domingo, 5 de dezembro de 2010

O pluralismo religioso como um dom de Deus

O pluralismo religioso como um dom de Deus

 

Faustino Teixeira

PPCIR-UFJF

 

  1. O pluralismo religioso é um dom de Deus e revela as riquezas singulares de sua sabedoria infinita e multiforme.
  2. Antes de expressarem uma busca tateante de Deus, as religiões já foram acolhidas por Deus na dinâmica de sua infinita abertura e misericórdia. Não são os sedentos que buscam a água, mas a água que busca os sedentos.
  3. As religiões são “fragmentos” que participam de uma sinfonia cujo horizonte é marcado pela tônica do inacabamento. Não há possibilidade de uma única tradição pretender-se detentora da posse da verdade.
  4. A verdade que anima a caminhada das religiões não é algo que se apropria como uma garantia assegurada, mas um mistério sempre aberto pelo qual as religiões devem deixar-se possuir.
  5. As religiões são marcadas por limites e ambigüidades, mas estão igualmente envolvidas pela maravilhosa liberdade do Espírito, que indica caminhos que são misteriosos e inusitados.
  6. Cada religião é portadora de um enigma que é irredutível e irrevogável, não podendo ser entendida como um marco de espera que encontra o seu acabamento ou remate numa outra tradição religiosa. A riqueza das religiões não é algo que se encontra fora delas, como se o seu valor estivesse na sua capacidade de abrir-se positivamente àquilo que ignoram.
  7. Desconhecer esse enigma ou mistério que envolve cada tradição religiosa é deixar de honrar a sua especificidade única e macular a riqueza intransponível da alteridade.
  8. A defesa de uma assimetria de princípio entre as religiões compromete a dinâmica misteriosa dos dons de um Deus que abraça a diversidade.
  9. A experiência de fé num Deus criador, que está presente e vivo em cada domínio do planeta, implica em reconhecer sua presença viva e acolhedora entre as diversas tradições religiosas.
  10. Deus atua na história através de mediações distintas e diversificadas. Não há razão plausível para concentrar a mediação fundamental da presença salvífica de Deus numa única instância ou “porta”, mas há que perceber outras formas dessa mediação, que podem ser uma pessoa, mas também um livro, um evento, um ensinamento ou uma práxis.
  11. A acolhida do pluralismo de princípio é uma condição essencial para o verdadeiro diálogo interreligioso. Não há como dialogar verdadeiramente com o outro desconhecendo a riqueza e o valor irredutível de sua dignidade religiosa.
  12. Fixar-se numa única tradição religiosa, excluindo-se da provocação criadora da interlocução da alteridade, é deixar escapar bens preciosos  que irradiam na dinâmica reveladora de Deus, sempre em ação na história.
  13. O reconhecimento da presença do Mistério Maior nos outros confere uma nova perspectiva à identidade, facultando a abertura para novas e enriquecedoras dimensões da própria fé.
  14. Longe de enfraquecer a fé, o diálogo verdadeiro abre horizontes novos e fundamentais para a sua afirmação num mundo plural.
  15. A acolhida do pluralismo de princípio requer não apenas o diálogo entre as religiões, mas também a abertura e aprendizado com outras formas de opções espirituais, sejam  religiosas, a-religiosas ou pós-religiosas.

 

 

El pluralismo religioso como don de Dios

 

1. El pluralismo religioso es un don de Dios, y revela las riquezas singulares de su sabiduría infinita y multiforme.

2. Aunque expresan una búsqueda a tientas de Dios, las religiones son acogidas en sí mismas por Dios en la dinámica de su infinita apertura y misericordia. No es sólo que los sedientos buscan agua, sino que el agua busca a los sedientos.

3. Las religiones son «fragmentos» en medio de una sinfonía cuyo horizonte lleva la marca del inacabamiento. No es posible que una tradición pretenda estar solamente ella en posesión de la verdad.

4. La verdad que anima el caminar de las religiones no es algo que pueda ser apropiado como una garantía asegurada, sino un misterio siempre abierto, por el que las religiones deben dejarse poseer.

5. Las religiones tienen límites y ambigüedades, pero están igualmente asistidas por la maravillosa libertad del Espíritu, que conoce caminos misteriosos e inesperados.

6. Cada religión es portadora de un enigma irreductible e irrevocable, no pudiendo ser entendida como un marco de espera que encuentra su continuidad lógica y su cumplimiento pleno en otra tradición religiosa. La riqueza de las religiones no es algo que se encuentre fuera de ellas, como si su valor consistiese en su capacidad de abrirse positivamente a aquello que ignoran.

7. Desconocer ese enigma o misterio que envuelve a cada tradición religiosa es no honrar su especificidad única, y despreciar la riqueza insuperable de la alteridad.

8. Sostener una asimetría básica entre las religiones -la llamada asimetría de princípio- va contra la dinámica misteriosa de los dones de un Dios que abraza la diversidad.

9. La experiencia de fe en un Dios creador, presente y actuante en todos los pueblos del mundo, implica reconocer su presencia viva y acogedora entre las diversas tradiciones religiosas.

10. Dios actúa en la historia a través de mediaciones distintas y diversificadas. No hay razón pausible para concentrar la mediación fundamental de la presencia salvífica de Dios en una única instancia o «puerta», sino que debemos reconocer otras formas de esa mediación, que pueden ser una persona, pero también unas Escrituras, un acontecimiento histórico, una enseñanza, o una praxis.

11. Aceptar el pluralismo religioso como un valor en sí mismo -el llamado pluralismo de principio-  es una condición esencial para el verdadero diálogo inter-religioso. No es posible dialogar verdaderamente con el otro desconociendo la riqueza y el valor irreductible de su dignidad religiosa.

12. Limitarse a una única tradición religiosa, excluyéndose de la provocación creativa del diálogo con la alteridad, conlleva la pérdida de las riquezas preciosas que irradia la dinámica reveladora de Dios, que actúa en la historia siempre y en todo lugar.

13. El reconocimiento de la presencia del Misterio Mayor en los otros confiere una nueva perspectiva a la identidad, posibilitando la apertura a nuevas y enriquecedoras dimensiones de la propia fe.

14. Lejos de debilitar la fe, el diálogo verdadero abre horizontes nuevos y fundamentales para su afirmación en un mundo plural.

15. Acoger el pluralismo como un valor por sí mismo, no sólo implica el diálogo entre las religiones, sino también la apertura y la complementariedad hacia otras formas de opciones espirituales, sean religiosas, a-religiosas o pos-religiosas.

(Publicado também em IHU-Notícias, de 14/01/2011:

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=39870 )

 

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