domingo, 27 de abril de 2014

Juventude e Espiritualidade

Juventude e Espiritualidade

Faustino Teixeira

Muita expectativa em torno do I Encontro Nacional de Juventudes e Espiritualidade Libertadora, a ser realizado na cidade de Fortaleza no início de maio de 2014, promovido pela Agência de Informação Frei Tito de Alencar para a Ameri﷽﷽﷽﷽﷽﷽﷽o de Alencar para a Amela Agro Nacional de Juventudes e Espiritualidade libertadoraérica Latina e Caribe (ADITAL), com o apoio de uma série de outros centros de reflexão. O objetivo do evento é “discutir a relação entre a juventude e a sua espiritualidade”. O tema ganha atualidade nesse momento particular da juventude brasileira, pontuado por iniciativas importantes no âmbito da cidadania pública, como as que ocorreram por todo o país a partir de junho de 2013. Como tão bem mostrou a antropóloga carioca Regina Novaes, os jovens brasileiros nascidos a partir do final da década de 1980 encontraram um mundo mudado: eles participam “de uma geração pós-industrial, pós-Guerra Fria e pós-descoberta da ecologia. Vivem as tensões e os mistérios do emprego, da violência urbana e do avanço tecnológico”. São jovens que vivem num tempo de intensificação do campo de informações e numa cultura marcadamente midiática. Com respeito à religião, vivem uma situação peculiar de certa desafeição com a fé eclesial, mantendo porém acesa a sede de espiritualidade. O último censo demográfico de 2010, divulgado pelo IBGE no final de junho de 2012, revelou uma presença significativa de jovens entre aqueles que se declararam “sem religião”. Em porcentagem maior do que a verificada para a população geral, 9,5% dos jovens entre 15 a 29 anos se declararam “sem religião”. Isso não significa, porém, um aumento da secularização, mas a presença de uma adesão crescente de jovens a “formas não institucionais de espiritualidade”. O que marca a juventude nesse momento atual é uma abertura à dinâmica de experimentação, de disponibilidade para o trânsito entre pertenças sociais e espirituais diversificadas. Tudo isso ocorrendo num campo religioso que se pluraliza a cada década, e que se torna também a cada dia mais competitivo. Mesmo no âmbito da presença evangélica, segunda força religiosa no Brasil, há o crescimento dos “evangélicos não determinados”, ou genéricos, que também angariam jovens entre seus quadros, facultando um tipo de participação que quebra a forma tradicional de pertencimento. Trata-se de uma categoria que envolve 21,8% de todo o contingente evangélico nacional (cerca de 9,2 milhões de adeptos).  Ao lado do desenvolvimento de uma religiosidade fluida ou carente de vínculos institucionais, há também a presença daqueles que se definem “ateus” ou “agnósticos”, mas que são franca minoria. É nesse novo cenário de crescente pluralização religiosa que se coloca o permanente desafio da espiritualidade, e também o impulso de busca de uma religiosidade inserida e animada por seiva libertadora. A realização desse evento promovido pela ADITAL sinaliza a presença e a vontade de uma militância espiritual distinta, terrenal, com a abertura de espaços especiais de agregação social e de busca identitária voltada para uma presença juvenil singular no cenário da sociedade civil.


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