Juventude e Espiritualidade
Faustino Teixeira
Muita expectativa em torno do I Encontro Nacional de
Juventudes e Espiritualidade Libertadora, a ser realizado na cidade de
Fortaleza no início de maio de 2014, promovido pela Agência de Informação Frei
Tito de Alencar para a Am Ao lado do desenvolvimento de uma
religiosidade fluida ou carente de vínculos institucionais, há também a
presença daqueles que se definem “ateus” ou “agnósticos”, mas que são franca
minoria. É nesse novo cenário de crescente pluralização religiosa que se coloca
o permanente desafio da espiritualidade, e também o impulso de busca de uma
religiosidade inserida e animada por seiva libertadora. A realização desse
evento promovido pela ADITAL sinaliza a presença e a vontade de uma militância
espiritual distinta, terrenal, com a abertura de espaços especiais de agregação
social e de busca identitária voltada para uma presença juvenil singular no
cenário da sociedade civil.
érica
Latina e Caribe (ADITAL), com o apoio de uma série de outros centros de
reflexão. O objetivo do evento é “discutir a relação entre a juventude e a sua
espiritualidade”. O tema ganha atualidade nesse momento particular da juventude
brasileira, pontuado por iniciativas importantes no âmbito da cidadania
pública, como as que ocorreram por todo o país a partir de junho de 2013. Como
tão bem mostrou a antropóloga carioca Regina Novaes, os jovens brasileiros
nascidos a partir do final da década de 1980 encontraram um mundo mudado: eles
participam “de uma geração pós-industrial, pós-Guerra Fria e pós-descoberta da
ecologia. Vivem as tensões e os mistérios do emprego, da violência urbana e do
avanço tecnológico”. São jovens que vivem num tempo de intensificação do campo
de informações e numa cultura marcadamente midiática. Com respeito à religião,
vivem uma situação peculiar de certa desafeição com a fé eclesial, mantendo
porém acesa a sede de espiritualidade. O último censo demográfico de 2010,
divulgado pelo IBGE no final de junho de 2012, revelou uma presença
significativa de jovens entre aqueles que se declararam “sem religião”. Em
porcentagem maior do que a verificada para a população geral, 9,5% dos jovens
entre 15 a 29 anos se declararam “sem religião”. Isso não significa, porém, um
aumento da secularização, mas a presença de uma adesão crescente de jovens a “formas
não institucionais de espiritualidade”. O que marca a juventude nesse momento
atual é uma abertura à dinâmica de experimentação, de disponibilidade para o
trânsito entre pertenças sociais e espirituais diversificadas. Tudo isso
ocorrendo num campo religioso que se pluraliza a cada década, e que se torna
também a cada dia mais competitivo. Mesmo no âmbito da presença evangélica,
segunda força religiosa no Brasil, há o crescimento dos “evangélicos não
determinados”, ou genéricos, que também angariam jovens entre seus quadros,
facultando um tipo de participação que quebra a forma tradicional de
pertencimento. Trata-se de uma categoria que envolve 21,8% de todo o
contingente evangélico nacional (cerca de 9,2 milhões de adeptos).
(Publicado
no Jornal O Povo On Line – Fortaleza – 27/04/2014:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/espiritualidade/2014/04/26/noticiasjornalespiritualidade,3241914/juventude-e-espiritualidade.shtml )
http://www.opovo.com.br/app/opovo/espiritualidade/2014/04/26/noticiasjornalespiritualidade,3241914/juventude-e-espiritualidade.shtml )
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