Igreja católica em tempo de transição
Faustino Teixeira
PPCIR-UFJF
Resumo
O
Concílio Vaticano II (1962-1965) foi um marco referencial para importantes
transformações no âmbito da Igreja Católica Romana, suscitando sobretudo um
espírito de renovação e de abertura. O pós-concílio foi marcado por uma disputa
pela recepção deste evento, sendo os 35 últimos anos pontuado pela hegemonia de
uma hermenêutica que enfatizou sobretudo a continuidade com a tradição
anterior. A chegada de Francisco ao papado significa um sinal de mudança na
vida eclesial, com gestos e iniciativas que traduzem rumos distintos e
sobretudo uma nova esperança para o exercício da fé cristã.
Palavras-Chave: Cristianismo, Papado, Vaticano II, Religiões,
Hermenêutica
Introdução
Um novo clima eclesial povoa a Igreja
católica com a chegada do papa Francisco, em março de 2013. Os analistas de
diversas procedências falam num renascer da esperança, depois de décadas de uma
dinâmica pontuada por traços visivelmente restauradores. Como mostrou Leonardo
Boff, a presença de Francisco significou a passagem “do inverno eclesial à
primavera”. Se antes vigorava a tônica da doutrina e de “volta à grande
disciplina”, com o novo bispo de Roma, retoma-se o traço do bispo-pastor, que
situa novamente o otimismo, a alegria e a esperança no centro da vida eclesial.
É alguém, vindo do “fim do mundo”, que “trouxe esperança, alívio, alegria de
viver e pensar a fé cristã. A Igreja voltou a ser um lar espiritual” (Boff,
2013). O objetivo desse breve artigo é tratar desse processo de transição
vivido pela comunidade católica, apontando os marcos de uma nova perspectiva
pastoral que se anuncia.
1. Caminhos de restauração
O Concílio e suas tensões
O Concílio Vaticano II (1962-1965)
tinha provocado uma grande mudança na Igreja católica, rompendo aquela
mentalidade defensiva que caracterizou os pontificados de Pio IX a Pio XII. Com
o evento conciliar dava-se um primeiro passo de abertura ao mundo moderno, e de
acolhida e diálogo com as diversas tradições religiosas. Instaura-se um clima
de otimismo e abertura, e a Igreja começa a viver um novo tempo, caracterizado
pela consciência de sua universalidade: “uma Igreja de todo mundo” (Rahner,
1986: 98).
Mas já durante a dinâmica conciliar
verificavam-se tensões entre concepções eclesiológicas diversas e resistências
bem precisas contra perspectivas que significassem aberturas em âmbitos
específicos, como da acolhida aos sinais dos tempos, do reconhecimento da
liberdade religiosa e da abertura às outras religiões. Na fase final do
concílio isto estará bem evidente, tendo Paulo VI que intervir para evitar
maiores fraturas nas votações. Sua intenção era a de buscar maior unanimidade
possível entre os padres conciliares sobre as questões mais agudas. Como
resultado, muitos textos terão esse traço de “compromisso” entre tendências
diversificadas. Como mostra Oscar Beozzo, estudioso desse evento, “em certas
ocasiões, quando o impasse era real, a solução foi justapor as duas posições.
Há vários textos no concílio onde temos primeiro a afirmação da maioria
conciliar e imediatamente uma frase que diz exatamente o contrário e é
expressão doutrinal da minoria” (Beozzo, 1990: 9). Um dos exemplos dessa tensão
registra-se no documento conciliar sobre a liberdade religiosa: Dignitatis Humanae (DH). Há o registro
de abertura expresso, por exemplo, no número 3 da declaração conciliar: “Cada
qual tem o dever e por conseguinte o direito de procurar a verdade em matéria
religiosa, a fim de chegar por meios adequados a formar prudentemente juízos
retos e verdadeiros de consciência” (DH 3). Mas no número 1, por pressão da
minoria conciliar, busca-se garantir a tradição doutrinaria católica
tradicional: “É nossa fé que essa única verdadeira Religião se encontra na
Igreja católica e apostólica, a quem o Senhor confiou a tarefa de difundi-la
aos homens todos...” (DH 1). Consolidam-se, assim, já no concílio, os “germes
de uma reação conservadora” e que irão permitir uma hermenêutica fundada nas
posições da minoria conciliar.
Durante o concílio firmava-se o
núcleo mais fechado do Coetus
Internacionalis Patrum, que buscava angariar apoio para posições mais duras
contra o comunismo, a liberdade religiosa e o caminho inter-religioso
(Buonasorte, 2003: 78-86). Reações ao espírito conciliar ocorreram também na
sequência do evento, com o “bloco dos arrependidos do concílio”, ou seja, do
grupo que integrava antes, ou apoiava, a maioria conciliar, mas que depois
assume uma posição mais crítica, sobretudo com os rumos do pós-concílio. Entre
eles, pensadores como Jacques Maritain, Étienne Gilson, incluindo teólogos como
Jean Daniélou, Henri de Lubac, Hans Urs von Balthasar e Joseph Ratzinger. Entre eles, aliou-se
também, em certo momento, o próprio papa Paulo VI, preocupado com o novo clima
instaurado na continuidade conciliar. Em alguns casos, a resistência ganhava
foro de “desafeição”, não propriamente com o concílio, mas com os seus
desdobramentos na vida da Igreja católica (Ruggieri, 2000: 193-224).
O Vaticano II e o conflito de
interpretações
O que se observa no pós-concílio é,
em verdade, “uma projeção das tensões que ocorreram na assembleia, e não por
acaso os seus protagonistas foram sobretudo os personagens do mesmo concílio”
(Alberigo, 1985: 18). Busca-se garantir uma hermenêutica do concílio que
favoreça uma ênfase na sua continuidade com o passado, ou seja, uma leitura do
concílio “pela afirmação da tradição”. Há toda uma questão eclesiológica em
jogo, que será depois pontuada pelo cardeal Ratzinger em seu livro-entrevista Rapporto sulla fede (1985).
O processo de restauração eclesial
envolveu os últimos 35 anos da vida da Igreja católica, coincidindo com os
pontificados de João Paulo II e Bento XVI (março de 1978 a fevereiro de 2013).
Com a entrada do cardeal Ratzinger na Congregação para a Doutrina da Fé (Ex
Santo Ofício), em novembro de 1981, firma-se essa inteligência equilibradora.
Um marco nesse sentido é o livro-entrevista, Informe sobre a fé (Rapporto
sulla fede), publicado em 1985. Ali ele traça os passos da restauração que
estarão em vigor na sequência da vida eclesial. Avaliando nessa obra os anos do
pós concílio, Ratzinger assinala que foram anos “decisivamente desfavoráveis
para a Igreja católica”, com o desenvolvimento de “forças latentes agressivas,
centrífugas, talvez irresponsáveis ou simplesmente ingênuas, de fácil otimismo”
sobre os progressos técnicos da modernidade. Chega a falar em “processo
progressivo de decadência” eclesial, numa dinâmica que se reconhecia como
fidelidade ao “espírito do Concílio”. Em linha de descontinuidade com tal rumo,
propõe a necessidade de uma
“redescoberta” do “Vaticano II verdadeiro”. Um caminho que envolve não ruptura
mas continuidade, escapando de uma “certa solidariedade pós-conciliar”. É nesse
sentido que se situa a palavra “restauração”, entendida como “busca de um novo
equilíbrio (die Suche auf ein neues Gleichgewicht) depois dos exageros de uma
abertura indiscriminada ao mundo, depois das interpretações muito positivas de
um mundo agnóstico e ateu (...)” (Ratzinger, 1985:27-36).
No mesmo ano de publicação do livro
de Ratzinger, realiza-se o Sínodo de 1985, convocado para avaliar os resultados
do Concílio Vaticano II, duas décadas após o evento. A questão em jogo era a
interpretação do concílio. Na avaliação feita por Carlos Palácio, o sínodo
marcava uma segunda fase pós-conciliar, resultando numa “tomada de posição
decidida no ´conflito de interpretações` do concílio”. O relatório final do
sínodo retém do Vaticano II os traços que confirmam sua “continuidade” com a
tradição anterior, “oficializando assim uma ´recepção` do Vaticano II que não
faz justiça a todas as suas virtualidades, precisamente naquilo que elas tinham
de novo e de verdadeiramente original” (Palácio, 1990: 153). Para fortalecer a
unidade doutrinal da fé católica, surge também nessa ocasião, como fruto do
sínodo, o projeto de um Catecismo da Igreja Católica, que será coroado com sua
publicação, em outubro de 1992.
Uma das preocupações recorrentes
nesse período era com o relativismo. Numa conferência proferida pelo cardeal
Ratzinger em encontro com os presidentes das comissões episcopais da América
Latina para a doutrina da fé, ele adverte para esse risco:
“O relativismo tornou-se, por
isso, o problema fundamental da fé dos nossos dias. Ele não só exprime como uma
forma de resignação diante da verdade inatingível, mas define-se também
positivamente, recorrendo às ideias de tolerância, conhecimento dialógico e
liberdade, conceitos que tinham sido coarctados pela concepção duma verdade
universalmente válida” (Ratzinger, 1996: 543).
Na
visão do cardeal bávaro, a sedução relativista teria penetrado no plano da
ética e da religião, com repercussões muito negativas no campo da teologia,
como no caso específico de uma teologia pluralista das religiões. A seu ver,
esta nova teologia estaria ocupando o lugar da teologia da libertação, e a ela
estaria relacionada, buscando “apresentar-lhe uma forma mais nova e atual”
(Ratzinger, 1996: 544). Com esta fixação crítica no “relativismo”, Ratzinger
lança suas dificuldades com respeito à dinâmica dialogal. A palavra diálogo,
para ele, estaria também hoje contaminada com um significado diverso daquele
expresso na tradição platônica e cristã. Seu diagnóstico é duro: o diálogo
“torna-se até mesmo a quinta-essência do credo relativista e o oposto da
´conversão` e da missão”.
Essa resistência ao diálogo
encontrou expressão viva na Declaração Dominus
Iesus, publicada em agosto de 2000, com a assinatura do cardeal Ratzinger.
Como tema, trazia a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e a
Igreja. Foi um documento que teve repercussões muito negativas nas instâncias
que trabalham o ecumenismo e o diálogo interreligioso. Significava, na verdade,
um entrincheiramento identitário e um enquadramento do pluralismo religioso,
destituído de sua valorização de princípio. As outras tradições religiosas são
relegadas à condição de menoridade e seus membros confinados a uma “situação
gravemente deficitária” com respeito aos adeptos da Igreja católica,
considerada a única detentora da plenitude dos meios de salvação.
O relativismo em questão
É neste anteparo restaurador que vem
situada a eleição de Joseph Ratzinger como papa Bento XVI, em abril de 2005. Na
ocular do vaticanista italiano, Giancarlo Zizola, era uma escolha que conferia
plausibilidade ao paradigma interpretativo que indicava a presença de Ratzinger
no papado como a coroação “de um ciclo de restauração iniciado com Wojtyla”
(Zizola, 2005: 100).
O pontificado de Bento XVI traz como marca a defesa da
identidade católica e uma contundente crítica ao relativismo. Como prioridade
essencial, a afirmação do anúncio evangélico e a busca de uma melhor inserção
da tradição cristã num tempo pontuado pela fragmentação religiosa (Allen Jr,
2007: 5 e 29). Em discurso proferido aos membros da cúria romana, em 22 de
dezembro de 2005, destaca Ratzinger um dos eixos a ser perseguido, na linha de
uma “correta hermenêutica” conciliar: de “renovação na continuidade”. Relata a
tensão entre duas hermenêuticas que se embateram no pós-concílio em torno da
interpretação do evento, uma pontuada pela “descontinuidade” e “ruptura”, e a
outra pela “reforma” na continuidade. A primeira teria provocado “confusão”, e
a outra, produzido frutos. É nessa linha da continuidade com o passado que se
firma o encaminhamento de sua atuação em Roma.
Não foi longo o tempo de pontificado
de Bento XVI, iniciado em abril de 2005 e concluído com sua renúncia, em
fevereiro de 2013. Com respeito a João Paulo II, um novo estilo de exercício
pastoral, mais sóbrio, contido, sem muita ênfase ou espetáculo. Um papa mais
intelectual. Foram anos difíceis, marcados por muitas crises no âmbito
eclesial, e também por descompassos no campo da geopolítica. Tensões precisas
ocorreram na relação com os muçulmanos, na sequência do desastroso discurso de
Regensburg (setembro de 2006); com os judeus, com o motu próprio Summorum pontificum ( julho de 2007), e a visita em
Auschwitz na Polônia (maio de 2006). A fragilidade no âmbito da geopolítica
reflete-se na dificuldade de um posicionamento coerente e sintonizado com os
sinais dos tempos. O que ocorre, muitas vezes, como assinala o vaticanista
Marco Politi, é uma práxis de titubeio: “depois de passos falsos, movem-se os
interventos de socorro”, como se uma “mão invisível” movesse o pontificado a cíclicas
polêmicas e recaídas (Politi, 2011: 108-109)[1]
Foram também tempos de tensão com o
mundo teológico, que já vinha ocorrendo desde o pontificado de João Paulo II.
Inúmeros teólogos foram enquadrados criticamente em nome de um projeto
restaurador. Foram incisivas as ações da Congregação para a Doutrina da Fé no
confronto de doutrinas teológicas avaliadas como “errôneas” ou que pudessem
provocar “escândalo aos fiéis” ou “perturbação” no corpo eclesial (Amato, 2006:
4-5). Em alguma áreas, consideradas mais sensíveis, como a teologia moral, a
teologia da libertação ou a teologia das
religiões, os impactos foram mais vivos, com notificações precisas contra
teólogos que atuavam nessas áreas: Leonardo Boff (1985), Charles Curran (1986),
Edward Schillebeeckx (1986), Matthew Fox (1988), Tissa Balasuriya (1997), Antonii
de Mello (1988), Jacques Dupuis (2001), Marciano Vidal (2001), Roger Haight
(2004), Jon Sobrino (2006), Margaret Farley (2012).
Outras questões complexas ocorreram
durante o pontificado de Bento XVI, como as denuncias de pedofilia na Igreja,
de intransparência e desvios no Banco Vaticano, das polêmicas revelações do
Vatileaks, com dados impactantes envolvendo uma ampla rede de corrupção,
nepotismo e favoritismo. Tudo isso, conjugado com a frágil saúde de Bento XVI,
somou-se para a tomada de decisão do pontífice em favor da renúncia, em
fevereiro de 2013. Como reporta Marco Politi, “Ratzinger experimenta o fracasso
de decisões que imaginava profícuas, dá-se conta da ineficiência de quem na cúria
deveria sustentá-lo e assiste impotente a uma revolta que se propaga nos meios
de comunicação. Coisa ainda mais amarga, é obrigado a abrir os olhos para a
rachadura do mundo católico com respeito à sua linha” (Politi, 2011: 160).
2. Brasas sob cinzas: uma esperança que
renasce
A presença do papa Francisco
Com a eleição de papa Francisco,
ocorrida em março de 2013, uma nova esperança renasce no âmbito da Igreja
católica. Nesses primeiros seis meses de sua presença no Vaticano, Francisco dá
mostras palpáveis de intenções renovadoras, que já se fazem sentir no campo
eclesial. O papa que veio “do fim do mundo” trouxe um alento novo, um clima de
alegria que faltava na vida da Igreja católica nas últimas décadas. E de forma
profética retoma o espírito do Concílio Vaticano II, envolvido nos últimos anos
por “verdadeira ofensiva revisionista neoconservadora”, como sublinha com
acerto o historiador italiano, Massimo Faggioli (Faggioli, 2013). Na comentada
entrevista concedida por papa Francisco ao jornalista Eugenio Scalfari,
publicada no jornal La Repubblica no início de outubro de 2013, ele sinaliza
esse caminho de sintonia com o evento conciliar: “O Vaticano II, inspirado pelo
papa João e por Paulo VI, decidiu olhar para o futuro com espírito moderno e
abrir-se à cultura moderna. Os padres conciliares sabiam que abrir-se à cultura
moderna significava ecumenismo religioso e diálogo com os não-crentes. Desde
então foi feito muito pouco nesta direção. Tenho a humildade e a ambição de
querer fazê-lo”[2].
Já no início de seu pontificado,
falando ao corpo diplomático com atuação junto à Santa Sé (22/03/2013),
Francisco sublinha que o título de pontífice traduz “aquele que constrói
pontes”. Coloca, assim, o diálogo no coração de sua missão na Igreja, voltado a
“construir pontes entre todos os homens, de tal modo que cada um possa
encontrar no outro, não um inimigo nem um concorrente, mas um irmão que se deve
acolher e abraçar”. A ligação verdadeira com Deus, indica o papa, pressupõe
essa abertura, pois não pode acontecer “ignorando os outros”.
O destaque ao diálogo
O tema do diálogo ganha, assim, um
lugar de destaque no pontificado de Francisco, voltando a assumir centralidade
no modo de compreender a relação da Igreja com o mundo na modernidade. Em
diversos momentos acentua-se o desejo de intensificar os “laços de amizade” entre os povos, mas também
com as religiões e os não-crentes. Incluindo um movimento de profundo respeito
por toda a criação. Essa aposta no diálogo, ou na “cultura do encontro”, como
também gosta de falar Francisco, envolve primeiramente a assunção de um
“espírito de diálogo”. É ele que deve estar na base, inspirando, todas as
atividades que expressam a missão evangelizadora da Igreja. Em seu discurso no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em julho de 2013, repete três vezes:
“diálogo, diálogo, diálogo”, indicando que é o único caminho para o autêntico
crescimento das pessoas, das famílias e dos povos. E o outro não é apenas o que
recebe, mas também o que oferece, numa “partilha de dons” que revela o
significado mais profundo do diálogo. O outro tem sempre algo que dar, quando a
aproximação é feita “com atitude aberta e disponível, sem preconceitos”.
Francisco insiste na importância do
diálogo com as outras religiões, cujos fiéis vêm sempre nomeados como “amigos”,
assim como fazem os bispos asiáticos, em sua longa e rica prática dialogal. É
dessa forma acolhedora que Francisco designa os muçulmanos em sua mensagem por
ocasião do fim do Ramadã, em julho de 2013, como “estimados amigos”. Quando o
papa fala em intensificar o diálogo com as religiões, pensa com carinho no
Islã, ao qual o cristianismo acha-se vinculado pela mesma devoção ao Deus
misericordioso. Uma ligação que também se reforça pela partilha de comuns
“valores religiosos”. Os cristãos, sublinha o papa, são “chamados a respeitar a
religião do próximo, os seus ensinamentos, símbolos e valores”[3].
Francisco reconhece igualmente os vínculos profundos que irmanam os cristãos
com o povo judaico. São vínculos espirituais muito especiais. Uma das questões
levantadas ao papa Francisco por Eugenio Scalfari dizia respeito ao tema da
promessa feita por Deus aos judeus, e sua dúvida era a respeito de sua valência
ou não. Na resposta dada por Francisco, e publicada no jornal italiano, La
Repubblica (11/09/2013), ele lembrou que a partir do Vaticano II a Igreja
católica redescobriu que o povo judeu permanece como “raiz santa a partir da
qual germinou Jesus”. Reitera, com base no apóstolo Paulo, que Deus nunca
falhou em sua fidelidade “à aliança feita com Israel e que, através das
terríveis provações desses séculos, os judeus conservaram a sua fé em Deus”.
Uma razão que é suficiente para indicar a imensa gratidão dos cristãos por
eles, não só como Igreja, “mas também como humanidade”[4]. Com
respeito aos ortodoxos, o início do pontificado de Francisco marca um momento
importante de abertura. Em março de 2013, em encontro do papa com os
representes de outras religiões, na Sala Clementina, estava também presente o
patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, a quem Francisco nomeou
como “irmão André”. Reza a tradição que foi esse apóstolo quem fundou a Igreja
de Bizâncio. Daí a carinhosa evocação. O encontro entre os dois, em momento
privado, foi vivo e intenso, nascendo dali o projeto de uma viagem do papa a
Jerusalém, em janeiro de 2014, para a comemoração dos cinquenta anos do “abraço
ecumênico” entre Paulo VI e o patriarca Atenágoras, ocorrido em janeiro de 1964
(Valli, 2013: 27-28). Nesse mesmo encontro, o papa Francisco assegura em
discurso aos representantes das diversas Igrejas, e membros de outras
religiões, sua “vontade firme de prosseguir no caminho do diálogo ecumênico”[5].
O diálogo proposto pelo papa
Francisco estende-se também aos não-crentes, em coerência com seu projeto de
estabelecer laços verdadeiros de amizades com todos os povos. O respeito à
“dignidade da diferença” é um tema que vem se impondo com radicalidade nos
últimos tempos, o que supõe a acolhida ao “destino espiritual” que envolve cada
ser humano em sua busca sincera de consciência. Em seu encontro com
representantes das diversas tradições religiosas, em março de 2013 – já
mencionado -, Francisco também se reportou aos não crentes, que a seu ver
também partilham de uma “abertura originária à transcendência” inscrita em cada
coração humano. Tais pessoas, ainda que desfiliados de tradições religiosas,
estão em busca “da verdade, da bondade e da beleza”, sendo aliados preciosos
nos esforços envidados em favor da defesa da dignidade humana, da afirmação de
uma convivência pacífica entre os povos e da salvaguarda da criação. Aliás,
essa convocação em favor de uma responsabilidade, respeito e cuidado para com
a criação vem sendo retomado em cada
momento das falas do papa Francisco. Uma responsabilidade que envolve a todos,
religiosos ou não, de delicadeza e ternura, de sensibilização face ao mundo e o
que nele brilha, que deve ser objeto de amor e proteção.
Nesse caminho dialogal, Francisco
rechaça qualquer perspectiva proselitista, que coloca a Igreja fora de sua rota
essencial, que é a da escuta dos sinais dos tempos, “das necessidades, dos
desejos, das desilusões, do desespero, da esperança”. O grande desafio é o do
conhecimento mútuo, do enriquecimento recíproco e do crescimento que daí advém.
O mais importante, lembra o papa, é “conhecer-se, ouvir, ampliar o horizonte
dos pensamentos. O mundo é feito de estradas que nos aproximam e distanciam,
mas o importante é que nos levem para o bem”. O que é mais central é o
exercício do ágape, do amor que se estende aos outros, dos que estão mais
próximos e também distantes. O ágape, esse sim é “o único modo que Jesus
indicou para encontrar o caminho da salvação e das bem aventuranças”[6].
Passos de transformação eclesial
A diferença do papa Francisco com
respeito ao papa Bento XVI é o seu traço de pastor. Não se apresenta como um
doutor ou um disciplinador, mas como alguém que entende o seu papel sobretudo
como serviço. E chega num momento tão importante da vida eclesial, num tempo de
desgaste de sua representatividade, de desafeição crescente por parte de muitos
fiéis, que migram dos circuitos católicos para outras instâncias de afirmação
de sentido, religiosas ou não. Sua tarefa, como bem lembrou Enzo Bianchi – da
comunidade do Bose (Itália) -, é fornecer uma “palavra de esperança para os
homens de hoje”, que possibilite reabilitar uma confiança em crise, não só na
comunidade eclesial, mas igualmente nos humanos e no futuro da criação
(Bianchi, 2013: 7).
Francisco traz consigo não apenas esperança,
mas também a convocação da atenção de todos para com o mundo e a criação. Foram
fortes e emocionantes as suas palavras na homilia pronunciada em Lampeduza
(Itália), no início do jejum de Ramadã (8/7/2013), onde tantos emigrantes – boa
parte muçulmanos -, encontraram a morte no mar, iludidos com a esperança de uma
viagem que lhes proporcionasse vida. Toda a sua reflexão na missa pelas vítimas
dos naufrágios esteve voltada para o “outro”, em particular aquele que
“perturba” o bem-estar de tantos. O “outro” que é irmão, e que anseia romper com
as provações e sai em busca de um lugar melhor para si e suas famílias, mas
encontra no horizonte a morte. O duro discurso serve como um alerta: “Já não
estamos atentos ao mundo em que vivemos, não cuidamos nem guardamos aquilo que
Deus criou para todos, e já não somos capazes de nos guardar uns aos outros”. O
ser humano, adverte o papa, perdeu “o sentido da responsabilidade fraterna”,
encerrando-se na tranquilidade de uma “cultura do bem estar”, que acentua ao
máximo o egocentrismo. O resultado nefasto é o da “globalização da
indiferença”, que sequestrou do humano até sua capacidade de chorar[7].
Bergoglio não escolheu o nome de
Francisco por acaso, mas foi motivado pelo carisma do profeta e místico de
Assis. Escolheu o poverello porque
ele sonhou com uma Igreja pobre, despojada e voltado para os outros. E recorda
isso no seu belo encontro com Scalfari, em Santa Marta (Vaticano), na última semana de setembro de 2013: “Passaram 800 anos desde então, e os
tempos mudaram muito, mas o ideal de uma Igreja missionária e pobre permanece
mais do que válida. Esta é a Igreja que foi pregada por Jesus e pelos seus
discípulos”[8].
A ousadia marca essa trajetória
inicial de Francisco, que quer levar a sério o ideal do poverello de Assis. Seu
projeto-esperança é de avançar, de sair em direção às fronteiras do humano, aos
subterrâneos da história. Na longa entrevista concedida ao padre Antonio
Spadoro, da Civiltà Cattolica, ele
fala da importância de se vencer a tentação de uma fé ensimesmada:
“A nossa fé não é uma
fé-laboratório, mas uma fé-caminho, uma fé histórica. Deus revelou-Se como
história, não como um compêndio de verdades abstratas. Tenho medo dos
laboratórios, porque nos laboratórios pegam-se nos problemas e levam-se para a
própria casa, para domesticá-los, para os envernizar, fora do seu contexto. Não
é preciso levar a fronteira para casa, mas viver na fronteira e ser audazes”[9].
É na experiência de “fronteira”, junto aos mais pobres, que
Francisco sente-se mais à vontade. E junto a eles que busca firmar os alicerces
de sua compreensão de Igreja. Junto aos refugiados de Lampeduza, dos
desempregados de Cagliari e dos favelados de Varginha. Em seu discurso à
comunidade de Varginha, em Manguinhos (Rio de Janeiro), lança sua violenta
crítica a uma sociedade que ignora ou deixa à margem, na periferia, “parte de
si mesma”. E adverte: “A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo
como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua
pobreza!”[10]. Revolta-se,
em Cagliari, contra um “sistema econômico globalizado”, que desprezando a
ética, provoca duras situações de sofrimento
aos jovens, trabalhadores e pequenos comerciantes[11]. E
junto aos mais pobres busca manter acesa a chama da esperança, que é como brasa
que atua viva sob as cinzas.
Novos eixos de atenção pastoral
O que se percebe como novidade em Francisco é uma nítida
mudança de perspectiva pastoral onde vibram com singularidade alguns eixos
fundamentais, como o senso de comunidade, o traço da simplicidade e o ritmo da
misericórdia. Seu grande desafio é o de visibilizar uma Igreja profética e
misericordiosa, mas que saiba também viver a dinâmica da simplicidade, que é
condição essencial para manter acesa a “linguagem do Mistério”.
Durante sua visita ao Brasil, na homilia relizada na
Basílica do Santuário de Aparecida, em julho de 2013, o papa Francisco destaca
três posturas que considera fundamentais para a Igreja: conservar a esperança,
manter acesa a alegria e deixar-se surpreender por Deus. Em muitas das falas de
Francisco este tema da esperança está presente, como um moto-contínuo, como luz
permanente e horizonte que mantem viva a visada do Reino de fraternidade. Como
mostra Marco Politi, “a Igreja de Francisco não tem a cabeça voltada para trás.
As lamentações, afirma ´nunca, nunca` ajudam a prosseguir. ´As queixas sobre
como o mundo anda bárbaro acabam fazendo nascer dentro da Igreja desejos de ordem
entendidos como pura conservação, defesa`. Não, não é esse o caminho”[12].
O pontificado nasce com a “luz da esperança”, enfatizada por Francisco ao
receber no início de seu pontificado o anel de pescador, em março de 2013:
“Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é
abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas
nuvens, é levar o calor da esperança”[13].
O toque da alegria é outra postura acentuada por Francisco. Nada mais essencial
do que “viver na alegria”, deixar-se incendiar por seu calor e irradiar essa
vida por todo canto. É o desafio que se coloca para os cristãos, enquanto
seguidores de Jesus. Eles devem ser portadores da alegria, com a consciência
viva dessa presença de Deus que os acompanha pelos caminhos da vida. Alegria
sim, tristeza não, pois o cristão não pode carregar a marca do pessimismo. Por
fim, o traço da abertura ao dom de Deus, a disponibilidade em “deixar-se
surpreender por Deus”. De um Deus que é mistério e que se revela por caminhos
inusitados, não estando aprisionado em religião alguma: o Deus que era, que é,
e que vem. Francisco lembra que os grandes guias do povo de Deus, como Moisés,
sempre deixaram aberta essa reserva escatológica de Deus, essa abertura para a
dúvida, que é também salutar[14].
Não há como “encontrar” a Deus, ou ser tomado pelo sentimento de garantia de
sua posse, mas é sempre o Mistério pelo qual o sujeito se deixa possuir, numa
dinâmica que é de pura gratuidade.
A imagem de Igreja que Francisco
projeta em sua atuação pastoral é bem clara: de uma Igreja que se faz próxima
do outro, capaz de curar as feridas e que abre suas portas para os desafios do
tempo. Muito sugestiva a imagem eclesial apresentada pelo papa a Antonio
Spadoro, de uma Igreja que se apresenta como um “hospital de campanha depois de
uma batalha”. Tudo se relativiza diante do desafio maior que o de “curar as
feridas e dar calor aos corações”. Disso também falou no Brasil, no discurso ao
episcopado, com base no ícone de Emaús. Num tempo marcado por tanta desilusão,
apatia ou mesmo desafeição, quando muitos demonstram sua insatisfação com uma
comunidade que se distancia de suas necessidades, ou se apresenta pobre, fria,
rígida para atender suas inquietações, faz-se necessário uma presença diferenciada,
de uma Igreja “que não tenha medo de entrar na noite deles, de uma Igreja capaz
de encontra-los no seu caminho”[15].
Na visão de Francisco, a Igreja não pode
ficar encerrada em seu mundo, mas deve “sair de si mesma” e buscar caminhos
novos. E convoca os religiosos e religiosas da América Latina e Caribe para tal
abertura: “Abram portas, façam algo aí onde a vida clama. Prefiro uma Igreja
que se equivoca por fazer algo do que uma que adoece por ficar fechada...”[16].
Assinala o essencial papel de profeta a ser exercido pelos religiosos, cujo
voto de castidade traduz sobretudo “fecundidade” e abertura. Os ministros, como
um todo, devem concentrar sua atuação não nas admoestações ou nas replicações
doutrinas, mas na proposta evangélica essencial, que deve ser “mais simples,
profunda, irradiante”[17].
Em audiência com os bispos recém-nomeados, em setembro de 2013 (Sala Clementina),
chama a atenção para o risco de ambição ou carreirismo, o que denominou
“psicologia de príncipe”. Sublinha a importância da abertura e da humildade, e
também do impulso de proximidade: “Sejam pastores com cheiro de ovelha,
presentes no meio de sua gente como Jesus, o Bom Pastor”[18].
De gestos, decisões e resistências
Passados seis meses de sua atuação
no Vaticano, o papa Francisco está mesmo convencido sobre a importância
fundamental de transformar o tecido eclesial, de realizar uma mudança profunda
na cúria romana. Reconhece o lugar e o valor dos diversos dicastérios romanos,
enquanto instâncias de serviço à Santa Sé. Mas concorda sobre a presença de um
“defeito” sério em seu exercício, ou seja, seu traço “vaticano-cêntrico”. É um
traço grave, que acaba por descuidar dos desafios imprescindíveis do tempo, do
apelo do mundo. Sinaliza não compartilhar com tal visão, envidando todos os
esforços para mudar a cúria, de modo a possibilitar o retorno à sua dimensão de
“serviço do povo de Deus”, que melhor traduz a comunidade eclesial.
Priorizando o caminho da
colegialidade, Francisco decidiu nomear oito cardeais para atuar como conselheiros
em seu importante trabalho de reforma da cúria romana, além de outras
atribuições. Trata-se de um trabalho extremamente delicado, que exige um
discernimento particular. Tratou dessa questão na entrevista para a Civiltà Cattolica, pontuando sua complexidade:
“Este discernimento requer tempo. Muitos, por exemplo, pensam que as mudanças e
as reformas podem acontecer em pouco tempo. Eu creio que será sempre necessário
tempo para lançar as bases de uma mudança verdadeira e eficaz. E este é o tempo
do discernimento”[19].
Como jesuíta cuidadoso, sem deixar de ser ousado, Francisco busca seguir com
firmeza um caminho de transformação ornado por maturidade, sem que as decisões
sejam tomadas de forma repentina. Não confia muito nesse caminho abrupto,
embora as grandes transformações eclesiais foram movidas por “centelhas” de
ousadia, como o gesto inaugural de João XXIII com a convocação do Vaticano II.
As perspectivas de mudança que se
começam a delinear no pontificado de Francisco já provocam resistências, o que era
de se esperar. E isso vem ocorrendo no interior mesmo do Vaticano, entre
aqueles que “entre um sorriso hipócrita e uma fofoca eclesiástica, começam a
dizer que ele não tem a doutrina do papa anterior, que sempre diz as mesmas
coisas, que não vigia bastante sobre as suas palavras” (Bianchi, 2013: 11). As
críticas ainda são meio “veladas” entre segmentos da cúria romana, descontentes
com seu jeito de exercer o ministério petrino. Mas não há dúvida sobre o
acirramento de tensões que pode acompanhar a atuação do papa contra o que ele
mesmo denominou “corrente de corrupção” presente em âmbito curial. Atos
corajosos já se fazem sentir, como o início
do esvaziamento do “império dos genoveses”, com a substituição de Tarcísio Bertone por Pietro Parolin, na Secretaria
de Estado; e a de Mauro Piacenza por Beniamo Stella, na Congregação para o
Clero[20].
Colunistas italianos como Vittorio
Messori, o mesmo que entrevistou o cardeal Ratzinger no clássico Rapporto sulla fede (1985), lançam
interrogações sobre o ineditismo de Francisco. Messori chega a sugerir que os
meios internacionais de comunicação social criam um “personagem” revestindo-o
com traços que frequentemente não são seus. Mas o verdadeiro Bergoglio, indica
–com base num ditado romanesco - : “ci è e non ci fa”[21].
Descontentamentos mais explícitos explodem em portais católicos
tradicionalistas, e com uma verve raivosa[22];
bem como entre prelados que sempre manifestaram dificuldades com o “espírito
conciliar”. Fala-se em “silêncios preocupantes” no novo pontificado. A nova perspectiva de Igreja instaurada por
Francisco cria também dificuldades com certos movimentos eclesiais, como
Comunhão e Libertação, mais adaptados a um estilo de atuação eclesial voltado
para a “reconquista católica”.
Um dos importantes analistas brasileiros, Luiz Alberto
Gómez de Souza, indica que transformações importantes já começam a acontecer,
também em âmbito pessoal, nessa passagem de Bergoglio para Francisco. É alguém
que vem se deixando “surpreender por Deus”, e também pelo grito do empobrecido.
A atenção decisiva dada por Francisco aos pobres, retoma a linha reflexiva dos
bispos latino-americanos em Puebla (1979), quando sublinharam:
“Só por esse motivo, os pobres
merecem uma atenção preferencial, seja qual for a situação moral ou pessoal em
que se encontrem. Criados à imagem e semelhança de Deus para serem seus filhos,
esta imagem jaz obscurecida e também escarnecida. Por isso Deus toma sua defesa
e os ama” (Puebla, n. 1142)
O
pontificado está apenas em seu início, mas já começa dando sinais corajosos de
mudança, que traduzem uma esperança cultivada por décadas de expectativa. A
passagem dos gestos para as decisões vai, de fato, provocar tensões, como já se
percebem na nova rota eclesial, mas são lufadas de vento renovador que se
faziam urgentes e necessárias, em linha de rica continuidade com o sonho
alvissareiro de João XXIII e o profeta e místico de Assis, Francisco.
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(acesso em 02/10/2013).
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Publicado em Estudos de Religião, v. 27, n. 2 - jul/dez 2013, p. 159-176
[1]
Ver a respeito disso a resenha de Faustino Teixeira: Joseph Ratzinger. Crisi di
un papato. Revista Eclesiástica
Brasileira, v. 72, n. 287, p. 754-758, 2012.
[4] http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523614-papa-francisco-escreve-ao-la-repubblica-um-dialogo-aberto-com-os-nao-crentes (acesso em 03/10/2013). Também João Paulo II,
dirigindo-se aos representantes da comunidade judaica em Roma, em 1986, tinha
falado em “vocação irrevogável” de Israel, abrindo um importante precedente
para entender a dignidade das diversas religiões.
[18] http://www.ihu.unisinos.br/noticias/523938-nao-sejam-bispos-de-aeroportos-pede-francisco (acesso em 04/10/2013).
[20] Pode-se também registrar a firme intenção de papa
Francisco em fortalecer os traços da renovação litúrgica do Vaticano II,
reagindo aos impulsos de retomada do rito antigo. Insere-se nesse campo sua
atitude de substituir em bloco, em setembro de 2013, os consultores da oficina
das celebrações litúrgicas papais.
[22] http://oglobo.globo.com/mundo/papa-francisco-ja-enfrenta-resistencia-no-vaticano-10192000 (acesso em 06/10/2013).
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