terça-feira, 10 de novembro de 2015

Mística e Literatura - Apresentação

Mística e Literatura: Apresentação


Faustino Teixeira



Os tradicionais encontros de mística no Seminário da Floresta, iniciados naquele enigmático junho de 2011, foram ganhando uma densidade de mistério ao longo dos anos, com edições cada vez mais profundas e participadas. Sempre aquele núcleo restrito de pesquisadores e amigos, num clima de muito respeito e abertura. Isto talvez tenha dado o toque de singularidade desses encontros tão substantivos e que inauguraram uma atenção especial do mundo acadêmico brasileiro para o tema da mística. Nos últimos eventos, a abertura temática foi ganhando cidadania, envolvendo questões preciosas como a literatura e o cinema, mas literatura entendida num sentido lato, compondo campos de beleza impar.

Temas complexos e dolorosos estavam na pauta da reflexão, e também uma atenção atenta ao presente, com seus encantos e suas dores, com suas entradas e partidas. A mística, o cinema, a literatura nos fazem acordar para essa dinâmica da impermanência que marca o humano. Como assinala com pertinência Rilke, numa de suas Elegias de Duíno, “o que é nosso flutua e desaparece”[1]. Sem dúvida – ele assinala: “olhai, as árvores são; as casas que habitamos, resistem. Somente nós passamos, permuta aérea, em face de tudo. E tudo conspira para que silenciemos: o pudor, ou quem sabe que indizível esperança”[2]. O que o humano busca com insistência e teimosia é a “duração pura”, a sede implacável de captar “o Aberto”, mas o olhar – contaminado pelo ares do tempo – se vê revertido, incapaz de alçar tamanho voo. O espaço verdadeiramente livre, captado pelo “animal espontâneo” se perde entre outras aventuras. E com isso “ignoramos o que é contemplar um dia, somente um dia o espaço puro, onde, sem cessar, as flores desabrocham”[3]. A grande poeta brasileira, Dora Ferreira da Silva, ao comentar a oitava elegia, sublinha que as crianças e os moribundos “participam às vezes desse inefável”; também os amantes, “sentem por momentos ´a obscura presença e se espantam`”[4]. Envolvidos por suas carícias, “sutilmente protegem, retêm a duração pura”, mas se recolhem, temendo os sussurros do inaudito. Preferem permanecer alheios “no turbilhão da volta a si mesmos”.

A mística, a literatura e a poesia em especial, sabem também celebrar a afirmação da vida e entoar “o canto imortal de Zaratustra”. A dor está aí, com sua inquietante fluidez, mas “a alegria é ainda mais profunda”. Tudo se alinha para nos fazer acordar a consciência de que “estar aqui é esplendor”. E surpresos somos convidados a celebrar a melodia das coisas: as manhãs de estio, o fulgor das auroras, os dias ternos junto às flores, a luz dos campos nas tardes inesquecíveis,  “as grandes noites de verão, e as estrelas, as estrelas da terra!”. Todos somos convocados a ouvir: “Uma simples coisa aqui percebida, valerá o infinito” (Rilke). Tanto a mística como a literatura são portas de entrada para essa alegria: de “nos perdermos no cotidiano para encontrar o maravilhoso” (Octávio Paz).

Esta a razão mais forte e viva de pensar em mais um volume de textos que recolhem os temas debatidos nos últimos seminários de mística. Aliás, o quarto volume, que vem coroar um trabalho que transbordou uma década. O livro compõe-se de dezesseis textos, precedidos de um prefácio de Marco Lucchesi, que fala sobre a singularidade dos encontros realizados naquele recanto tão especial da periferia de Juiz de Fora: seminários “inquietos” e “fascinantes”, vividos num clima muito diverso daquele encontrado nas tradicionais instituições acadêmicas. Daí seu traço inaugural.

Num primeiro bloco, dois textos trazem um pouco de sabedorias aprendidas do Oriente, de uma literatura que bebe nas águas do Zen Budismo. O ensaio de Faustino Teixeira – Passos da realização espiritual: o boi e o pastor (1) – busca trabalhar o tema da espiritualidade com base numa série de imagens clássicas presentes no repertório da escola Zen florescida no Japão desde o século XII. O ensaio de José Carlos Michelazzo – Mística e experiência pura (2) – visa apresentar o diálogo entre a filosofia ocidental e o Zen budismo, tendo por referência o pensamento de Kitarô Nishida, e a noção base de sua reflexão: a experiência pura. Esse grande pensador, lume da Escola de Kyoto, almejou um diálogo profícuo do Ocidente com o Oriente, num caminho de síntese marcado pela comunhão entre reflexão e intuição, com o foco na palavra “experiência”.

Num segundo bloco, três textos destacam a reflexão filosófica em torno da mística. O ensaio de José Carlos Michelazzo – As habitações do humano como expressões do tempo  (3) – aborda os três modos de pensar e existir com respeito ao problema do tempo: o modo antropocêntrico, relacionado com o pensamento metafísico; o modo existencial, que já envolve um certo acolhimento da impermanência; o modo numinoso, que traduz um “abismo” substantivo na reflexão sobre o tema, em direção a uma experiência religiosa radical, de ultrapassagem do antropocentrismo. O desenvolvimento temático é realizado com o aporte das reflexões de Martin Heidegger e Dôgen, o fundador do Soto Zen. No ensaio de Carlos Roberto Drawin – Heidegger e a confrontação com a religião (4) – ele visa trabalhar a delicada questão da relação de Heidegger com a metafísica, evitando o nebuloso caminho trilhada pela “vulgata ´pós-metafísica`”. No desenvolvimento dessa questão, trata dos diversos momentos que marcaram o posicionamento de Heidegger com respeito à questão religiosa. O ensaio de Luiz Felipe Pondé – filosofia mística mínima (5) – trata da abordagem mística em Georges Bernanos, em particular o modo peculiar como ele desenvolve a relação entre o corrosivo vazio da alma e a misericórdia de Deus. Como indica Pondé, talvez um dos maiores enigmas associados às visitações místicas “seja essa parceria entre a fraqueza absoluta e a beleza absoluta”. Trata-se de um tema recorrente na abordagem filosófica de Pondé, a presença da Misericórdia: “a sensação de que o mundo é sustentado pelas mãos de uma beleza que é também uma presença que fala”.

Num terceiro bloco de ensaios, destaca-se a reflexão sobre alguns místicos importantes da tradição ocidental. Inicialmente, o trabalho de Luciana Ignachiti Barbosa – Tecendo palavras (6) -, em torno da literatura em Teresa de Jesus. Como objetivo, destacar o caminho literário percorrido por Teresa para descrever sua experiência de amor. Um caminho que para ela sempre esteve animado por uma “experiência” colhida diretamente na presença do Mistério. No ensaio de Sibélius Cefas Pereira – Descansar no inexprimível – (7), ele visa apresentar a articulação entre poesia e contemplação na obra de Thomas Merton. Já dizia William Blake, que fomos “colocados na terra por um pequeno espaço de tempo para podermos aprender a suportar os raios do amor”. Para Thomas Merton, a contemplação jamais vem percebida como uma área separada da vida, ou deslocada da visada estética. Em verdade, a contemplação é o traço de integração da vida, animado por viva  inspiração poética. Em proximidade com a visada poética, o olhar contemplativo é capaz de penetrar “para além da superfície das coisas e dos acontecimentos, a fim de apreender algo do sentido interior ´sagrado` do cosmos”[5], de sua realidade espiritual. Ainda sobre Thomas Merton, o ensaio de Marcelo Timotheo da Costa – Sublimes experiências (meta) históricas (8), com o relato de duas viagens realizadas por Merton em Roma e Cuba, nas décadas de 1930 e 1940. São experiências de forte densidade mística, descritas na clássica obra A montanha dos sete patamares, de 1948, associadas “a desígnios intangíveis providenciais”. Em linha de grande sintonia com Merton, a presença de uma mística bem singular, Etty Hillesum, que morreu em plena juventude no campo de Auschwitz, em novembro de 1943. Sua vida foi um ininterrupto colóquio com Deus, e em circunstâncias que foram sendo pontuadas por sombras cada vez mais densas. Em razão de profundas reservas espirituais interiores, soube manter sempre acesa a chama de Deus. Dizia em página de seu diário: “Haverá sempre um pedaço de céu para poder olhar, e muito espaço dentro de mim para unir as mãos em oração”[6]. Essa jornada espiritual de Etty Hillesum vem destacada por Mariana Ianelle em sua reflexão sobre O livro das horas de Etty Hillesum (9), pontuando as marcas de Rilke e as ressonâncias inter-religiosas em sua espiritualidade

            Em outro bloco de reflexões, as abordagens focam-se agora na literatura brasileira. Primeiramente, o ensaio de Cleide Maria de Oliveira – Incorpóreo é o desejo (10), visa trabalhar o erotismo místico de Hilda Hilst. A autora apresenta com maestria o “apelo erótico-amoroso” da poeta brasileira, e o caminho por ela traçado para responder a equação Deus-Mundo. Na sequência, o ensaio de Maria Clara Luccheti Bingemer – Iniciação e paixão (11) -, onde busca tratar a tensão dialética entre Eros e Agape em dois romances de Clarice Lispector: Paixão segundo GH e Uma aprendizagem ou O livro dos prazeres. No ensaio de Alex Villas Boas – Com licença poética (12) -, o objetivo é descrever a recepção estética da obra de Drummond na poética de Adélia Prado.

            Em bloco final de ensaios, outros temas emergem como significativos, como no caso da abordagem de Rodrigo Petronio, que busca apresentar a questão do Niilismo e transcendência no cinema oriental (13). Trata-se para ele de uma “corrente subterrânea” que envolve a cinematografia oriental. Os cineastas japoneses, chineses, coreanos e sul-asiáticos partem, assim, do niilismo – entendido como marco do processo modernizador – e através dele conseguem “atingir a outra margem e tocar a outra face do nada: a transcendência”. Um exemplo vivo disso, apresentado por Rodrigo, está no filme A partida, de Yojiro Takita, premiado no Oscar de 2009. No ensaio seguinte – Leituras da morte e da beleza (14) -, Marcus Reis Pinheiro busca responder ao desafio de pensar uma linguagem distinta para tratar o misterioso e angustiante jogo de Eros e Thánatos. O tema vem trabalhado com o aporte de obras de Philip Roth e Platão (O animal agonizante e Fedon).  O ensaio de Eduardo Guerreiro B. Losso – Prática espiritual na poesia: origens da modernidade (15) -, visa trazer para o leitor o valor do legado ascético para a literatura, entendido como singularidade de uma “práxis vital”, fornecendo um aporte importante a uma estética da existência contemporânea. Como indicou Eduardo Losso, a prática da contemplação ganha uma singularidade especial, pois “mobiliza uma atividade extremamente ativa da percepção, precisamente dando atenção ao movimento da atividade perceptiva, em estado de silêncio (...). O objeto se torna motivo de um trabalho de si”.  A contemplação fornece, assim, um significativo contraponto para a “constância avassaladora da distração generalizada por meio de estímulos audiovisuais” presente no tempo atual. Por fim, o breve ensaio de Faustino Teixeira – Luzes do Sinai no Subsolo (16) -, busca apresentar algo sobre a presença mística na reflexão de Luiz Felipe Pondé. De forma mais precisa, o jogo que articula o seu “ceticismo antropológico” com as imprevistas visitas da Misericórdia divina.

            A variedade de recortes temáticos que envolvem esse livro é a expressão viva da riqueza plural dos diversos seminários de mística de Juiz de Fora, que ao longo de mais de uma década reuniu pesquisadores e estudantes de mística de várias partes do Brasil, provenientes de diferentes áreas acadêmicas, fornecendo um “toque” singular e novidadeiro aos estudos de mística realizados no mundo acadêmico brasileiro. E que essa obra, na sequências das outras publicadas nessa mesma editora, seja um estímulo a mais para a continuidade das reflexões e  pesquisas sobre o tema em nosso país.


(Faustino Teixeira (Org). Mística e Literatura. São Paulo/Juiz de Fora: Fonte Editorial/PPCIR, 2015)



[1] Rainer Maria RILKE. Elegias de Duíno. 6 ed. São Paulo: Globo, 2013, p. 21 (Segunda Elegia).
[2] Ibidem, p. 21-22.
[3] Ibidem, p. 67 (Oitava Elegia).
[4] Ibidem, p. 116.
[5] Thomas MERTON. Poesia e contemplação. Rio de Janeiro: Agir, 1972, p. 196.
[6] Etty HILLESUM. Diario. Edizione integrale. Milano: Adelphi, 2012, p. 718.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Nos caminhos da não dualidade

Nos caminhos da não dualidade


Faustino Teixeira


É motivo de grande alegria poder apresentar esta obra de Clodomir Barros de Andrade sobre o budismo e a filosofia indiana antiga. Somos companheiros de trabalho no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora, e pude ter o privilégio de participar de sua banca de doutorado, que está na origem do presente trabalho. Há que registrar o dado inaugural e promissor dos estudos sobre a Índia, sua cultura, filosofias e religiões no campo acadêmico brasileiro. Um novo âmbito de reflexão que vem quebrar o empobrecedor desinteresse acadêmico que moveu a Universidade Brasileira nessa área de estudos até recentemente. O livro de Clodomir insere-se, assim, no rico trabalho que vem sendo desenvolvido em núcleos de pesquisa nacionais envolvendo o tema das Religiões e Filosofias da Índia.

O trabalho aqui apresentado é fruto de mais de três décadas de reflexão do autor sobre o tema, trazendo uma contribuição rica e inovadora. O objetivo é bem claro: apresentar para o leitor duas pedagogias soteriológicas que nasceram em ambiente comum e que expressam duas das mais importantes e influentes tradições sapienciais presentes em nosso tempo. São tradições marcadamente dialogais e não dualistas, que trazem, sem dúvida alguma, novas e relevantes inspirações para o trabalho acadêmico brasileiro.

A marca da não-dualidade está vivamente presente nos projetos soteriológicos e terapêuticos indianos, em particular nos ambientes marcados pela presença upanixádica e budista. A soteriologia vem aqui entendida sobretudo como um método, ou seja, como um conjunto de expedientes  que objetivam “criar as condições de possibilidade para a realização de uma unicidade ontológica fundamental que, numa linguagem ocidental, poder-se-ia designar por uma experiência mística.”[1] O que Clodomir busca evidenciar na sua reflexão é esse traço singular da filosofia na Índia, sempre marcada pela dinâmica espiritual. Serve-se do apoio de autores como Pierre Hadot, para o qual a filosofia apresenta-se como um modo de vida e uma arte de viver. Para este autor, muitas das religiões tradicionais, como o budismo ou o taoísmo, indicam para os seus adeptos “um modo de vida filosófico que comporta exercícios espirituais.”[2]

Na clássica obra de Clemente de Alexandria, Stromata, ele assinala que a filosofia floresceu entre os “bárbaros” e gentios. Dentre os iniciadores, menciona os gymnosophistas (ascetas e religiosos indianos) e os seguidores da doutrina de Buda.[3] Em comentário a essa reflexão, o estudioso francês, Michel Fédou, assinala que a compreensão de filosofia para o alexandrino não se resumia a “sistemas de pensamento”, mas envolvia igualmente doutrinas que poderíamos hoje qualificar de religiosas.[4]

Como indica Clodomir, o modo de se conceber a racionalidade na Índia é distinta do que ocorre no Ocidente. É algo que está a serviço de um bem superior. A reflexão sistemática está subordinada à soteriologia, ou seja, ao “esforço constante de uma transformação e aprimoramento humano através de um encaminhamento que objetivava ressaltar os aspectos práticos em detrimento dos puramente teóricos e especulativos (...).[5] No caso das soteriologias escolhidas, a upanixádica e a budista, o caminho de afirmação da não dualidade. No âmbito indiano, razão e espiritualidade nunca se digladiaram. O que no Ocidente vem identificado como caminho místico, de busca da unicidade, na Índia refere-se ao horizonte de uma específica metodologia soteriológica.

O livro busca apresentar os dois modelos não dualistas, o da imanência de brahman (a não dualidade do um) e o da vacuidade, interdependência e insubstancialidade (a não dualidade do zero). De forma bem didática, o desenvolvimento da reflexão envolve três momentos. Na primeira parte, com um único capítulo, busca-se apresentar o caminho védico original e a tradição soteriológica dos Upanixades, bem como o ensinamento do budismo primitivo. Na segunda parte, busca-se delinear os traços da não dualidade na tradição vedântica, bem como o caminho soteriológico presente nos Upanixades, com destaque para a modalidade dialógica presente na relação discipular. Na terceira parte, visa-se apreender o passo da não dualidade nos sutra que animam e informam a tradição budista, e também a terapia soteriológica budista expressa no caminho óctuplo.

            Como ponto de destaque na reflexão de Clodomir, a sua apresentação da noção essencial de originação interdependente (pratityasamutpada), um conceito nuclear em torno ao qual gravitam os demais conceitos do budismo. Esse tema vem proposto na primeira parte do livro, quando se aborda o budismo primitivo, ganhando desenvolvimento na terceira parte, no capítulo quarto, com o tema da não dualidade nos sutra (advaya). Como aponta o autor, citando uma passagem do principal companheiro de Buda, Ananda: “Aquele que vê a originação interdependente (pratityasamutpada) vê o dharma.[6] Este precioso conceito, que expressa o cerne da experiência budista, firma-se como “um poderoso instrumento de análise ontológica, epistemologica e praxis soteriológica”. Quer sublinhar a inserção de todas as coisas numa teia causal. Tudo o que existe está interligado. E esta percepção de uma interdependência exerce um importante influxo operativo, como também mostrou Clodomir em seu trabalho: “A interdependência procura sensibilizar os seres humanos para a necessidade do cultivo de laços de uma solidariedade simbiótica e global com todas as criaturas.”[7] Há um nexo profundo que vincula a originação interdependente com o ideal do altruismo e da compaixão (karuna).

            O trabalho de Clodomir nos ajuda a compreender que o caminho soteriológico destas duas tradições, a vedântica e budista, não são assim tão distintas, mas expressam uma fina sintonia no âmbito da busca da não dualidade. Como expressa o autor: “Parece ser o caso de que uma tradição nos aponta, para além da linguagem, o um das coisas, brahman e, como caminho, o atman; a outra, o precário equilíbrio do balé interdependente e insubstancial das coisas, este ´zero` das coisas, um concerto, e não o nada, para além das concepções tanto substancialistas quanto niilistas (…).”[8] As duas tradições apontam, num limiar que avança para além da linguagem, a algo que poderíamos identificar como experiência mística. Um caminho soteriológico que transforma substancialmente o olhar, indicando a possibilidade de ver o mundo por um prisma novo, do moksa para, com a mirada do nirvana (paramartha).

            Sem dúvida, estamos diante de um trabalho pioneiro, que vem impulsionar o campo da reflexão em curso nas ciências da religião no Brasil, nos núcleos de estudos que frutificam e nos grupos temáticos que enriquecem os encontros que se realizam hoje nessa área. Trata-se de um trabalho essencial para a academia brasileira, que abre uma perspectiva nova, de um olhar que se volta com atenção e competência para as Índias, trazendo novas inspirações e inusitados aprendizados.

(Publicado em: Clodomir Andrade. Budismo e a filosofia indiana antiga. São Paulo/Juiz de Fora: Fonte Editorial/PPCIR, 2015, p. 15-17)
           
           




[1] Veja p. 21.
[2] Pierre Hadot. La filosofia como modo di vivere. Torino: Einaudi, 2008, p. 52.
[3] Clemente Alessandrino. Gli Stromati. Note di vera filosofia. Milano: Paoline, 1985, p. 134-135 (Stromati I, 15,71).
[4] Michel Fédou. Les religions selon la foi crhétienne. Paris: Cerf, 1996, p. 39.
[5] Veja p. 15.
[6] Veja p. 147.
[7] Veja p. 155.
[8] Veja p. 216.