala,
2006)
. João Batista Libânio: a eterna cadência da fé (SOTER /
Paulinas, 2014)
Artigos em Periódicos:
. A dimensão política da fé (Vozes, 1982)
. Dimension politica de la fe (Pastoral Popular, 1983)
. A synoptic view of the structure of the BEC – CEBs (Sedos,
1984)
. L´emergence d´un laicat créateur de valeurs
ecclésiologiques (Spiritus, 1987)
. Les communautés de base du Brésil au tornant (Études, 1992)
. CEBs: cidadania em processo (REB[14],
1993)
. O cristianismo entre a identidade singular e o desafio
plural (Perspectiva Teológica, 1995)
. A igreja e o desafio do diálogo e anúncio (REB, 1995)
. Nuovo congregazionalismo. Risposta cattolica: le comunità
ecclesiali di base in Brasile (Concilium, 1996)
. Os intereclesiais de CEBs: identidade em construção (Perspectiva
Teologica, 1997)
. Las CEBs y el desafio de la acogida interreligiosa
(Spiritus, 1998)
. Les communautés ecclésiales de base au Brésil (Spiritus,
1999)
. Les CEBs au Brésil. Exigences d´oecumenisme et
d´inculturation (Spiritus, 1999)
. Storia di fede e di vita nelle comunità ecclesiali di base
(Concilium, 2002)
. O testemunho no mundo plural (Convergência, 2004)
. Sonhos e esperanças de cortesia espiritual: um desafio para
a igreja católica no século XXI (REB, 2005)
. Evangelização em um mundo pluralista (Convergência, 2006)
. O pluralismo religioso e a dinâmica missionária (Forum
Mission, 2010)
. Ermeneutiche in tensione: tempi bui per la teologia
(Concilium, 2013)
. João Batista Libânio: a eterna cadência da fé (Perspectiva
Teológica, 2014)
Quanto ao campo da teologia do pluralismo religioso, destacam-se as seguintes
produções:
Livros:
. Teologia das religiões. Uma visão panorâmica (Paulinas,
1995)
. Teologia de les religions. Visió panorâmica de la situació
actual (Claret-Barcelona, 2002)
. Teologia de las religiones. Una visión panorámica
(Abya-Yala, 2005)[15]
. Teologia e pluralismo religioso (Nhanduti, 2012)
Livros organizados:
. Diálogo de pássaros: nos caminhos do diálogo
inter-religioso (Paulinas, 1993)
Capítulos de Livros:
. Inculturação da fé e pluralismo religioso (2001)
. A experiência de Deus nas religiões (Loyola, 2001)
. O desafio do pluralismo religioso para a teologia latino-americana
(Rede, 2003)
. El desafio del pluralismo religioso a la teologia
latino-americana (Verbo Divino, 2003)
. Karl Rahner e as religiões (Loyola, 2004)
. La teologia del pluralismo religioso en America Latina
(Abya Yala, 2006)
. El desafio de una cristología en clave pluralista (Dabar,
2007)
. Uma teologia de amor ao pluralismo (Paulinas, 2008)
. Teologia das religiões (Aste, 2008)
. O pluralismo inclusivo de Jacques Dupuis (Paulinas, 2008)
. O irrevogável desafio do pluralismo religioso
(Paulinas/Soter, 2010)
. Pluralismo religioso: dono di Dio (Adista, 2011)
. A palavra sagrada nas religiões (Paulinas, 2011)
Artigos em periódicos:
. Para uma teologia cristã do pluralismo religioso
(Perspectiva Teológica, 1998)
. Panorâmica das abordagens cristãs sobre as religiões
(Perspectiva Teológica, 1998)
. A teologia do pluralismo religioso em Claude Geffré (Numen,
1998)
. La cuestión de la teologia del pluralismo religioso
(Spiritus, 1999)
. A teologia do pluralismo religioso em questão (REB, 1999)
. Do diálogo ao anúncio: reflexões sobre a declaração Dominus
Iesus (REB, 2000).
. Dominus Iesus em ação: a notificaçãoo sobre o livro de
Jacques Dupuis (REB, 2001).
. Uma cristologia provocada pelo pluralismo religioso:
reflexões em torno ao livro Jesus,
símbolo de Deus, de Roger Haight (REB, 2005)
. Substância católica e religiões (Correlatio, 2006)
. O pluralismo religioso como novo paradigma para a teologia
(Concilium, 2007)[16]
. Salvação entre e além das religiões (Unicap, 2009)
. O desafio das teologias índias (Horizonte, 2009)
. La teologia del pluralismo religioso in America Latina
(Credereoggi, 2009)
. Raimon Panikkar: a arriscada aventura no solo sagrado do
outro (Perspectiva Teológica, 2010)
. O irrevogável desafio do pluralismo religioso
(Ciberteologia, 2010)
. Teologia asiática e pluralismo religioso (Perspectiva
Teológica, 2011)
No Âmbito
das produções relacionadas ao tema do diálogo
inter-religioso, estas outras produções:
Livros:
. Ecumenismo e diálogo inter-religioso (em co-autoria com
Zwinglio Mota Dias - Santuário, 2008)
. Buscadores do diálogo (Paulinas, 2012)
. Cristianismo e diálogo inter-religioso (Fonte
Editorial/PPCIR, 2014)
. Buscadores cristãos no diálogo com o islã (Paulus, 2014)
Livros organizados:
. O diálogo inter-religioso como afirmação da vida (Paulinas,
1997)
. Sede de Deus: orações do judaísmo, cristianismo e islã (em
co-autoria com Volney Berkenbrock – Vozes, 2002)
Capítulos de Livro:
. O diálogo como linguagem evangelizadora (Paulinas, 1993)
. Novos paradigmas resultantes do diálogo inter-religioso
(Loyola, 1996)
. Dia mundial de oração pela paz (Paulinas, 1997)
. Apresentação do livro de Jacques Dupuis: Rumo a uma
teologia cristã do pluralismo religioso (Paulinas, 1999)
. Diálogo inter-religioso e vivência intercultural (CSEM,
2000)
. A interpelação do diálogo inter-religioso para a teologia
(Paulinas/Soter, 2000)
. O desafio do mistério da alteridade (Loyola, 2002)
. O Concílio Vaticano II e o diálogo inter-religioso
(Paulinas, 2004)
. Peregrinos do diálogo (Fasa, 2005)
. Diálogo inter-religioso e educação para alteridade
(Unisinos, 2006)
. O fundamentalismo em tempos de pluralismo religioso
(Paulinas, 2008)
. Diálogo entre as religiões e igrejas em favor da vida e da
justiça (Paulus, 2008)
. A contribuição das religiões: uma visão ecumênica (FGV
& FAPERJ, 2009)
. A conjuntura internacional católica: a relação com as
religiões (Vozes, 2009)
. Diversidade religiosa: riqueza e desafio para o diálogo e a
cooperação (Paulus, 2011)
. Sinais de abertura: liberdade religiosa, ecumenismo e
diálogo inter-religioso (Paulinas, 2013)
. Perspectivas para o diálogo inter-religioso (Vozes, 2014)
Artigos em periódicos:
. Jornada mundial de oração pela paz (REB, 1996)
. Desafios del dialogo inter-religioso (Alternativas, 1998)
. O diálogo inter-religioso na perspectiva do terceiro
milênio (Convergência, 1999)
. O diálogo inter-religioso face ao desafio da
responsabilidade global (Numen, 1999)
. Entre o desafio do diálogo e a vocação do anúncio
(Convergência, 1999)
. Ecumenismo planetário (Rhema, 1999)
. Un retrocesso en el caminho del dialogo (Misiones
Extranjeras, 2000)
. Um olhar sobre o ecumenismo e o diálogo inter-religioso
(Numen, 2000)
. Pasos ecuménicos en la última década (Misiones Extranjeras,
2000)
. CEBs e dialogo inter-religioso (Mundo e Missão, 2000)
. El paradigma de Asis (Concilium, 2001)
. La interpelacion del dialogo inter-religioso a la teologia
(Alternativas, 2001)
. O diálogo em tempos de fundamentalismo religioso
(Convergência, 2002)
. Diálogo inter-religioso: o desafio da acolhida da diferença
(Perpectiva Teológica, 2002)
. O diálogo inter-religioso no tempo da cidadania da
identidade (Tempo e Presença, 2003)
. O diálogo inter-religioso na perspectiva do terceiro
milênio (Horizonte, 2003)
. El dialogo interreligioso en los tempos de la cidadania de
la identidade (Spiritus, 2004)
. La sfida della pace tra religioni (Comunità italiana, 2005)
. El temor del reconocimiento de la alteridade (Alternativas,
2005)
. O episcopado latino-americano diante do diálogo
inter-religioso (Encontros Teológicos, 2006)
. O diálogo entre as religiões (Vida Pastoral, 2007)
. Thomas Merton: um buscador do diálogo (Encontros
Teológicos, 2007)
. Enlaçados no mistério: o diálogo entre cristãos e
muçulmanos (Convergência, 2007)
. Henri le Saux: nas veredas do real (Perspectiva Teológica,
2008)
. Simone Weil: uma paixão sem fronteiras (Convergência, 2008)
. Raimon Panikkar: a arriscada aventura no solo sagrado do
outro (Perspectiva Teológica, 2010)
. Louis Massignon: a hospitalidade dialogal (Perspectiva
Teológica, 2010)
. A dimensão espiritual do diálogo inter-religioso (Tempo
Brasileiro, 2010)
. Sob o mistério do islã: o caminho dialogal de Georges
Anawati (Revista Dominicana de Teologia, 2011)
. O imprescindível desafio da diferença religiosa (Remhu,
2012)
. O fenômeno do fundamentalismo religioso (Diálogo, 2012)
. O Deus da prosperidade: desconstruindo imagens (Concilium,
2014/4)
. A dimensão espiritual do diálogo inter-religioso (Caminhos
de diálogo, 2014)
Os temas
relacionados à espiritualidade e mística
comparada das religiões comparecem nos seguintes trabalhos:
Livros:
. A espiritualidade do seguimento (Paulinas, 1994)
. La espiritualidade del seguimento (Dabar-Mexico, 1996)
. Religiões & Espiritualidade (Fonte Editorial, 2014)
Livros organizados:
. No limiar do mistério: mística e religião (Paulinas, 2004)
. Nas teias da delicadeza: itinerários místicos (Paulinas,
2006)
. O canto da unidade: em torno da poética de Rûmî (em
co-autoria com Marco Lucchesi – Fissus, 2007)[17]
. Caminhos da mística (Paulinas, 2012)
Capítulos de livros:
. Mística e política na América Latina: a espiritualidade do
seguimento (Loyola, 1994)
. A espiritualidade nas CEBs (Paulinas, 1997)
. A experiência de Deus nas religiões (Loyola, 2001)
. A experiência de Deus no islã (Record, 2002)
. Rûmî: a paixão pela unidade (Paulinas, 2004)
. O desafio da mística comparada (Paulinas, 2004)
. Espiritualidade do ecumenismo e do diálogo inter-religioso
(O lutador, 2004)
. O potencial libertador da espiritualidade e da experiência
religiosa (Paulus, 2005)
. Os caminhos da espiritualidade: um olhar com base nas
tradições místicas (Hucitec, 2006)
. Nos rastros do Amado: o Cântico Espiritual de João da Cruz
(Paulinas, 2006)
. As partes e o todo: o apelo da mística islâmica (Cândido
Mendes, 2007)
. A flama do coração: perspectivas dialogais em Rûmî (Fissus,
2007)
. O sentido místico da consciência planetária (Paulinas/PUC-Minas,
2009)
. A narrativa de Deus nas religiões não-monoteístas: um olhar
sobre a Escola de Kyoto (Casa Leira, 2009)
. Rûmî e o canto da unidade (PUC-RJ, 2010)
. Marks of an Inter-Religious Mysticism (Dunamis, 2010)
. Marcos de uma mística inter-religiosa (Paulinas, 2011)
. Teilhard de Chardin
e a teofania de Deus no universo (Paulinas, 2012)
. Aspectos pedagógicos da religiões: a dimensão pedagógica da
espiritualidade (Paulinas, 2012)
. O resgate da espiritualidade no cotidiano (SOTER /
Paulinas, 2014)
Artigos em periódicos:
. Deus, fonte e senhor da vida (Família Cristã, 1994)
. O desafio da mística comparda (Ciberteologia, 2007)
. Rûmî: um dos místicos mais abertos à cortesia e
hospitalidade inter-religiosa (Cadernos IHU em Formação, 2008)
. Rûmî é o poeta da dança da unidade (Cadernos IHU em
Formação, 2008)
. Mística comparada: semelhanças na diferença (Cadernos IHU
em Formação, 2008)
. O mistério e a palavra (Poesia Sempre, 2009)
. O sentido místico da consciência planetária ( REB, 2010)
. A dimensão espiritual do diálogo inter-religioso (Tempo
Brasileiro, 2010)
. Espiritualidade e interreligiosidade (Convergência, 2011)
. A fragrância plural do sufismo: Ibn ´Arabi e a abertura
inter-religiosa (Atualidade Teológica, 2011)
. A espiritualidade zen budista (Horizonte, 2012)
. O itinerário místico de Ernesto Cardenal (REB, 2013)
Num segundo
bloco, aparecem primeiramente os artigos que abordam a questão da teologia e o mundo acadêmico,
envolvendo também os temas relacionados com a teologia da libertação:
Livros:
. Cristianismos e teologia da libertação (Fonte Editorial, 2014)
. Cristianismos e teologia da libertação (Fonte Editorial, 2014)
Livros organizados:
. Teologia da libertação: novos desafios (Paulinas, 1991)
. A(s) ciência (s) da religião no Brasil: afirmação de uma
área acadêmica (Paulinas, 2001)[18]
Capítulos de livros:
. O lugar da teologia na (s) ciência (s) da religião
(Paulinas, 2001)
. Teologia da libertação: eixos e desafios (CEBI, 2006)
. Ciências da religião e ensino do religioso (Paulinas, 2006)
. Cultivo da formação e a vida intelectual (Paulinas, 2012)
. Ciência da religião e teologia (Paulinas/Paulus, 2013)
Artigos em periódicos:
. A dimensão política da fé (Revista de Cultura Vozes, 1982)
. A teologia no tempo (Tempo Brasileiro, 2009)
. O “ensino do religioso” e as ciências da religião
(Horizonte, 2011)
. Teologia pluralista de la liberación: mas allá del
inclusivismo (Alternativas, 2012)
. Contributions of Buddhist Thinking to Liberation Theology (Voices
- Theological Journal of EATWOT, 2013)
. João Batista Libânio: a eterna cadência da fé (Perspectiva
Teológica, 2014)
Por fim, os
artigos que se situam no campo da sociologia
da religião e áreas afins:
Livros organizados:
. Sociologia da religião: enfoques teóricos (Vozes, 2003)[19]
. As religiões no Brasil: continuidades e rupturas (em
co-autoria com Renata Menezes – Vozes, 2006)
. Catolicismo plural: dinâmicas contemporâneas (em co-autoria
com Renata Menezes – Vozes, 2009)
. Religiões em movimento: o Censo de 2010 (em co-autoria com
Renata Menezes – Vozes, 2013)
Capítulos de livros:
. Peter Berger e a religião (Vozes, 2003)
. Faces do catolicismo brasileiro contemporâneo (Vozes, 2009)
. Religião e busca de significado (Hucitec, 2011)
. O Censo de 2010 e as religiões no Brasil (Vozes, 2013)
. Pluralismo religioso e ecumenismo na América Latina
(Urbaniana, 2014)
Artigos em periódicos:
. O sagrado em novos itinerários (Vida Pastoral, 2000)
. O campo religioso em Juiz de Fora (Religião e Sociedade,
2003)
. Análise sócio-fenomenológica do pluralismo religioso no
Brasil (REB, 2012)
. Igreja católica em época de transição (Estudos de Religião,
2013)
. Os dados sobre religiões no Brasil em debate (Debates do
NER, 2013)
. Un campo religioso in trasformazione. Il censimento del
2010 e le religioni in Brasile (Studi Ecumenici, 2013)
. O Deus da prosperidade: desconstruindo imagens (Concilium,
2014/4 – publicado em seis línguas: inglês, alemão, italiano, espanhol, Croata
e português)
. Campo religioso em transformação (Comunicações do Iser,
2014)
. Lo scenario religioso globale (Missione Oggi, 2014)
Apresentações de Livros (alguns destaques):
. Apresentação da obra de Tomás de Kempis. A imitação de
Cristo: tanto na edição publicada pela Vozes (2009), como na edição publicada
no O Lutador (2014), organizada por Henrique Cristiano José Matos.
. Apresentação do livro de Danièle Hervieu-Léger, na edição
brasileira publicada pela Vozes (2008).
. Apresentação do livro da mística beguina, Marguerite Porete
(O espelho das almas simples), publicado pela Vozes em 2008 – na tradução de
minha orientanda de pós-Doutorado: Silvia Schwartz.
. Apresentação do livro de João da Cruz, A noite escura, na
tradução da Vozes (2008).
. Apresentação do livro de John Hick, teologia cristão e
pluralismo religioso, na edição brasileira da Attar (2005)
. Apresentação do livro de Claude Geffré, Crer e interpretar.
A virada hermenêutica da teologia, na tradução da Vozes (2004)
Além destas
produções elencadas devo ainda acrescentar outras: artigos em jornal de
notícias (89 produções), artigos em revistas-magazine (51 produções) e demais
produções bibliográficas, como introduções, prefácios, apresentações, resenhas
e organização de revistas (43
produções). Dentre as produções que se encontram no prelo: um livro organizado
com Marco Lucchesi, sobre a mística de Angelus Silesius – incluindo a tradução
de 40 dísticos do Peregrino Querubúnico -, com previsão de publicação para o
primeiro semestre de 2015 (com o título: Moradas. Editora Martelo, Goiânia); 1
capítulo de livro sobre o tema: Thomas Merton e o canto das coisas (Mertonianum
100), com previsão de publicação para janeiro de 2015; 3 verbetes para o
Dicionário sobre o Vaticano II (Revista Concilium; Religião/Religiões; Guerra e
Paz), que se encontra em fase de finalização pela editora Paulus; verbete sobre
Experiência Religiosa: abordagem das ciências da religião, na Theologica
Latinoamericana. Enciclopédia Digital; 1 artigo para a Revista Horizonte
(PUC-MG): A salvaguarda da diversidade e a defesa da criação, prevista para
publicação em janeiro de 2015; 1 artigo para a Revista Convergência (CRB): O
campo religioso brasileiro no Censo de 2010, com previsão de publicação em
início de 2015.
Neste
repertório existencial, busquei sempre articular minhas atividades acadêmicas
no magistério teológico com as pesquisas que vão ganhando a cada dia um maior
espaço em minha vida, assim como as atividades de orientação na pós-graduação,
pelas quais nutro um enorme carinho. Mantenho meu vínculo de pesquisa junto ao
CNPQ e também as atividades de assessoria vinculadas ao núcleo do
ISER-Assessoria no Rio de Janeiro, ao qual estou ligado há décadas. Vale também
registrar o meu envolvimento com o Grupo de Emaús, que é uma comunidade de
amigos vinculados a um semelhante engajamento existencial, religioso e social.
É um grupo que nasceu na década de 1970, agregando amigos envolvidos num sonho
comum de transformação da sociedade e das igrejas. No início, faziam parte os
teólogos, pastoralistas e agentes que buscavam dar organicidade à reflexão
teológica e pastoral em sintonia com os grandes desafios do tempo. Entre os
nomes presentes naquele momento inaugural: frei Betto, Ivo Lespaupin, Leonardo
Boff, João Batista Libânio, Carlos Mesters, Oscar Beozzo, Jether Ramalho e
outros. Com o tempo foram se agregando novos membros, com o colorido de seus
vários saberes: filosofia, história, teologia, ciências sociais. Como assinalou
Leonardo Boff em depoimento sobre o grupo: “Íamos afinando uma perspectiva que
acabou sendo patrimônio comum do grupo: arrancar sempre do real, a inserção
pessoal nele (a ´cosa nostra`), o tipo de reflexão que fazíamos de viés
analítico-crítico e por fim suas implicações teológicas, eclesiais e
espirituais”. Minha inserção no grupo se deu da década de 1990, junto com
outros amigos. O interessante é constatar que iniciativas importantes na vida
das igrejas no Brasil nasceram também inspiradas e motivadas na reflexão desse
grupo, como os Encontros Intereclesiais de CEBs, o CEBI e o CESEP.
Quanto à produção técnica ou apresentação de trabalho e palestra,
sublinho a minha atuação de consultoria junto à CAPES e ao MEC-SESU, respectivamente
no trabalho de avaliação dos cursos de pós-graduação ligados à sub-área de
teologia e ciências da religião e nos processos de solicitação de
credenciamento dos cursos de teologia e ciências religiosas. Passos que já
foram sublinhados ao longo do memorial.
Destaco ainda inúmeras assessorias, cursos
ou conferências dadas ao longo de minha vida profissional, também elencadas no
Currículo Lattes[20]:
* Universidades,
Institutos Universitários, Programas de Pós-Graduação
-
Universidade Federal de Juiz de Fora
-
Universidade Federal do Rio de Janeiro
-
Universidade Federal Fluminense
-
Universidade Federal do Ceará
-
Universidade Federal de São João del Rei
-
Fundação Getúlio Vargas
-
Universidade do Rio dos Sinos (UNISINOS)
-
Universidade Regional do Cariri (URCA)
-
Centro de Estudos Superiores da Companhia de
Jesus (CES), agora nomeado Facudades dos Jesuítas (FAJE)
-
Pontifícia Universidade Urbaniana (Roma)
-
Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro
-
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
-
Pontifícia Universidade Católica de Campinas
-
Pontifícia Universidade Católica do Paraná
-
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
-
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul
-
Universidade Estadual do Pará (UEPA)
-
Universidade Regional do Cariri (URCA)
-
Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP)
-
Universidade Católica de Brasília
-
Universidade Cândido Mendes
-
Universidade Católica de Pelotas
-
Universidade Católica de Goiás
-
Universidade Metodista de São Paulo
-
Faculdades Integradas Claretianas
-
Istituto di Studi Ecumenici S.Bernardino –
Florença, Itália
-
Instituto Franciscano Teológico de Petrópolis
-
Instituto Teológico de São Paulo (ITESP)
-
Instituto Teológico de Santa Catarina (ITESC)
-
Instituto Teológico de Londrina
-
Instituto de Teologia de Ilhéus
-
Instituto Teológico Pastoral do Ceará
-
Instituto Teológico Arquidiocesano de Juiz de
Fora (ITASA)
-
Instituto Filosófico Teológico da Arquidiocese
de Vitória (IFTVA)
-
Instituto São Tomás de Aquino (ISTA)
-
Instituto Universidade Popular (UNIPOP)
-
Studium Theologicum de Curitiba
-
Centro Universitário CESMAC – Maranhão
-
Centro de Estudos Superiores – Juiz de Fora
-
Universidade Estadual de Montes Claros
(Unimontes)
-
Pontifícia Universidade Urbaniana (Roma)
* Conferências de Bispos e Religiosos,
Congregações e Institutos Religiosos
-
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
-
Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB)
-
Ordem dos Jesuítas (Companhia de Jesus)
-
Ordem dos Dominicanos
-
Ordem dos Franciscanos
-
Ordem dos Franciscanos Conventuais
-
Ordem dos Capuchinhos
-
Congregação Redentorista
-
Congregação do Verbo Divino
-
Irmãos Maristas
-
Província Marista Brasil Centro-Norte
-
Instituição Teresiana
-
Pia Sociedade de São Caetano
-
Missionários Palotinos
-
Irmãs Servas do Espírito Santo
-
SEDOS – Service of Documentation and Studies on
Global Mission
Colégios e Instituições de Ensino
-
Colégio dos Jesuítas, JF
-
Colégio Cristo Redentor, JF
-
Colégio Stela Matutina, JF
-
Colégio Loyola, BH
-
Colégio Santo Inácio, RJ
-
Colégio Sion, Curitiba
-
Colégio Teresiano, RJ
-
Colégio Santa Teresa, RJ
-
Colégio Marista, ES
-
Colégio Catarinense
* Organizações não Governamentais (ONGs)
e outros
-
Centro Loyola Fé e Cultura (Rio de Janeiro e
Belo Horizonte)
-
Centro Ecumênico de Serviços à Evangelização e
Educação Popular (CESEEP)
-
Instituto de Estudos da Religião (ISER) - RJ
-
ISER-Assessoria – RJ
-
Instituto de Pastoral Regional (IPAR), PA
-
FONAPER
-
Centro de Estudos Bíblicos (CEBI)
-
Conselho Indigenista Missionário (CIMI)
-
Centro Ecumênico de Evangelização, Capacitação e
Assessoria (CECA)
-
Instituto Italiano de Cultura, RJ
-
Núcleo de Assessoria, Treinamento e Estudos em
Saúde (NATES – UFJF)
-
Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (CONIC)
-
Ampliada Nacional das CEBs
-
Centro de Documentação e Informação (CEDI)
-
Agência de Notícias Carta Maior
-
Espaço Cultural CPFL – Campinas, SP
-
Academia Brasileira de Letras (ABL)
* Igrejas e Dioceses
-
Diocese de Itapeva
-
Diocese de Valença
-
Diocese de Ihéus
-
Arquidiocese de Vitória
-
Arquidiocese do Belo Horizonte
-
Arquidiocese de São Paulo
-
Diocese de Volta Redonda e Barra do Piraí
-
Diocese de Picos
-
Prelazia de Marabá
-
Prelazia de São Felix do Araguaia
No âmbito
das orientações e supervisões,
assinalo que ao longo de minha atuação acadêmica orientei diversas dissertações
de mestrado, desde a época em que lecionava na PUC-RJ. Até o presente momento,
foram 29 dissertações de mestrado defendidas sob minha orientação. Com respeito
ao doutorado, foram 14 teses defendidas sob minha orientação, e outra como
co-orientador. Estive também na supervisão de um projeto de pós-doutorado,
concluído na UFJF. No momento, estou orientando 5 alunos no Mestrado, 4 alunos
no doutorado e supervisionado 3 pesquisadores no estágio de Pós-Doutorado.
Das teses doutorais defendidas sob minha
orientação duas foram vencedoras do Prêmio SOTER-Paulinas de melhor tese na
área de teologia e ciências da religião. A primeira, de Carlos Frederico
Barboza de Souza, com resultado divulgado durante o 22º Congresso Internacional
da SOTER – 2009. A tese foi publicada pela editora Paulinas (SP) em 2010, com o
título: A mística do coração. A senda cordial de Ibn´Arabi e João da Cruz. A segunda, de Paulo Agostinho Nogueira
Batista, com resultado divulgado durante o 23º Congresso Internacional da SOTER
– 2010. A tese foi publicada pela editora Paulinas (SP) em 2011, com o título:
Libertação e teologia. A teologia teoantropocósmica de Leonardo Boff. Outra
tese doutoral defendida sob minha orientação, de Silvia Schwartz, foi premiada
em 2005 com menção honrosa no Prêmio Capes de Teses. O título da tese: A
beguine e al-shayk. Um estudo comparado da aniquilação mística em Marguerida
Porete e Ibn´Arabi (PPCIR, 2005). Outras duas teses doutorais sob minha
orientação foram também publicadas: a
tese de Rodrigo Coppe Caldeira - Os baluartes da tradição: O conservadorismo
católico brasileiro no Concílio Vaticano II. Curitiba: CRV, 2011; e de Sibélius
Cefas Pereira. Thomas Merton contemplação no tempo e na história. São Paulo:
Paulus, 2014.
Quanto à gestão acadêmica, depois de dez anos
atuando na coordenação do programa de pós-graduação em ciência da religião, a
partir do período da criação do mestrado, em 1993, permaneci em seguida atuando
exclusivamente na docência e nas tarefas de orientação[21].
Há cerca de dois anos, desde 2012, assumi a coordenação do curso de
especialização em ciência da religião[22],
um trabalho que vem se somar às outras atividades em curso.
Ao final desse
exercício de memória, difícil e complexo, busco resgatar passagens da vida que
talvez escapem de minha reflexão. Gostaria de ser, de certa forma, como aquele
personagem de Jorge Luis Borges, Funes, que tinha uma memória exemplar: “Não só
recordava cada folha de cada árvore de cada monte, como também cada uma das
vezes que a tinha percebido ou imaginado”. Mas, coitado, acabou morrendo de
congestão pulmonar. No limiar dos sessenta, a memória já começa a falhar, mas é
claro que permanecem vivas as recordações mais ricas de uma trajetória que se
revela positiva, sobretudo pelas intuições, projetos e presenças que foram se
firmando em meu caminho. Destaco aqui a importância dessas presenças, sobretudo
dos amigos e queridos que iluminam e dão significado ao meu momento atual. Mas
também dos grandes sonhos que sempre alimentaram a minha vida. Assinalo o
resultado como muito positivo, favorecido pela minha ocular otimista. As
evidências que acumulo, nesse “edifício imenso da recordação”, vão no sentido
da percepção de um “sabor” que guarda felicidade.
O ritmo de
minha vida foi sendo conduzido progressivamente para dois campos que
marcam o meu atual modo de inserção no tempo: a paixão pelo diálogo e a
abertura para a mística inter-religiosa. O grande místico cristão, Teilhard de
Chardin, dizia numa de suas clássicas obras, O meio divino, que “nada é profano para quem sabe ver”.
Quando leio alguns textos, como a bela
reflexão do amigo querido e parceiro de vida e publicações, Marco Lucchesi,
publicada no início de dezembro no O Globo[23],
sinto-me plenamente identificado:
“O diálogo deve ser uma zona de passagem, um espaço
potencial, uma cartografia inacabada, a que aderem as partes, ciosas de sua
identidade, convidadas a pensarem sob uma nova luz. Sem proselitismo. Não para
reduzir o outro, não para o convencer de que está errado, mas para aprender com
ele , num caminho novo. O diálogo é um ponto de luz, uma porta de saída para o
impasse, um gesto solidário. E o centro do diálogo reside na acolhida, na
beleza do rosto que contemplo, no olhar do outro que me indaga e me convida a
mover os lábios”.
Acredito que o meu olhar foi sendo aos
poucos depurado e o meu jeito de lidar com as coisas também. Novos valores
entraram no meu repertório como essenciais: a hospitalidade, a delicadeza, o
cuidado, a atenção, a gratuidade. Esses valores foram tecendo os traços que
pontuam a dinâmica de minha inserção. E também na academia, ou seja, no modo de
levar os cursos, de apresentar as disciplinas, de corresponder com os meus
colegas de trabalho e de lidar com os alunos: tudo isso temperado agora pelo
“brilho de uma vitalidade” que está para além da mera inteligência ou erudição.
A inteligência, dizia Proust, “só é boa quando vem depois”, fundada num longo e
sutil aprendizado pontuado pelas marcas da nossa vida. Sobretudo nesse último
ponto, a relação com os alunos, e em particular com os orientandos, foi onde
aconteceram as mais lindas descobertas. Diria que sou outro nessa forma de
lidar com os mais jovens, um caminho que foi sendo paulatinamente temperado com
uma pedagogia da atenção, da escuta e do aprendizado. Algumas experiências
vividas, como a da assessoria no Forum Social Mundial de Porto Alegre, em 2005,
serviram como ponto de arranque para essa nova atitude e essa nova sensibilidade.
Atribuo também a isso a minha convivência diuturna com os textos e narrativas
dos grandes místicos, de tradições tão distintas, que envolvem o cristianismo,
o islamismo (sufismo) e o zen budismo. Experiências corroboradas por encontros
tão ricos e diversos com outros companheiros ou companheiras que se envolvem na
mesma causa, com alegria e maravilhamento. Chego, assim, aos 60 anos, 36 dos
quais dedicados ao ensino universitário, com a feliz sensação de um dever
cumprido. Esse otimismo e alegria que marcam o meu presente momento, vejo
também estampado no rosto daqueles que circulam pelo meu caminho. É na dinâmica
dessa reciprocidade que se fundam e irradiam essas novas fragrâncias. Atribuo
também à minha família o impulso mais lindo para esse entusiasmo de levar a
vida, e muito em particular à minha companheira querida de tantos anos, Teita,
e aos quatro filhos e neta que adornam de esperança toda essa caminhada: Pedro,
João, Tiago, Daniel e Lis.
Concluo com uma passagem da Aula Inaugural
de Roland Barthes no Colégio de França, em janeiro de 1977:
“Há uma idade em que se ensina o que se sabe; mas vem em
seguida outra, em que se ensina o que não se sabe: isso se chama pesquisar. Vem
talvez agora a idade de uma uma outra experiência, a de desaprender, de deixar
trabalhar o remanejamento imprevisível que o esquecimento impõe à sedimentação
dos saberes, das culturas, das crenças que atravessamos. Essa experiência tem,
creio eu, um nome ilustre e fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo,
na própria encruzilhada de sua etimologia: Sapientia:
nenhum poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, e o máximo de sabor
possível”[24].
Juiz de Fora, 19/12/2014
[1] Publicado
na Revista Numen (PPCIR-UFJF) v.18, n. 1 – 2015, com o título: Cores de um
itinerário (Memorial).
[2]
Memorial defendido no ICH da
Universidade Federal de Juiz de Fora, em 19 de dezembro de 2014 visando o
título de Professor Titular. A banca examinadora foi composta pelos professores
titulares: Rubem Barbosa Filho (UFJF), Carlos Roberto Drawin (FAJE-BH), Lucília
de Almeida Neves Delgado (UNB) e Eduardo Rodrigues da Cruz (PUC-SP).
[3] Suely ROLNIK. Pensamento, corpo e devir. Uma
perspectiva ético/estético/política no trabalho acadêmico. Cadernos de Subjetividade, n. 2, p. 246, 1993 (PUC-SP).
[4] Assinalo num artigo sobre a experiência da ciência da
religião em Juiz de Fora sobre a ciranda de nomes que o curso foi ganhando ao
longo do tempo, até firmar-se com o nome atual de ciência da religião. Cf.
Faustino TEIXEIRA. O processo de gênese da (s) ciência (s) da religião na UFJF.
Numen, v. 15, n. 2, p. 535-548,
jul-dez 2012.
[5] A meu ver, um dos trabalhos mais ricos de informação
e análise de conjuntura existentes hoje no país.
[6] Clodovis BOFF. Teologia
e prática. Teologia do político e suas mediações. Petrópolis: Vozes, 1978.
[7] Foi Luiz Alberto Gómez de Souza quem escreveu o
prólogo de um dos volumes de minha tese doutoral, sobre a história das CEBs no
Brasil (Paulinas, 1988).
[8] Bibliografia que, infelizmente, não compareceu nos
volumes da tese depois publicados no Brasil.
[9] Na Universidade Santa Úrsula lecionei as seguintes
disciplinas: História da Igreja V (1981), Antropologia Teológica II (1981 e
1987), Eclesiologia (1981, 1982, 1986 e 1989), Introdução à teologia
(1986-1989), Metodologia Teológica (1988-1989), Teologia Fundamental (1986),
Seminário de Temas Especiais (1986), Pastorais Específicas (1986), Sociologia
da Religião (1986-1987), Formação da Consciência Crítica (1989) e Realidade
Brasileira e Fé Cristã (1989).
[10] Faustino TEIXEIRA. Teologia das religiões. Uma visão panorâmica. São Paulo: Paulinas,
1995. O livro ganhou edições em catalão e espanhol: Teologia de les religions. Barcelona: Claret, 2002; Teología de las religiones. Quito: Aya
Yala, 2005.
[11] Ver a respeito: Faustino TEIXEIRA. Uma teologia de
amor ao pluralismo religioso. In: Afonso Maria Ligório SOARES (Org.) Dialogando com Jacques Dupuis. São
Paulo: Paulinas, p. 181-200, 2008. E
outro artigo meu na mesma obra: O pluralismo inclusivo de Jacques Dupuis (p.
153-177).
[12] Os dados aqui serão sintetizados, uma vez que sua
apresentação mais detalhada já está presente no currículo lattes.
[13] Com a inclusão de toda a bibliografia da tese.
[14] Revista Eclesiástica Brasileira.
[15] Segunda edição aumentada.
[16] Os artigos publicados na Revista Internacional de
Teologia, Concilium, são publicados
em seis línguas: português, espanhol, inglês, francês, alemão e holandês.
[17] Livro que ganhou o prêmio Mário Barata, de crítica e
interpretação – União Brasileira de Escritores – RJ.
[18] Já em segunda edição.
[19] Já na sua quarta edição.
[20] Ver no Currículo Lattes: Trabalhos Técnicos, Demais
Trabalhos Técnicos, mas também Apresentação de Trabalhos e Palestras, na
Produção Bibliográfica.
[21] Durante minha gestão na coordenação do PPCIR atuei
também no Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal de
Juiz de Fora (CEPE), no Conselho de Pós-Graduação da UFJF, assumindo um período
a presidência da Câmara de Pós-Graduação do CEPE da UFJF.
[22] Fui também coordenador do curso especialização, por
cinco anos, por ocasião de sua fundação, entre os anos de 1991 e 1995.
[23] Marco LUCCHESI. Guerras de religião. O Globo, 03/12/2014, p. 17.
[24]
Roland BARTHES. Aula. 15 ed. São
Paulo: Cultrix, 2007, p. 45.
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