sexta-feira, 18 de julho de 2014

O resgate da espiritualidade no cotidiano

O resgate da espiritualidade no cotidiano


Faustino Teixeira
PPCIR – UFJF


“Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo Tempo Tempo Tempo
Entro num acordo contigo
Tempo Tempo Tempo Tempo”

(Caetano Veloso)



Introdução

            O tema da espiritualidade ganha uma particular atenção no tempo atual e nas discussões acadêmicas. Não há dúvida sobre o efeito crítico exercido por tal resgate nos caminhos tomados pela sociedade ocidental, fundada em outros valores, como a competitividade, a produtividade, o consumismo e a centralidade do mundo egóico. A espiritualidade suscita valores bem distintos, que dizem respeito a qualidades do espírito humano que em nosso tempo estão embaçadas ou obstruídas. São valores essenciais como o amor desinteressado, a compaixão, a atenção, a hospitalidade, o cuidado, a delicadeza, a paciência e a abertura ao outro. O objetivo aqui proposto é o de resgatar o significado da espiritualidade nesse tempo propício. Algumas distinções se fazem necessárias nesse primeiro momento de reflexão. Em primeiro lugar, entre mística e espiritualidade. Com base na pista aberta por Raimon Panikkar, a mística diz respeito à “experiência integral da vida” ou da realidade. A espiritualidade, por sua vez, é o caminho indicado para alcançar essa experiência[1]. E as formas de trilhar esse processo são distintas e plurais. Na “carta de navegação” para avançar nos meandros do Real encontram-se espiritualidades religiosas ou não, daí uma segunda distinção, agora entre espiritualidade e religião. A religião, como mostrou Émile Durkheim em sua clássica obra de 1912, “é um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas sagradas (...); crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada igreja, todos os que a ela aderem”[2]. A espiritualidade, por sua vez, envolve uma realidade mais ampla, estando relacionada com “qualidades do espírito humano”[3], com qualidade de vida. Não está necessariamente vinculada a uma religião precisa, a doutrinas ou confissões específicas. A espiritualidade traduz a atuação de atributos básicos que não são apanágio privado das religiões, encontrando-se também presentes, mesmo em alto grau, em indivíduos ou práticas que são seculares. Firma-se no momento uma certa preferência em falar de “opções espirituais”, religiosas ou não, para ampliar o campo dos caminhos seguidos no âmbito da espiritualidade. É o que já vem sendo destacado por autores como Henri Pena-Ruiz e André Comte-Sponville, que defendem a ideia mais ampla de uma vida espiritual, que traduz a presença do espírito em práticas multiformes da vida social[4].

O apelo da profundidade

            A espiritualidade diz respeito ao cultivo de uma dimensão fundamental, que trata da interioridade do ser humano, envolvendo a “expansão da vitalidade” e da qualidade de vida. Um caminho que resgata uma concepção mais fecunda do ser humano, em particular sua dimensão de profundidade, que foge aos parâmetros transmitidos pela cultura dominante. Em texto iluminador, Leonardo Boff assinala:

“A singularidade do ser humano consiste em experimentar a sua própria profundidade. Auscultando a si mesmo percebe que emergem de seu profundo apelos de compaixão, de amorização e de identificação com os outros e com o grande Outro, Deus. Dá-se conta de uma Presença que sempre o acompanha, de um Centro ao redor do qual se organiza a vida interior e a partir do qual se elaboram os grandes sonhos e as significações últimas da vida. Trata-se de uma energia originária, com o mesmo direito de cidadania que outras energias, como a sexual, a emocional e a intelectual. Pertence ao processo de individuação acolher essa energia, criar espaço para esse Centro e auscultar estes apelos, integrando-os ao projeto de vida. É a espiritualidade no seu sentido antropológico de base”[5]. 

            A espiritualidade traduz um modo de ser, uma atitude essencial que acompanha o ser humano em cada passo de seu cotidiano. Ela expressa uma energia que é comum a todos, independente de crença religiosa, visibilizando a dimensão de profundidade da própria condição humana. Não há como desvencilhar o ser humano da espiritualidade, pois essa é uma dimensão antropológica fundamental, compondo o repertório existencial de todo vivente. O teólogo Karl Rahner sublinhou esse traço antropológico da transcendentalidade, e o potencial de abertura do humano à experiência do mistério santo, em sua dupla dimensão de distância e proximidade: do mistério que por um lado escapa aos confins da vida cotidiana, mas por outro vem acolhido como presença acolhedora e intimidade amorosa que se comunica. Trata-se, como lembra Rahner, de uma experiência que acontece não apenas quando o sujeito participa explicitamente de uma atividade religiosa, mas em todo momento em que ele atua de forma autêntica a sua experiência. Diz Rahner a respeito:

“A experiência original de Deus até em sua autocomunicação pode ser tão universal, tão atemática e tão ´arreligiosa`, que ocorra, sem nome, mas realmente, onde quer que venhamos a exercer nossa existência. Quando a pessoa, conhecendo teórica ou praticamente ou agindo como sujeito, se vê confrontada com o abismo de sua existência, abismo que é a única realidade a dar base a tudo, e quando essa pessoa tem a coragem de olhar para dentro de si e achar nas próprias profundezas a sua verdade última, aí ela poderá fazer também a experiência de que esse abismo a acolhe como sua verdadeira e indulgente segurança, e dá-lhe legitimação e ânimo para a fé (...)”[6].

                  Em linha de sintonia com a reflexão de Karl Rahner, o teólogo Paul Tillich também trabalha com a categoria de profundidade. Faz recurso a ela para expressar de forma mais viva o mistério de Deus. Todo ser humano encontra-se sob o impacto da “Presença Espiritual”, e no âmbito de sua profundidade, na base mais íntima de seu ser, revela-se seu fundo criador, ou seja, aquilo que lhe diz respeito “de forma última”[7]. Na visão de Tillich, Deus não é um ser sobrenatural, fixado no além ou nas alturas, mas alguém que se encontra no fundo infinito e inexaurível da própria existência, no centro mesmo da vida[8]. Assim como no ser humano há essa dimensão incógnita de profundidade, também nas religiões há em sua profundidade (depht) um “ponto virgem” que acaba sendo ocultado nas realizações ambíguas de sua própria particularidade. É um ponto que se visualiza à medida que ocorre um aprofundamento da própria religião, no desenvolvimento da dinâmica orante, reflexiva e prática. Na medida em que se avança no sentido desta interioridade, os traços rotineiros da dinâmica religiosa particular são relativizados e firma-se uma “liberdade espiritual” singular, que favorece a percepção viva da presença do divino em “todas as expressões do sentido último da vida humana”[9]. 

            O Mistério maior sem nome identifica-se com essa “infinita e inexaurível profundidade e base de todo ser”. A palavra “Deus” está vinculada a esta profundidade. E como diz o bispo John Robinson, com base em Paul Tillich,

“se essa palavra não tem grande sentido para ti, tradu-la, e fala das profundidades da tua vida, da fonte do teu ser, da tua máxima preocupação, daquilo que tomas a sério sem qualquer reserva. Talvez, para conseguir isso, devas esquecer tudo quanto de tradicional aprendeste acerca de Deus, talvez mesmo a própria palavra. Sabes já muito de Deus se souberes que Deus significa profundidade. E nesse caso não te podes chamar ateu ou descrente, porque não podes dizer ou pensar: ´A vida não tem profundidade. A vida é superficial. O próprio ser não passa de algo à superfície`. Se pudesser afirmar isto com toda a seriedade, então serias ateu; de contrário, não o és. Quem conhece a profundidade, conhece a Deus”[10].

Uma experiência holística da realidade

            Em clássica obra sobre a filosofia da religião, o místico e pensador judaico, Abraham Joshua Heschel, sinalizou que um dos riscos que acompanham o avançar da civilização é a perda do sentido da maravilha[11]. Algo semelhante afirma Raimon Panikkar em seu diagnóstico da crise da filosofia no mundo contemporâneo, ao reconhecer a “perda do sentido místico da existência”[12]. Argumenta que o fixar-se prevalentemente na “opus rationis” traduz um empobrecimento na captação do traço vital que é essencial, e aquilo que ajuda a mover o ser humano em sua existência. Propõe o desafio da percepção de uma intuição cosmoteândrica, que envolve a perspectiva de sintonia entre o Divino, o Humano e o Cósmico, numa trindade indissolúvel. Enquanto experiência que envolve essa totalidade, a mística diz respeito a todos os problemas humanos, bem como o caminho de sua realização, a espiritualidade. Daí se afirmar, com razão, que se trata de uma “experiência holística da realidade”. O exercício da espiritualidade é o “respiro mesmo da vida”. O contemplativo está inserido no tempo com a atenção desperta, e em momento algum se vê deslocado ou distante dos reais problemas e questões que tocam o desafio humano. É alguém que não necessita de um céu distante, porque reconhece a sacralidade de todas as coisas que o rodeiam no tempo. É alguém que “simplesmente ´senta`, simplesmente ´é`, vive”[13].

            Dizem os grandes mestres do zen budismo que a vida cotidiana é a via, “o coração cotidiano é a via”[14]. A vida de todos os dias torna-se lugar de uma inusitada liturgia. Vibra no zen essa consciência cotidiana, algo muito simples e delicado: “dormir quando se tem sono e comer quando se tem fome”. O acesso à verdade zen esta nesta atenção ao cotidiano: “Se realmente desejais penetrar a verdade zen, fazei-o enquanto estais de pé ou andando, dormindo ou sentados, enquanto falais ou ficais em silêncio, ou quando estais ocupados nos diversos afazeres do trabalho cotidiano”[15]. O que se demanda é uma atenção desperta para os detalhes do dia a dia, com a mente desimpedida e disponível. E isto começa a partir do momento que os olhos se abrem no início da manhã e dura todo o tempo em que a mente está desperta. Cada instante ganha um significado especial, como por exemplo no manejo de uma folha de verdura ao preparar uma refeição[16]. O mundo fenomênico, demasiadamente humano, é o que conta na experiência zen. Não há nada além da experiência concreta, sensível, onde se desenrola a vida. E a consciência espiritual que se desentranha nesse tempo vem dotada de um particular “poder dinâmico”, que propicia um novo modo de ver[17].

            O desafio consiste em acolher o cotidiano em sua elementar maravilha. Mas para tanto há que transformar o mundo interior. A paisagem externa ganha um conteúdo novidadeiro na medida em que o olhar vem educado. Outro grande mestre zen, Kodo Sawaki, dizia: “Os homens acumulam consciência, mas penso que o horizonte último reside na capacidade de poder sentir o som dos vales e captar as cores das montanhas”[18]. E fazê-lo com respeito, reverência e gratuidade (mushotoku).

Há que saber ler o que há no mundo com os olhos embebidos pelo Real (Haqq), para além da circularidade limitadora da dinâmica criatural (Khalq). Uma pista que vem lançada pelos místicos sufis: lavar o rosto e as mãos nas águas desse lugar, de forma a poder ver o Real que subjaz na realidade. É o que diz, por exemplo, Rûmî de forma tão sublime num de seus poemas. Reverberando uma passagem do romance de Nabokov, que trata a questão do dom, Lila Azam Zanganeh assinala: “O outro mundo nos rodeia sempre e não é, de modo algum, o ponto de chegada de nenhuma peregrinação. Em nossa casa mundana, as janelas são substituídas por espelhos; as portas, até certa altura, permanecem fechadas; mas o ar adentra pelas frestas”. Mesmo num horizonte que se apercebe obscurecido, pontuado por  “escuridão vítrea”, cintila a “estranheza da vida” com sua magia, suscitando a percepção de um “extraordinário estofo”, numa textura cintilante que se revela magnífica[19].

O cultivo da espiritualidade

A espiritualidade, como já assinalado, diz respeito às “qualidades do espírito humano”, revelando uma dimensão de profundidade. A espiritualidade aciona o movimento desses valores fundamentais que são irradiados por todo canto. Ela é um exercício de vida e experimentação. Deixar-se habitar pela atmosfera da espiritualidade é criar um espaço garantido e especial para as fragrâncias da profundidade. Os frutos vão surgindo naturalmente, pois dali se irradiam serenidade, vitalidade e entusiasmo. A paz também é um dos efeitos imediatos desse novo modo de ser, uma paz que brota do âmbito da interioridade:

“Dessa paz espiritual a humanidade precisa com urgência. Ela é a fonte secreta que alimenta a paz cotidiana em todas as suas formas. Ela irrompe de dentro, irradia em todas as direções, qualifica as relações e toca o coração íntimo das pessoas de boa vontade. Essa paz é feita de reverência, de respeito, de tolerância, de compreensão benevolente das limitações dos outros e da acolhida do Mistério do mundo. Ela alimenta o amor, o cuidado, a vontade de acolher e de ser acolhido, de compreender e de ser compreendido, de perdoar e de ser perdoado”[20].

            O cultivo da espiritualidade, entendida como movimento e caminho para a experiência do Real, exige do sujeito uma dinâmica particular de despojamento e interiorização. Há que romper com o modo habitual de ser e deixar-se tocar pelos apelos da profundidade. Não se trata de uma viagem tranquila, mas uma “saída” para dentro de si mesmo. Os grandes mestres espirituais assinalam que essa viagem interior, apesar de árdua e desgastante, revela surpresas inesperadas. Ela requer disposições precisas, e um exercício radical de despojamento, humildade e purificação do coração. Não há como viver a intensidade da experiência senão deslocando o ego de sua centralidade, com a  afirmação de sua vulnerabilidade, contingência e limite. O acesso ao fundo do Mistério, em sua centelha mais íntima, requer uma “límpida humildade”, como revela Mestre Eckhart. E sublinha de forma poética:

“As estrelas derramam toda a sua força no fundo da terra, na natureza e no elemento da terra, produzindo ali o ouro mais límpido. Quanto mais a alma chega ao fundo e no mais íntimo de seu ser, tanto mais a força divina nela se derrama plenamente e opera veladamente de maneira a revelar grandes obras e a alma torna-se bem grande e elevada no amor a Deus, que se compara ao ouro límpido”[21].

                  É o Mistério mesmo que se derrama em vida e doação nesse “portal da misericórdia” que é o coração. Daí falar Mateus com autoridade que os puros de coração verão a Deus (Mt 5,8). Para o exercício dessa purificação requer-se um trabalho de silenciamento, de repouso e escuta. É o que Thomas Merton identificou como “trabalho de cela”. E isto para poder “estar presente”, concentrado. Assim como a natureza precisa repousar e recuperar-se durante a noite, assim também o ser humano necessita desse “espírito da noite”, da “aragem da aurora”, dessa passividade e repouso para poder encontrar sua identidade mais rica[22]. A Bíblia relata a importância dessa “quietação” quando trata da observância do sábado, dia de repouso sagrado. O espírito necessita desse precioso momento em que se deixa envolver pelo silêncio, de forma a preparar todos os sentidos para o espetáculo da experiência do Real, do abandono no mundo. Num precioso trabalho sobre a espiritualidade dos sentidos vigilantes, o teólogo Jürgen Moltmann fala desse despertar dos sentidos pela animação vivificadora do Espírito[23]. Tudo incidindo numa espiritualidade nova, voltada inteiramente para a vida, “a única vida que Deus ama na sua totalidade”; numa espiritualidade dos sentidos, sintonizada para perceber a presença do Mistério em todas as coisas.

Conclusão

            O Mistério está aí, no meio das coisas. Esse é um aprendizado essencial para aquele que busca adentrar-se nos caminhos da espiritualidade. Já dizia o grande místico cristão, Teilhard de Chardin, que Deus marca sua presença nos âmbitos mais recônditos da realidade, “no mais secreto, no mais consistente, no mais definitivo do mundo”. Basta educar o olhar para então captar esta presença diáfana, que sinaliza a ausência de profanidade para todo aquele que sabe ver[24]. Assim também a percepção do mestre Dôgen, para o qual o despertar não é senão a consciência viva do instante presente. É o que expressa de forma solene em seu Shôbôgenzô, na seção onde transcreve um discurso pronunciado em 1242 (Zenki): “cada instante é um instante de plenitude”[25]. O mesmo mestre assinala que “cada coisa canta a verdade” e todo grão de areia, por mais ralo que seja, revela a singular realidade[26].

            Num dos mais belos sermões de Mestre Eckhart, onde aborda a relação de Jesus com Marta e Maria, vislumbra-se o traço de uma mística do cotidiano. Opera-se ali uma interessante inversão na visão da espiritualidade tradicional sobre o tema, com um destaque especial ao lugar de Marta. Para o místico renano, Marta é alguém que se encontra na “condição essencial” (weselîch stân), enquanto exercita ao extremo o seu fundo da alma. É alguém que está no tempo “essencialmente”, ou seja, “está junto às coisas” mas livre com relação a elas. Trata-se de algo que só acontece com quem viveu o despojamento de forma radical[27]. Esse é o desafio essencial para todos os que buscam uma espiritualidade profunda. Adentrar-se no mundo, abandonar-se aos seus desafios, mas mantendo sempre acesa a liberdade e o desapego. Nada mais estranho ao mundo espiritual do que destacar-se do mundo para vivenciar o mistério de Deus. A experiência de Deus, ao contrário, envolve experimentar a vida em profundidade. Estão aí todas as tradições místicas para sinalizar essa verdade: o contato vivo com o Mistério nas coisas suscita no buscador a dinâmica de um novo olhar, que transfigura a realidade do mundo, permitindo ao mesmo alcançar “níveis de profundidade e de beleza” que escapam a todo olhar superficial[28].

            Nada mais essencial à vida do que a “fragrância da espiritualidade”. Cabe ao buscador captar esse “perfume” do Mistério em todas as coisas e saber irradiá-lo com alegria e emoção. E isto em todas as tarefas da vida cotidiana. Como indicou Leonardo Boff, a pessoa que abre em seu mundo pessoal esse caminho de profundidade “irradia vitalidade e entusiasmo, porque carrega Deus dentro de si. Esse Deus é amor que no dizer do poeta Dante move o céu, todas as estrelas e o nosso próprio coração”[29].

Referências Bibliográficas

BOFF, Leonardo. Espiritualidade. Um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante, 2001.
Leonardo BOFF. Espiritualidade, dimensão esquecida e necessária. In:
BOFF, Leonardo. A espiritualidade na construção da paz. In:
CARDENAL, Ernesto. Vida perdida. Memórias 1. Madrid: Trotta, 2005.
CHARDIN, Teilhard de. O meio divino. Petrópolis: Vozes, 2010.
COMTE-SPONVILLE, André. O espírito do ateísmo.  São Paulo: Martins Fontes, 2007.
COOK, Francis Dojun.  Como allevare un bue. La pratica dello zen come è insegnata nello Shobogenzo del Maestro Dogen. Roma: Ubaldini, 1981.
DALAI LAMA. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000.
DÔGEN. Maître.  Kajô – La vie quotidienne. In: Maitre DÔGEN. Shôbôgenzô. La vrai loi, trésor de l´oeil. Tome 3. Vannes Cedex: Sully, 2007.
DÔGEN. Shôbôgenzô – Zenki. St-Just-La-Pendue: Les Belles Lettres, 2011.
DÔGEN & Uchiyama RÔSHI. Istruzioni a un cuoco zen. Roma: Ubaldini, 1986.
DURKHEIM, Émile.  As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989.
ECKHART, Mestre.  Sermões alemães 1. Bragança Paulista/Petrópolis: Editora Universitária São Francisco/Vozes, 2006.
ECKHART, Mestre. Sermões Alemães 2. Bragança Paulista/Petrópolis: Editora Universitária São Francisco/Vozes, 2008.
FAZION, Gianpietro Sono.  Lo zen di Kodo Sawaki. Roma: Ubaldini, 2003.
HAAS, Alois M.  Introduzione a Meister Eckhart. Fiesole: Nardini, 1997.
HERRIGEL, Eugen.  A arte cavalheiresca do arqueiro zen. São Paulo: Pensamento, 1978.
HESCHEL, Abraham Joshua. L´uomo non è solo. Una filosofia della religione. Milano: Mondadori, 2001.
IZUTSU, Toshihiko.  Hacia una filosofia del budismo zen. Madrid: Trotta, 2009.
MERTON, Thomas.  Reflexões de um espectador culpado. Petrópolis: Vozes, 1970.
MOLTMANN, Jürgen. Spiritualità dei sensi vigili. Modena: Fondazione Collegio San Carlo di Modena, 2006.
PANIKKAR, Raimon. L´experienza della vita. La mistica. Milano: Jaca Book, 2005.
PANIKKAR, Raimon. Mistica Pienezza di vita. Mistica e spiritualitá, tomo 1. Milano: Jacabook, 2008.
PANIKKAR, Raimon.  Vita e parola. La mia opera. Milano: Jaca Book, 2010.
PENA-RUIZ, Henri.  La laïcité. Paris: Flammarion, 1998.
RAHNER, Karl. Curso fundamental da fé. São Paulo: Paulinas, 1989.
ROBINSON, John A.T. Um Deus diferente. Lisboa: Herder, 1967.
SUZUKI, D. T. A doutrina zen da não-mente. São Paulo: Pensamento, 1993.
SUZUKI, D. T. Vivere zen. Roma: Mediterranee, 1996.
TILLICH, Paul. Le christianisme et les religions. Paris: Aubier, 1968.
TILLICH, Paul. La mia ricerca degli assoluti. Roma: Ubaldini, 1968.
TILLICH, Paul.  Teologia sistemática. 5 ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2005.
VAZ, Henrique Cláudio de Lima. Experiência mística e filosofia na tradição ocidental. São Paulo: Loyola, 2000.
VELASCO, Martin. El fenómeno místico, clave para la compreensión del hecho religioso y del ser humano. In: LÓPEZ-BARALT, Luce (Ed.). Repensando la experiencia mística desde las ínsulas extrañas. Madrid: Trotta, 2013, p. 17-61.
WOU-MEN. Passe sans porte. 2 ed. Paris: Villain et Belhomme, 1968.    
ZANGANEH, Lila Azam.  O encantador. Nabokov e a felicidade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.


Publicado em: Roberley Panasiewics & Jaldemir Vitório (Orgs). Espiritualidades e dinâmicas sociais. Memória – Prospectivas. Belo Horizonte / São Paulo: SOTER / Paulinas, 2014, p. 150-162.


           

                 





           





[1] Raimon PANIKKAR. Vita e parola. La mia opera. Milano: Jaca Book, 2010, p. 21; Id. L´experienza della vita. La mistica. Milano: Jaca Book, 2005, p. 18 e 57-58.
[2] Émile DURKHEIM. As formas elementares de vida religiosa. São Paulo: Paulinas, 1989, p. 79.
[3] DALAI LAMA. Uma ética para o novo milênio. Rio de Janeiro: Sextante, 2000, p. 32-33; Leonardo BOFF. Espiritualidade. Um caminho de transformação. Rio de Janeiro: Sextante, 2001, p. 20-21.
[4] Henri PENA-RUIZ. La laïcité. Paris: Flammarion, 1998, p. 22; André COMTE-SPONVILLE. O espírito do ateísmo.  São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 10.
[5] Leonardo BOFF. Espiritualidade, dimensão esquecida e necessária. In:
[6] Karl RAHNER. Curso fundamental da fé. São Paulo: Paulinas, 1989, p. 164.
[7] Paul TILLICH. Teologia sistemática. 5 ed. São Leopoldo: EST/Sinodal, 2005, p. 123.
[8] John A.T. ROBINSON. Um Deus diferente. Lisboa: Herder, 1967, p. 55-61.
[9] Paul TILLICH. Le christianisme et les religions. Paris: Aubier, 1968, p. 173; Id. La mia ricerca degli assoluti. Roma: Ubaldini, 1968, p. 103. O que caracteriza o místico é esse exercício de aventurar-se no âmbito da profundidade da religião, buscando restabelecer o contato imediato e experimental com a fonte primordial. É alguém que não se contenta com a forma tradicional de religião. Tendo sido agraciado por experiência singular de iluminação, passa a captar dimensões novas e incandescentes do Mistério, fruto dessa dinâmica de interiorização. Ver a respeito: Juan Martin VELASCO. El fenómeno místico, clave para la compreensión del hecho religioso y del ser humano. In: Luce LÓPEZ-BARALT (Ed.). Repensando la experiencia mística desde las ínsulas extrañas. Madrid: Trotta, 2013, p. 34-35.
[10] John A.T. ROBINSON. Um Deus diferente, p. 25.
[11] Abraham Joshua HESCHEL. L´uomo non è solo. Una filosofia della religione. Milano: Mondadori, 2001, p. 45.
[12] Raimon PANIKKAR. Mistica Pienezza di vita. Mistica e spiritualitá, tomo 1. Milano: Jacabook, 2008, p. 13. O filósofo Henrique Cláudio de LIMA VAZ também argumentava nesse sentido, ao questionar a “dissolução da inteligência espiritual” no bojo da revolução antropocêntrica da filosofia moderna: Experiência mística e filosofia na tradição ocidental. São Paulo: Loyola, 2000, p. 19.
[13] Raimon PANIKKAR. Mistica Pienezza di vita, p. 11-16 e 51-53. Também para Thomas Merton, em sua experiência na Trapa, a percepção da vida do contemplativo ia nesta direção: “A vida do contemplativo era simplesmente viver, como o peixe na água”. A dinâmica contemplativa como um “estado de ânimo” que atua em todos os momentos da existência, sinalizando uma atmosfera singular na qual se vive: Ernesto CARDENAL. Vida perdida. Memórias 1. Madrid: Trotta, 2005, p. 144 e 187. Dogen dizia que os grande mestres do zen não faziam nada de extraordinário: simplesmente “comiam arroz e bebiam chá”: DÔGEN. Kajô – La vie quotidienne. In: Maitre DÔGEN. Shôbôgenzô. La vrai loi, trésor de l´oeil. Tome 3. Vannes Cedex: Sully, 2007, p. 299.
[14] WOU-MEN. Passe sans porte. 2 ed. Paris: Villain et Belhomme, 1968, p. 79. Wou-men, em sua clássica obra de 1229, retoma um dito tradicional do mestre chinês Nan-ts´iuan, firmando-o como uma das regras essenciais do ensinamento zen. Ver também a introdução de D.T.Suzuki na obra de Eugen HERRIGEL. A arte cavalheiresca do arqueiro zen. São Paulo: Pensamento, 1978, p. 11; Id. Vivere zen. Roma: Mediterranee, 1996, p. 12.
[15] D.T. SUZUKI. A doutrina zen da não-mente. São Paulo: Pensamento, 1993, p. 92-93 e 89.
[16] Francis Dojun COOK. Como allevare un bue. La pratica dello zen come è insegnata nello Shobogenzo del Maestro Dogen. Roma: Ubaldini, 1981, p. 25; Gianpietro Sono FAZION. Lo zen di Kodo Sawaki. Roma: Ubaldini, 2003, p. 41 e 45; DOGEN & Uchiyama RÔSHI. Istruzioni a un cuoco zen. Roma: Ubaldini, 1986, p. 21; DÔGEN. Shôbôgenzô – Zenki. St-Just-La-Pendue: Les Belles Lettres, 2011.
[17] Toshihiko IZUTSU. Hacia una filosofia del budismo zen. Madrid: Trotta, 2009, p. 33; Francis Dojun COOK. Como allevare un bue, p. 56.
[18] Gianpietro Sono Fazion. Lo zen di Kodo Sawaki, p. 100-101.
[19] Lila Azam ZANGANEH. O encantador. Nabokov e a felicidade. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013, p. 234-235.
[20] Leonardo BOFF. A espiritualidade na construção da paz. In:
[21] Mestre ECKHART. Sermões alemães 1. Bragança Paulista/Petrópolis: Editora Universitária São Francisco/Vozes, 2006, p. 297 (Sermão 54 a).
[22] Thomas MERTON. Reflexões de um espectador culpado. Petrópolis: Vozes, 1970, p. 158.
[23] Jürgen MOLTMANN. Spiritualità dei sensi vigili. Modena: Fondazione Collegio San Carlo di Modena, 2006, p. 6-7 e 18-19.
[24] Teilhard de CHARDIN. O meio divino. Petrópolis: Vozes, 2010, p. 12-13 e 33.
[25] DÔGEN. Shôbôgenzô – Zenki, p. 75-76.
[26] Gianpietro Sono Fazion. Lo zen di Kodo Sawaki, p. 39-40. Sinaliza Dôgen em seu Shôbôgenzô: “Se todas as coisas constituem revelação da realidade última, também um único grãozinho de pó traduz a revelação da realidade única”: ibidem, p. 45.
[27] Mestre ECKHART. Sermões Alemães 2. Bragança Paulista/Petrópolis: São Francisco/Vozes, 2008, p. 128 e 133 (Sermão 86). E também: Alois M. HAAS. Introduzione a Meister Eckhart. Fiesole: Nardini, 1997, p. 101-102 e 104.
[28] Juan Martin VELASCO. El fenómeno místico..., p. 54-55.
[29] Leonardo BOFF. Espiritualidade, dimensão esquecida e necessária. In:
http://www.uniblog.com.br/cariocadapiedade/34433/leonardo-boff---o-teologo-da-libertacao.html (acesso em 29/04/2014).

Nenhum comentário:

Postar um comentário