quarta-feira, 29 de junho de 2016

Paul Knitter: as religiões e a responsabilidade global

Paul Knitter: as religiões e a responsabilidade global

Dentre os autores relacionados nesta versão mais moderada do pluralismo, pode-se citar o teólogo Paul Knitter (1939-)[1]. Assim como J. Hick, este autor considera o modelo teocêntrico como “o mais prometedor para uma válida reinterpretação da doutrina cristã e para um diálogo inter-religioso mais autêntico"[2]. Toda a reflexão teológica de Knitter está animada pela exigência do diálogo inter-religioso, e é neste horizonte que deve ser compreendido o seu procedimento teórico. Ele constata que tanto uma visão eclesiocentrada como cristocentrada têm obstaculizado o caminho do diálogo. Com a abertura ecumênica no campo católico, foram dados os primeiros passos de superação do eclesiocentrismo, sobretudo com a clarificação da distinção entre Reino e Igreja. Ao lado deste primeiro movimento eclesiológico, Knitter sublinha a importância de um novo passo, agora na cristologia. Para ele, o modo de compreender a Cristo, mesmo com a novidade introduzida pelo inclusivismo, "está impedindo este diálogo"[3].

A proposta de Knitter vai na linha de uma reinterpretação da unicidade de Jesus, tendo em vista a diversidade das cristologias do Novo Testamento. Partindo da constatação de que a cristologia desde o seu início foi "diversa, evolutiva e fruto de um diálogo", Knitter indaga se a "exclusividade" e a "normatividade" presentes em alguns textos do Novo Testamento (lTm 2,5; Jo 1,14; 14,16) constituem, de fato, "parte do conteúdo principal daquilo que a Igreja primitiva experimentou e acreditou"[4]. É a natureza dessa linguagem exclusivista que incomoda este autor. Para ele, "todos os qualificativos ‘único e só’ acrescentados aos vários títulos cristológicos fazem mais parte do meio usado pelo Novo Testamento que de sua mensagem central"[5]. Um dos pontos de concordância entre os especialistas do Novo Testamento refere-se à compreensão do Reino de Deus como conteúdo central da mensagem originária de Jesus. Partindo desta premissa, Knitter sublinha que a mensagem central de Jesus foi teocêntrica. Jesus, como profeta escatológico, "não toma jamais o lugar de Deus. Também nos três textos em que vem proclamado Deus ou divino (Jo 1,1; 20,28: Hb 1,8-9) fica salvaguardada uma evidente subordinação"[6].  Depois da morte de Jesus, como indica Knitter, é que o proclamador se transforma em proclamado, ocorrendo assim um deslocamento da idéia de Reino de Deus para a de Filho de Deus[7]. A mensagem teocêntrica de Jesus torna-se, com o Novo Testamento, cristocêntrica.

Apesar da questão polêmica apontada na discussão cristológica, o modelo proposto por Knitter não avança no sentido de uma ruptura na compreensão da unicidade e da normatividade de Jesus. Ele discorda, sim, de uma unicidade exclusiva ou inclusiva, mas acredita numa “unicidade relacional de Jesus"[8]. Nesta nova compreensão, Jesus vem afirmado como único, “mas de uma unicidade caracterizada por sua capacidade de pôr-se em relação - isto é, de incluir e ser incluído - com outros personagens religiosos únicos"[9]. Para Knitter, a questão da normatividade de Jesus deve ser percebida como uma "questão aberta"[10], sem implicar um juízo pejorativo sobre a superioridade da revelação cristã sobre as outras. Segundo Knitter, esta questão teórica aberta da unicidade de Jesus só poderá ser de fato esclarecida na prática do diálogo[11]. Em sua posição, este autor propõe que toda pretensão do cristianismo acerca da unicidade de Cristo seja provisoriamente suspensa no processo dialogal e, como fruto do diálogo, "talvez Jesus de Nazaré continuará a existir (sem ser imposto) como o símbolo unificante, como expressão universalmente plena e normativa de tudo aquilo que Deus tem em mente para toda a história"[12].

Nos seus últimos trabalhos, a reflexão de Paul Knitter vem ganhando um novo amadurecimento. A partir dos diversos problemas e difificuldades levantados a propósito da teologia pluralista das religiões, este autor tem apresentado não apenas novas clarificações de seu pensamento, mas igualmente correções de argumentos defendidos em obras anteriores. Sua reflexão vem hoje animada por um novo impulso ético a partir de sua convicção da importância de uma teologia das religiões fundada no desafio da libertação e do bem estar eco-humano[13]. No âmbito de sua nova reflexão, Paul Knitter introduz um novo modelo no seu projeto teológico pluralista, por ele definido como “globalmente responsável e correlacional”. Enquanto globalmente responsável, busca incluir a noção fundamental de libertação em favor da justiça social, mas que envolve igualmente o bem estar eco-humano. Enquanto correlacional, busca afirmar a pluralidade das religiões e a relação entre as mesmas, garantindo porém sua genuína diversidade[14]. Através deste novo modelo, Knitter marca uma mudança de perspectiva com respeito às suas obras anteriores: de uma perspectiva “não normativa, teocêntrica” para outra “multinormativa, soteriocêntrica”[15].

Com base nesta nova perspectiva, Knitter busca situar sob novo horizonte o tema da unicidade de Cristo e do cristianismo. Para ele, a perspectiva correlacional mantém acesa a consciência da divindade de Jesus, de sua ressurreição, de sua presença entre os seres humanos e a consciência de seu caráter salvífico universal. Ao contrário do que advogam certos críticos, garante-se e salvaguarda-se a singular diferença entre Jesus e outras figuras religiosas da história. Conforme Knitter, há sentido para os cristãos permanecer afirmando e anunciando Jesus como “verdadeiramente divino e salvador”, sem, porém, advogar que só ele é divino e salvador[16].

O argumento vem retomado em obra de 2009, num testemunho pessoal do teólogo:           

A razão pela qual se permanece cristão é, ou deveria ser, a experiência que nenhum outro nos há tocado, falado, nos colocado em condições de descobrir quem somos como o fez Jesus. Por certo, nós cristãos reconheceremos que existem outros, em outras tradições religiosas, que transformaram e preencheram a vida das pessoas segundo modalidades semelhantes (...). O que torna Jesus único para mim não é simplesmente algo que tenho só ´para mim`, algo que somente eu e os cristãos como eu podem acolher. Reconhecendo nele uma natureza de certo modo universal, quero que outros vejam nele aquilo que eu vejo, quero que Jesus faça em suas vidas a diferença que provocou na minha”[17].

 A unicidade de Jesus vem, assim, interpretada como complementar e relacional, capaz de favorecer a relação, a abertura e o aprendizado com os outros. A novidade que apresentada por tal perspectiva está no modo de interpretar a unicidade, de forma a facultar e promover um diálogo verdadeiramente correlacional com outros percursos religiosos. A cristologia pluralista, sublinha Knitter, não coloca em questão o fato da unicidade de Jesus, mas sublinha o seu caráter relacional. Não há obstáculos que impeçam considerar Jesus como verdadeiramente divino e salvador, mas há dificuldade em reconhecer apenas nele a salvação. O que se pretende é abrir espaço para perceber a presença salvífica de Deus também alhures. Jesus é verdadeiramente salvador, mas “não somente ele”, na medida em que o Mistério Divino transborda sua pessoa e mensagem. Nesse sentido, outras tradições religiosas podem, com dignidade, partilhar de concepções válidas e situar-se positivamente com respeito a este Mistério, não necessitando serem unilateralmente “incluídas” ou preenchidas pelo cristianismo[18].




[1] Foi missionário do Verbo Divino (SVD), tendo deixado o ministério em 1975. Doutorou-se em teologia na Universidade de Marburg (Alemanha - 1972), sob a orientação de Carl Heinz Ratschow. Lecionou teologia na Catholic Theological Union (Chicago-EUA) e  na Xavier University (Ohio-EUA). Hoje atua na cátedra Paul Tillich da Union Theological Seminary (New York). Duas de suas obras foram traduzidas ao português: Introdução às teologias das religiões. São Paulo: Paulinas, 2008 e Jesus e os outros nomes. Missão cristã e responsabilidade global. São Bernardo do Campo: Nhanduti, 2010.
[2] P.KNITTER. Nessun altro nome? Un esame critico degli attegiamenti cristiani verso le religioni mondiali. Brescia: Queriniana, 1991, p. 126.
[3] P.KNITTER. O cristianismo como religião verdadeira e absoluta? Concilium, v. 156, n.6, p. 29, 1980; Id. Nessun altro nome?, p. 123.
[4] P.KNITTER. Nessun altro nome?, p. 150. As declarações sobre Jesus no Novo Testamento, sobretudo com respeito à sua unicidade, como lembra Knitter em obra posterior, é claramente uma “linguagem performativa”, ou seja, uma “linguagem de agir”. Não se trata de uma definição filosófica ou dogmática. Os antigos cristãos estavam, na verdade, “se declarando e convidando outros a serem discípulos de Jesus, a segui-lo no amor a Deus e ao próximo e no trabalho em prol do que Jesus chamou de Reino de Deus. O propósito de confessar afé erar seguir, e não o inverso”: P.KNITTER. Jesus e os outros nomes, p.  91.
[5] P.KNITTER. Nessun altro nome?, p. 150.
[6] Ibidem, p. 132.
[7] Ibidem, pp. 131-132; 135; 145-146.
[8] Ibidem, p. 127. Ver tb Id. Jesus e os outros nomes, pp. 106-109.
[9] P.KNITTER. Nessun altro nome?, p. 127. E o autor continua, na mesma página: “Semelhante interpretação não vê Jesus como exclusivo ou normativo, mas teocêntrico, enquanto uma manifestação (sacramento, encarnação) universalmente relevantes da revelação e da salvação divinas”.
[10] lbidem, p. 196.
[11] lbidem, p. 199. Id. A teologia católica das religiões numa encruzilhada.  Concilium, v. 203, n.1, p. 112, 1986.
[12] P.KNITTER. Nessun altro nome?, p. 253.
[13] Como expressão deste novo momento podem ser citadas as seguintes obras: P.KNITTER. One earth many religions.  New York: Orbis Books, 1995 (tradução italiana: Una terra molte religioni. Assisi: Cittadella Editrice, 1998); Id. Jesus and the Other Names. Christian Mission and Global Rsponsability. New York: Orbis Books, 1996 (com tradução brasileira).
[14] Uma gama significativa das críticas tecidas contra a teologia pluralista por parte de teólogos e filósofos da religião relaciona-se com a questão da diversidade. Para estes críticos, o modelo pluralista, ao defender uma proposta dialogal, acaba por desconhecer ou relegar o que há de único e irrevogável em cada religião, apagando-se, transcurando-se ou violando-se o dado da diversidade das religiões. Esta problemática foi trabalhada e desenvolvida por Knitter em seu livro Una terra molte religioni, onde busca encontrar um equilíbrio entre os dois elementos essenciais implicados no diálogo inter-religioso: a consciência da diversidade e o imperativo da responsabilidade. Cf. op. cit., p. 75-102 e 136-171.
[15] P.KNITTER. Una terra molte religioni, p. 41; Id. Jesus e os outros nomes, p. 191, n. 39.
[16] P.KNITTER. Una terra molte religioni, p. 71.
[17] P.KNITTER. Senza Buddha non potrei essere cristiano. Roma: Fazi Editore, 2011, pp. 162-163.
[18] P.KNITTER. Una terra molte religioni, pp. 69-70 e 28.

(Publicado no livro: TEIXEIRA, Faustino. Teologia e pluralismo religioso. São Bernardo do Campo:
Nhanduti, 2012, p. 118-121)

Teologia cristã e pluralismo religioso

Teologia Cristã e Pluralismo Religioso

Apresentação do livro de John.Hick: Teologia cristã
e pluralismo religioso. O arco-iris das religiões.
São Paulo: PPCIR/Attar, 2005 (214pp)

Faustino Teixeira
PPCIR-UFJF


O filósofo e teólogo inglês John Hick é um dos grandes pioneiros daaaaa atual reflexão sobre a teologia e o pluralismo religioso. Autor com significativa produção na área da filosofia da religião, também tem atuado no âmbito da reflexão teológica, sendo um dos principais responsáveis pela hipótese da teologia pluralista das religiões. Com renome internacional, Jonh Hick lecionou em diversas universidades, tanto nos Estados Unidos (Cornell, Princeton e Claremont), como na Grã-Bretanha (Cambridge e Birmingham). É um teólogo que pertence à tradição presbiteriana, tendo sido ordenado na Igreja Presbiteriana da Inglaterra, hoje incorporada na Igreja Unida Reformada[1]. 

       De sua vasta produção bibliográfica, podem ser destacada algumas obras de relevo como: God and the Universe of Faiths (1973); Christianity and Other Religious (1980); God Has Many Names (1982); An Interpretation of Religion (1989); The Metaphor of God Incarnate (1993); Dialogues in the Philosophy of Religion (2001); The Fifth Dimension (2004). No Brasil foram traduzidas duas de suas obras: Filosofia da religião (1970, publicada originalmente em 1963) e A Metáfora do Deus encarnado (2000, publicada originalmente em 1993).[2]

       A obra aqui apresentada vem dar continuidade ao processo de divulgação da reflexão de John Hick no Brasil, uma tarefa que vem sendo desenvolvida  pelo programa de pós-graduação em ciência da religião da Universidade Federal de Juiz de Fora. A presente obra saiu originalmente publicada em inglês, no ano de 1995 : A Christian Theology of Religions: The Rainbow of Faiths. Ela nasceu motivada por uma série de conferências ministradas na Union Theological Seminary em Nova Iorque, em 1994 (Auburn Lectures), onde Jonh Hick buscou responder às indagações críticas feitas à sua versão do pluralismo religioso. Na introdução do livro o autor apresenta brevemente a controvérsia teológica em torno da teologia pluralista das religiões e depois situa sua hipótese pluralista. A forma que encontrou para responder às inúmeras críticas que sua concepção de pluralismo tem suscitado em âmbito filosófico e teológico foi  original.  Jonh Hick escolhe como recurso de abordagem o diálogo com duas personagens por ele criadas, uma delas apresentando as críticas filosóficas (Fil) e a outra  as críticas teológicas (Graça). Na interlocução com as duas personagens, está João, ou seja, o próprio Jonh Hick, que busca articular através do diálogo a sua posição específica sobre a questão envolvida. No diálogo com o personagem Fil, John Hick aborda tanto as críticas pós-modernistas e de outra natureza em torno à sua hipótese pluralista, como também a questão nodal do Real, de sua inefabilidade e os critérios de autenticidade na resposta das grandes tradições religiosas ao Real. No diálogo com a personagem Graça, ocorrem as questões de cunho mais teológico, como a doutrina da encarnação e da unicidade de Deus, bem como da salvação, missão e diálogo inter-religioso. Ao final, John Hick insere uma breve reflexão sobre o desafio do pluralismo religioso sobre a forma tradicional de entender o cristianismo, e a necessidade da configuração de um novo caráter ao cristianismo em mudança.

       Este livro de John Hick vem sublinhar a importância fundamental do debate acadêmico e do diálogo filosófico e teológico autênticos para facultar a identificação das questões reais, das diferenças entre as posições e o favorecimento de um campo de entendimento possível entre as partes. Na sua visão, a discussão teológica em torno do pluralismo religioso não tem sido bem conduzida, carecendo de qualidade. Hick reconhece que a temática apresentada no livro é controversa, o que a seu ver não é negativo, pois há que se acostumar com a “rica diversidade interna do pensamento cristão” e reforçar a disposição ao exercício da escuta mútua e da cortesia humana. O autor indica que o livro apresentado tem por objetivo alimentar uma reflexão que é de longo prazo, bem como clarear e corrigir compreensões equivocadas ou apressadas sobre a sua hipótese pluralista e mostrar a plausibilidade de um efetivo pluralismo cristão.

       Para melhor favorecer a compreensão da hipótese pluralista de Hick é necessário traçar, ainda que brevemente, o quadro das diferentes perspectivas presentes no atual debate da teologia das religiões.[3] Uma posição mais tradicional vem identificada com o exclusivismo, presente tanto em âmbito católico-romano como protestante. De acordo com esta visão, não pode haver salvação sem um conhecimento explícito de Jesus Cristo e a pertença à igreja. Para Hick, esta tendência é hoje mais restrita, vigorando para poucos católicos ultraconservadores e núcleos de fundamentalistas protestantes. Uma segunda posição, bem mais partilhada, é a do inclusivismo, que se caracteriza por incluir os outros crentes (não-cristãos) na esfera da salvação cristã. Há nesta posição um reconhecimento das religiões como caminhos de salvação, mas enquanto implicam a salvação de Jesus Cristo. Para Hick, o inclusivismo permanece ainda refém do antigo imperialismo teológico, restringindo o âmbito da salvação à salvação cristã. Mesmo quando busca ampliar o seu significado, mediante a idéia de um Cristo celestial que opera de forma misteriosa em todas as tradições, o inclusivismo não consegue, segundo Hick, traduzir-se de forma mais efetiva: qual o tipo de causalidade invisível acompanharia a morte salvífica de Jesus, tornando-a eficaz e operativa para o exercício salvador/libertador das outras tradições religiosas? Em outros casos, faz-se recurso à figura  de um Cristo ou Logos não histórico ou supra-histórico para favorecer a plausibilidade de um Cristo que opera no contexto das religiões mundiais. São questões que Hick levanta ao longo de sua reflexão no livro.  O que para ele ocorre é um alongamento da idéia de inclusivismo, no sentido de melhor favorecer  o diálogo e a comunicação com as outras tradições religiosas. Mas o que sucede na verdade, a seu ver, é a afirmação de uma “concepção vaga que, quando colocada sob a pressão de aclarar-se, move na direção do pluralismo”. Uma terceira posição, com a qual Hick identifica-se, é a do pluralismo. Esta posição surge exatamente como uma reação contra a reinvindicação cristã de ser a religião de superioridade última. Postula-se com o pluralismo uma mudança de paradigma, para além do exclusivismo e do inclusivismo. O novo paradigma vem reivindicado por Hick como condição necessária hoje em dia para responder ao novo campo de percepção das outras tradições religiosas.

       De acordo com a hipótese pluralista proposta por Hick, o cristianismo deixa de ser o único e exclusivo meio de salvação e as outras tradições religiosas aparecem como instâncias legítimas e autônomas de salvação, como religiões verdadeiras e não como um cristianismo diminuído. Trata-se para ele de uma posição mais sintonizada com a nova consciência global e desperta para o valor do pluralismo de princípio. Para Hick, esta posição revela-se mais realista que as anteriores, admitindo que “dentro de cada uma das grandes tradições, naquilo que elas têm de melhor e mais ou menos na mesma proporção, se realiza a transformação salvífica da vida humana – transformação individual e coletiva que vai de um autocentramento destrutivo a uma nova orientação centrada na Realidade divina”[4]. O arco-íris vem escolhido como metáfora que consegue expressar a positiva refração da Luz divina, ou do Real, nas diversas culturas religiosas da humanidade. As grandes religiões são reconhecidas por Hick como meios bem diferentes, mas igualmente válidos de experimentar e responder à Realidade última que no cristianismo vem reconhecida como Deus.

       A idéia de centralidade do real vai ser decisiva na hipótese pluralista aventada por John Hick. Ela foi ganhando lugar cada vez mais importante na reflexão deste autor, o que traduz um pensamento em contínuo processo de amadurecimento e abertura.  É a Realidade última que constitui para Hick a fonte e o fundamento de tudo, e esta  Realidade é inefável, não podendo ser apreendida ou esgotada por nenhum sistema de crença em particular. As distintas expressões religiosas tornam-se contextos de salvação/libertação na medida em que se sintonizam com este Real. Não há como acessar o Real em si, nem mesmo atribuir-lhe qualidades intrínsecas. Dele não se pode dizer que é pessoal ou impessoal, um ou muitos, consciente ou não-consciente, pleno ou vazio. Ele é em si inacessível, fora de qualquer alcance cognitivo. Mas como a luz do sol, ele vem parcialmente apreendido pelas diversas tradições de forma diversificada.  Para algumas tradições será percebido como pessoal, para outras não pessoal. John Hick serve-se da distinção kantiana entre o Real numênico (an sich) e o Real  enquanto humanamente percebido. O que importa é que, do ponto de vista humano, este Real é percebido como bom, gracioso e benfazejo, sendo o ponto de arranque essencial da transformação humana que rompe com a perspectiva egoica e auto-centrada para o descentramento, que é afinidade com o Real e razão da bem-aventurança. Para Hick, as diversas tradições religiosas buscam realizar, ainda que por caminhos diversos, este processo de descentramento de si em favor de um novo centramento no Real. Isto não significa, porém, a ausência de movimentos em sentido contrário que agem nas religiões, atuando contra o seu caráter predominantemente benigno.

       Respondendo a alguns críticos que relacionaram a acolhida positiva do pluralismo religioso a um produto do racionalismo pós-iluminista, Hick reconhece que a nova consciência global favoreceu o desenvolvimento atual do pluralismo religioso, mas adverte que a sensibilidade ao pluralismo religioso antecede em muito a esfera de influência do iluminismo, estando presente, por exemplo na tradição hindu do vedanta, na tradição budista e na mística muçulmana sufi. Hick faz menção ao importante pensador sufi, Ibn al-Arabi (1165-1240 d.C), que muito antes da afirmação da modernidade reconhecia a riqueza do mundo plural. Para Ibn al-Arabi, Deus em si mesmo é independente dos mundos, e não pode estar limitado por crença alguma. É capaz de assumir todas as formas e crenças porque se diferencia teofanicamente, sendo incomparável a qualquer crença. As crenças são como “nós” ou “vínculos” que delimitam a “realidade” (wujûd) absoluta e não delimitada de Deus. Para este místico, a multiplicidade tem suas raízes em Deus mesmo, sendo que a diversidade das crenças antes de ser algo negativo revela, ao contrário, a infinita e variegada auto-revelação do mistério de Deus.[5]

       Uma semelhante concepção do pluralismo religioso teve acolhida positiva em determinados círculos, mas recebeu também severas críticas de outros setores mais alinhados com o exclusivismo ou o inclusivismo. No âmbito magisterial católico-romano são conhecidas as críticas tecidas pelo então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o cardeal Joseph Ratzinger – hoje, Papa Bento XVI -, para o qual Jonh Hick constitui “o representante de maior relevo do relativismo religioso” que a seu ver tem sido uma filosofia dominante no momento atual.[6] A posição pluralista vem igualmente questionada pelo documento da Comissão Teológica Internacional, que trata a questão do cristianismo e as religiões[7]. Critica-se em particular os desdobramentos que envolvem, na posição pluralista, a utilização da concepção epistemológica kantiana que distingue o noumenon do phenomenon. Na visão da mencionada Comissão Teológica, o noumenon acaba sendo “dissolvido”  em suas expressões tão contrastantes. Critica-se também a radical separação entre o Transcendente e suas representações, favorecendo uma relativização das mesmas e impedindo qualquer reivindicação de exclusividade na questão da verdade[8].

       As críticas mais contundentes que John Hick busca responder na seção do livro dedicada ao diálogo com a filosofia, são provenientes sobretudo de autores pós-modernistas. Para estes autores, um questionamento mais decisivo ao pluralismo refere-se à sua possível desconsideração das diferenças concretas entre as tradições religiosas, de sua alteridade, levando a uma homogeneização destas tradições. Outros autores questionam o status atribuido pela corrente pluralista às várias tradições, que seria diferente daquele que as religiões mesmas se atribuem. Outros criticam ainda o risco totalizador presente na posição pluralista e o caráter vago que o Real acaba ganhando na construção pluralista, levando a um certo agnosticismo transcendental. Em suas respostas aos diversos questionamentos, expressos na voz de Fil, John Hick busca mostrar como a posição pluralista não desconsidera a diferença e a alteridade de cada tradição religiosa. Cada tradição em particular é percebida como uma totalidade diferente. Não se visa sob nenhuma hipótese uma nova religião global, mas o reconhecimento de caminhos diferenciados de respostas ao Real. Com respeito às outras críticas, John Hick reconhece que a posição pluralista atribui um outro status às diversas tradições religiosas, mas isto não significa um desrespeito à sua integridade. Há que reconhecer que toda tradição religiosa está em processo de crescimento e aperfeiçoamento, sendo permanentemente provocada ao diálogo e à transformação. Hick argumenta que as respostas dadas pelas religiões ao Real sempre acontecem dentro de seu mundo conceitual, e isto nem sempre favorece o reconhecimento do valor de outras percepções do Real. Quando isoladas e deslocadas das interlocuções, as crenças tendem a descansar no seu caminho salvífico específico de acesso ao Real, e a forma que muitas vezes encontram para acomodar as outras tradições é subordinando-as à sua lógica particular. Daí a necessidade de buscar uma “perspectiva mais abrangente” capaz de desentranhar novos canais de abertura e diálogo, para além da tendência absolutista que pode acompanhar o movimento isolado das tradições em si. Com respeito ao caráter do Real, John Hick sublinha ser inexata a idéia de que ao longo de sua reflexão o Real foi se tornando cada vez mais vago a ponto de se tornar redundante. O que vem afirmando é que a natureza do Real não pode ser devidamente expressa no contexto dos sistemas conceptuais humanos, que ele é sempre maior e está mais além. Isto não significa que não pode ser descrito pela linguagem humana, mas que esta deve estar consciente de suas limitações. O que para ele é implausível é a pretensão de uma única religião reivindicar a exclusividade da concepção verdadeira do Real.
      
       As implicações teológicas de sua reflexão aparecem na seção do livro dedicada ao diálogo com a personagem Graça. Trata-se de uma teóloga que apresentará as críticas teológicas à posição pluralista. As críticas mais importantes concentram-se nas implicações da hipótese pluralista para as doutrinas consideradas centrais no cristianismo como a Encarnação e a Trindade. Para Hick, levar a sério o pluralismo significa rever radicalmente a estrutura tradicional da teologia cristã. Em sua visão, a doutrina da encarnação, assim como tradicionalmente entendida, produziu na história sérios efeitos colaterais, entre os quais o anti-semitismo cristão, a exploração colonialista ocidental, a subordinação social das mulheres e um arrogante complexo de superioridade do cristianismo face às religiões.[9] Segundo Hick, os desdobramentos da visão tradicional levam necessariamente à visão de superioridade do cristianismo. Há, segundo ele, uma linha de continuidade que vai da idéia de que Jesus de Nazaré era o Deus Filho para a idéia da centralidade mundial do cristianismo, visto como a única religião fundada por Deus em pessoa. Uma tal idéia é para ele incompatível com uma compreensão pluralista do cristianismo, entendido como uma das respostas salvíficas à Realidade Última.

       Na visão de John Hick, a idéia de encarnação não pode ser compreendida em sentido literal, mas em sentido metafórico. Com base em estudos protestantes e católicos sobre o Novo Testamento, Hick indica que “o Jesus histórico não ensinou que ele era Deus ou o Deus Filho, a segunda pessoa, encarnada, de uma Santa Trindade”. Sua consciência era a de um “profeta enviado por Deus”,  alguém marcado por intensa consciência de Deus, que se tornou fonte de inspiração e seguimento para os seus ouvintes. Para Hick, a afirmação da divindade de Jesus foi fruto da tradição eclesial posterior, encontrando no Concílio de Nicéia ( ano 325) sua oficial adoção[10]. A metáfora bíblica do “Filho de Deus”, presente nas escrituras hebraicas, vem transformada  numa doutrina metafísica da encarnação, rígida e literal: “um filho de Deus metafórico se transforma no Deus Filho metafísico, segunda pessoa da Trindade”[11].

Na hipótese pluralista proposta por Hick, Jesus aparece como um ser humano excepcional, radicalmente aberto à presença e influência  de Deus, alguém marcado por uma extraordinária e intensa consciência de Deus, que “encarna” de forma singular a dinâmica divina para a vida humana, que torna Deus real para os outros. Ele é alguém “que corporificou, nas circunstâncias de sua época e lugar, o ideal da humanidade que vive em abertura e em atitude de resposta a Deus, e ao fazê-lo ele ´encarnou` um amor que reflete o amor divino”[12]. O que marca a personalidade de Jesus para Hick é a sua “tremenda autoridade moral” e a riqueza de seu amor acolhedor . Esta é a tese de Hick  que tem provocado a reação mais contundente de muitos de seus críticos, e uma resistência firme contra as interpretações propostas pela cristologia pluralista. Mas o grande parceiro de Hick na teologia pluralista, o teólogo católico Paul Knitter, mostrou em trabalho realizado na metade dos anos 90, que a reflexão de Hick não pode ser necessariamente lida como uma “negação da divindade de Jesus ou do poder salvífico de Jesus”. O que ele realiza é uma reinterpretação desta divindade, de forma a não obstruir a possibilidade de percepção da presença salvadora de Deus também alhures.[13]  

       A grande controvérsia gira em torno da questão da possibilidade ou não de uma  reflexão teológica que sustente a idéia de Jesus como Deus encarnado sem necessariamente levar à reivindicação da superioridade do cristianismo. É uma das indagações levantadas por Graça no diálogo com João. Há de fato teólogos inclusivistas como Jacques Dupuis e Claude Geffré que acreditam e defendem tal possibilidade. Este último teólogo acredita que não é descartando o mistério da encarnação que se pode chegar a uma perspectiva dialogal. O que propõe é a superação de uma concepção ainda limitada da singularidade cristã:

Assim, em vez de recorrer a um teocentrismo geral, acho que é um aprofundamento do         mistério da encarnação que deve permitir-nos compreender como se pode manter a singularidade do mistério de Cristo, sua unicidade, sem fazer com esta unicidade conduza a uma espécie de imperialismo e de hegemonia do cristianismo em relação às outras religiões[14].

       John Hick reconhece a possibilidade de cristãos ortodoxos atuarem a sua perspectiva religiosa sem necessariamente adotar uma atitude arrogante e desrespeitosa com respeito aos crentes de outras tradições. Mas a sua interrogação decisiva gira em torno à “lógica das crenças”. Para ele, a lógica interna que acompanha a tradição cristã, o seu traço normativo, acaba suscitando uma compreensão e dinâmica de superioridade do cristianismo sobre as outras religiões. Um exemplo bem patente, no âmbito do catolicismo romano, é a Declaração Dominus Iesus, da Congregação para a Doutrina da Fé. Ao abordar a relação da igreja com as outras religiões, indica-se claramente que as outras religiões encontram-se objetivamente numa “situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles quena Igreja têm a plenitude dos meios de salvação”[15]. Para Hick, não há como romper uma semelhante lógica no interior de nenhuma forma de inclusivismo cristão.

       Na teologia pluralista das religiões defendida por Hick, amplia-se igualmente a compreensão de salvação, missão e diálogo. O que ele propõe é uma ampliação do olhar, para além do âmbito de uma tradição específica, de forma a poder captar o “otimismo cósmico” presente nas diversas tradições. As idéias de bondade, amor, compaixão não se restringem ao âmbito cristão, mas se estendem às diversas tradições religiosas. Apesar de marcadas por traços de ambiguidades, as religiões buscam por meandros diversificados a transformação humana radical, e nesse sentido são caminhos de salvação. Nenhuma religião particular pode, segundo Hick, sobressair-se com    o mais salvífica dos que as outras. O critério decisivo de sua autenticidade vem revelado pelos seus frutos morais e espirituais concretamente observáveis na dinâmica histórica. Na hipótese pluralista a antiga compreensão de missão, entendida como processo de conversão de todos ao cristianismo, não apenas perde sua plausibilidade como revela-se extremamente problemática no atual contexto da diversidade da família humana e de desafio em favor da paz. Para Hick a mensagem evangélica deve alimentar e aquecer o coração dos cristãos, mas não ser imposta como norma universal para todos. Em sua visão, o caminho mais produtivo para o momento atual não é o do proselitismo mas o do diálogo inter-religioso. Trata-se de um diálogo que não dissimula ou apaga as diferenças entre as religiões, mas que provoca em cada uma delas o exercício essencial de escuta mútua, aprendizado e recíproco enriquecimento. Hick reconhece que o momento atual tem suscitado uma sedução fundamentalista bem problemática, mas acredita que os sistemas diversificados de crença apresentam um real potencial de desenvolvimento criativo e de abertura para as mudanças. Não há outra saída senão a da partilha de idéias e o  intercâmbio de experiências, sempre animados pela cortesia espiritual, pela serenidade e gentileza. O diálogo não visa a afirmação de uma única religião global, mas o intercâmbio das diferentes respostas dadas pelas tradições religiosas ao mesmo Real. Para Hick, o que se espera do futuro não é a dissolução da diversidade religiosa, que é sempre uma riqueza, mas o exercício da reciprocidade inter-religiosa e seus desdobramentos no sentido da transformação e enriquecimento das tradições que estarão sempre mais ligadas por laços da amizade e fraternidade. Na parte final do livro, Jonh Hick prenuncia, num “salto de imaginação” o horizonte do cristianismo a partir do ano de 2056, quando então a visão pluralista poderá ganhar uma maior aceitação dentro do próprio cristianismo. Numa era mais pluralista haverá lugar e espaço para um maior intercâmbio espiritual, já que deixarão de existir os obstáculos e preconceitos que bloqueiam a abertura do olhar e do coração para a diversidade de fontes espirituais que pontuam as respostas humanas distintas ao horizonte maior do Mistério do Real.

       Desde o lançamento do volume de ensaios editado por John Hick intulado The Myth of God Incarnate (1977)[16], e sobretudo após a publicação do livro por ele organizado com Paul Knitter em favor de uma teologia pluralista das religiões[17], o meio eclesiástico e teológico cristão ficou profundamente abalado. As reações às teses pluralistas foram imeditas e diversificadas. As teses de John Hick ficaram associadas no imaginário exclusivista ou inclusivista dominante ao relativismo. Foram poucos os que se deram ao empenho intelectual de se debruçar sobre as inúmeras obras de John Hick para estabelecer com ele uma interlocução crítica e fecundante. Muitos se resumiram a leituras parciais ou deslocadas do contexto mais amplo de sua reflexão, ou mesmo se contentaram com leituras de segunda mão. Muitos preconceitos e visões apriorísticas acabaram dificultando ou impedindo o acesso preciso à reflexão de Hick. Um dos fervorosos defensores da reflexão deste autor, o teólogo Perry Schimidt-Leukel, tem buscado mostrar que grande parte das objeções feitas a Hick, estão fundadas numa “ignorância ou interpretação incorreta” de seu pensamento. Chega inclusive a pontuar que a sua posição pluralista não é incompatível, como muitos tendem a pensar, com as afirmações fundamentais da fé cristã.[18] Não se quer dizer que a reflexão e obra de Hick estejam isentas de problematização ou questionamento, mas que merecem um maior cuidado, uma atenção despojada para a sua devida avaliação. Os leitores devem ser convidados a uma leitura mais honesta e desarmada da reflexão proposta, de forma a favorecer o melhor entendimento das posições de John Hick. É necessário e urgente a abertura de um debate mais amplo no Brasil sobre o pluralismo religioso e a teologia pluralista das religiões. Nada mais sadio que um ambiente favorecedor de distintas percepções da fé cristã, que abrem o campo da interlocução e do diálogo teológico. Este é o convite que se faz ao leitor na apresentação de mais esta obra de John Hick, um autor ainda pouco conhecido em âmbito nacional. 



[1] Recentemente foi publicada sua auto-biografia: Jonh Hick, an autobiography. Oxford: Oneworld Publications, 2003.
[2]  A Filosofia da Religião, uma de suas obras mais antigas, foi traduzida no Brasil pela editora Zahar, e a Metáfora do Deus encarnado pela editora Vozes, cuja tradução foi realizada pelo mesmo autor da presente tradução, o professor Luis Henrique Dreher, do programa de pós-graduação em ciência da religião da UFJF. Há que registrar que um outro artigo de Jonh Hick,, sobre o caráter não absoluto do cristianismo, havia sido publicado na revista do mesmo programa no ano de1998 (Numen, v. 1, n. 1, jul-dez  1998).
[3] John Hick justifica no livro a manutenção do emprego da tipologia largamente usada no âmbito das teologias cristãs da religião, que classifica as posições em três: exclusivista, inclusivista e pluralista, reconhecendo as inúmeras variações que cada uma delas comporta.
[4] John Hick. A metáfora do Deus encarnado. Petrópolis: Vozes, 2004, p. 122.
[5] Ibn Arabî. Le livre de chatons des sagesses. Tome Premier. Beyrouth: Al-Bouraq, pp. 313-317; William C. Chittick. Mundos imaginales: Ibn al-Arabi y la diversidad de las creencias. Sevilla: Alquitara, 2003, pp. 280-281.
[6] Joseph Ratzinger. Situação atual da fé e da teologia. Atualização, n. 263, set/out 1996, p. 546. Jonh Hick e outros autores mostraram como muitas das críticas tecidas por Ratzinger ao “relativismo” da teologia pluralista das religiões estão fundadas unicamente em fontes secundárias e apresentam inexatidões. Cf. Monique Aebischer-Crettol. Vers un oecumenisme interreligieux. Paris: Cerf, 2001, p. 472, n. 3.
[7] Comissão Teológica Internacional. O cristianismo e as religiões. São Paulo: Loyola, 1997.
[8] Ibidem, n. 14, p. 15.
[9] Esta mesma questão já tinha sido objeto da reflexão do autor em livro anterior: cf. John Hick.  A metáfora do Deus encarnado, pp. 111-122.
[10] Como indica Hick, foi no Concílio de Nicéia “que pela primeira vez a Igreja adotou oficialmente, da cultura grega, o conceito não bíblico de ousia, declarando que Jesus, como o Deus Filho encarando, era homoousios toi patri, da mesma substância que o Pai”: John Hick. A metáfora do Deus encarnado, p. 66.
[11] John Hick. A metáfora do Deus encarnado, p. 66. Ver também, p. 55.
[12] John Hick. A metáfora do Deus encarnado, p. 26. Ver ainda pp. 16, 25, 32, 42 e 49.
[13] Paul Knitter. Una terra molte religioni. Assisi: Citttadella Editrice, 1998, pp. 69-70.
[14] Claude Geffré. Crer e interpretar. A virada hermenêutica da teologia. Petrópolis: Vozes, 2004, p.163.
[15] Congregação para a Doutrina da Fé. Declaração Dominus Iesus. São Paulo: Paulinas, 2000, p. 42, n. 22.
[16] John Hick. Il mito del Dio incarnato. Foggia: Edizione Bastogi, 1982 (a publicação original inglesa é de 1977).
[17] John Hick &  Paul F, Knitter (Eds). L´unicità cristiana: un mito? Per una teologia pluralista delle religioni.Assisi: Cittadella Editrice, 1984 (a publicação original inglesa é de 1987).
[18] Monique Aebischer-Crettol. Vers un oecuménisme interreligieux, p. 470.